Na CPI, GDias diz que ações da PMDF “não foram eficazes” no dia 8/1
GDias era chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República à época dos ataques às sedes dos Três Poderes
atualizado
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A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8/1 no Congresso Nacional está ouvindo, nesta quinta-feira (31/8), o general Gonçalves Dias, conhecido como GDias. O militar era chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República na época dos ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília. Em suas primeiras declarações, ele afirmou que os policiais militares do DF “não foram eficazes” nas ações.
“Naquele dia foram cometidas agressões impensáveis à democracia brasileira”, apontou GDias. “Foi um ataque inimaginável para todos nós que somos democratas”, continuou.
Segundo ele, todos os “esforços e ações” que estavam ao alcance dele para “mitigar sangue” foram feitos. Mas houve “inações da PMDF, que não foram eficazes no cumprimento das atividades sob sua responsabilidade previstas no protocolo levou àqueles eventos”, analisou o militar.
“Informações divergentes me foram passadas por contatos diretos meus, Saulo Cunha e general Penteado. Essas informações divergentes me foram passadas na manhã do dia 8 e culminaram na minha decisão de ir pessoalmente ver como estava a situação”, contou GDias.
Acompanhe:
A oitiva de GDias começou às 9h desta quinta. O depoimento era desejado pela oposição no colegiado, que busca maneiras de associar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aos atos golpistas. Essa é uma das poucas vitórias de oposicionistas na comissão, já que a maioria dos depoimentos têm afetado negativamente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados.
Investigações apontam que o general teria sido alertado sobre o risco de invasões antes dos ataques. Além disso, ele está na mira da oposição por ter pedido a retirada do próprio nome de um relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O documento seria enviado à Comissão das Atividades de Inteligência do Congresso.
Na última semana, André Callegari, advogado que lidera a defesa, afirmou que GDias “responderá e esclarecerá os fatos relativos ao dia 8/1, desde que dentro dos limites do seu conhecimento, e que não fiquem fora do objeto da CPMI.” A defesa também recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF). E o ministro Cristiano Zanin autorizou, nessa quarta-feira (30/8), que GDias fique em silêncio durante seu depoimento.
A decisão de Zanin, no entanto, restringe a proteção dada ao militar apenas “no que tange ao indispensável para o exercício do direito constitucional, já que não é obrigado a se autoincriminar e produzir provas contra si próprio”.
“Por conseguinte, o paciente não está dispensado de responder a indagações objetivas e que não tenham relação com esse conteúdo, pois, quanto às demais formulações não inseridas na proteção constitucional, todos possuem a obrigação de não faltar com a verdade”, esclarece.
Câmeras de segurança captaram GDias
Gonçalves Dias apareceu em imagens divulgadas pela emissora CNN durante a invasão de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao Palácio do Planalto, em 8 de janeiro. O militar foi anunciado pelo por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em dezembro de 2022, para chefiar a pasta. Ele deixou o posto em 19 de abril.
O Gabinete de Segurança Institucional é um dos órgãos que compõem a Presidência da República, responsável pela assistência direta e imediata ao presidente em assuntos militares e de segurança.
Peça-chave
O depoimento de GDias é muito aguardado pelos parlamentares de oposição que o enxergam como peça-chave para esclarecer as providências adotadas e de que forma o governo federal conduziu as investigações.
A convocação do militar foi objeto de aproximadamente 100 requerimentos. No início dos trabalhos, a CPMI chegou a rejeitar o depoimento do ex-ministro, mas, em junho, um acordo viabilizou a aprovação dos pedidos.
GDias já havia prestado depoimento à CPI da Câmara Legislativa do DF, que também investiga os ataques antidemocráticos, ele negou ter sido conivente com os golpistas que invadiram o Palácio do Planalto. O general também negou ter adulterado relatórios da Abin que foram enviados ao Congresso Nacional, ao Ministério Público Federal e ao Ministério Público Militar. A oitiva ocorreu em 22 de junho.