CPI da Varig: ex-empregados querem ler e propor alteração em relatório
A sessão na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro ocorreu um dia após o Metrópoles mostrar o calvário dos ex-funcionários da empresa
atualizado
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A pedido de ex-trabalhadores, o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Varig, deputado estadual Paulo Ramos (PDT-RJ), decidiu que um grupo de ex-empregados da empresa será constituído para fazer a leitura do pré-relatório da CPI e apontar possíveis alterações no texto. A ideia, segundo o parlamentar carioca, é que o documento final seja apresentado no fim de agosto, em consonância com os anseios dos ex-funcionários da companhia falida em 2006.
A sessão de apresentação do pré-relatório da CPI, realizada nesta terça-feira (7/8), na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), ocorreu um dia após reportagem especial do Metrópoles mostrar o calvário de pessoas que dedicaram anos à antiga gigante dos ares e foram demitidas sem receber centavo algum em indenizações trabalhistas.
Além da Varig, o portal abordou as agruras vividas por ex-colaboradores da Transbrasil e da Vasp, fechadas em 2001 e 2005, respectivamente.
Durante a sessão, Paulo Ramos apresentou o vídeo feito pelo Metrópoles aos presentes e ressaltou a contribuição do conteúdo jornalístico ao dar voz ao calvário daqueles mandados para o olho da rua sem qualquer amparo. “O Metrópoles fez uma importante matéria abordando o drama humano experimentado por muitos. Este vídeo serve para que todos compreendam a dimensão do problema e mostra a força de vocês para continuarem lutando”.
Veja:
Para o deputado Tio Carlos (SD-RJ), os relatos publicados pela reportagem refletem o que passam os ex-trabalhadores das companhias aéreas falidas. “Assim como os depoimentos deste vídeo, outros tantos poderiam ser dados, porque a dor é a mesma. Infelizmente, este é o quadro colocado. Muitos morreram por pura covardia”, observou.
O vice-presidente da Associação de Pilotos da Varig (Apvar), Élnio Borges Malheiros, mostrou confiança com os rumos da investigação conduzida pelo parlamento carioca. “Foi uma articulação de estado para destruir o que foi a 15ª empresa aérea do mundo. Agora, vamos ler o pré-relatório para saber se faremos mais alguma menção”, declarou.
Assista, na íntegra, o vídeo feito para a reportagem especial do Metrópoles:
Calote
Essa é a segunda comissão parlamentar instaurada na Alerj para acompanhar a situação da Varig. Em 2007, uma CPI investigou as circunstâncias da falência da companhia, que acumulou R$ 10 bilhões em débitos, dos quais R$ 2 bilhões com seus ex-empregados.
Os demitidos da empresa, contudo, não são os únicos a lutarem por seus direitos. Segundo levantamento do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) e do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2), em São Paulo, há 7.191 processos trabalhistas em tramitação contra as três antigas gigantes da aviação civil brasileira. A Vasp é acionada em 4.315 deles; a Varig, em 2.050; e a Transbrasil, em 826.
Juntas, as três devem mais de R$ 3 bilhões, em valores atualizados, somente aos ex-funcionários dispensados. Se forem considerados débitos com fornecedores, fundos de pensão e impostos não pagos ao governo, o montante beira os R$ 20 bilhões.
Confira imagens do especial:
Penúria
Na matéria especial, o Metrópoles narra histórias de ex-empregados das três companhias que passaram a viver de bicos ou subempregos para terem alguma renda. É o caso do ex-comissário da Varig João Ricardo Motta, 53 anos, que hoje vende churrasquinho na esquina de casa, no subúrbio do Rio de Janeiro, a fim de conseguir pagar as contas. Já o ex-colaborador da Vasp Bruno Capocannoli, 61, migrou para o campo da gastronomia e atualmente comercializa docinhos italianos caseiros.