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Covid: Sociedade de Pediatria rebate Bolsonaro sobre morte de crianças

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, número de mortes de crianças pelo coronavírus não está em patamares aceitáveis

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1 de 1 vacina criança - Foto: Luis Alvarez/Getty Images

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou manifesto no qual rebate o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, sobre a vacinação de crianças contra a Covid-19. O titular da pasta e o presidente afirmaram que é baixo o número de mortes decorrentes do coronavírus nesse público e, por isso, não são necessárias “decisões emergenciais”.

“Estão morrendo crianças de 5 a 11 anos para justificar algo emergencial? É pai que decide, em primeiro lugar”, assinalou Bolsonaro, na sexta-feira (24/12), quando questionado sobre a aplicação do imunizante nessa faixa etária. O presidente tem uma filha de 11 anos — Laura.

“Os óbitos de crianças estão absolutamente dentro de um patamar que não implica decisões emergenciais. Ou seja, isso favorece que o ministério possa tomar uma decisão baseada na evidência científica de qualidade, na questão da segurança, na questão da eficácia e da efetividade”, afirmou o ministro, um dia antes.

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A vacina é específica para crianças e tem concentração diferente da utilizada em adultos. A dose da Comirnaty equivale a um terço da aplicada em pessoas com mais de 12 anos
A tampa do frasco da vacina virá na cor laranja, para facilitar a identificação pelas equipes de imunização e também por pais, mães e cuidadores que levarão as crianças para receberem a aplicação do fármaco
Desde o início da pandemia, mais de 300 crianças entre 5 e 11 anos morreram em decorrência do coronavírus no Brasil
Isso corresponde a 14,3 mortes por mês, ou uma a cada dois dias. Além disso, segundo dados do Ministério da Saúde, a prevalência da doença no público infantil é significativa. Fora o número de mortes, há milhares de hospitalizações
De acordo com a Fiocruz, vacinar crianças contra a Covid é necessário para evitar a circulação do vírus em níveis altos, além de assegurar a saúde dos pequenos
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A Anvisa aprovou, em 16 de dezembro, a aplicação do imunizante da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos. Para isso, será usada uma versão pediátrica da vacina, denominada Comirnaty

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A vacina é específica para crianças e tem concentração diferente da utilizada em adultos. A dose da Comirnaty equivale a um terço da aplicada em pessoas com mais de 12 anos

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A tampa do frasco da vacina virá na cor laranja, para facilitar a identificação pelas equipes de imunização e também por pais, mães e cuidadores que levarão as crianças para receberem a aplicação do fármaco

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Desde o início da pandemia, mais de 300 crianças entre 5 e 11 anos morreram em decorrência do coronavírus no Brasil

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Isso corresponde a 14,3 mortes por mês, ou uma a cada dois dias. Além disso, segundo dados do Ministério da Saúde, a prevalência da doença no público infantil é significativa. Fora o número de mortes, há milhares de hospitalizações

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De acordo com a Fiocruz, vacinar crianças contra a Covid é necessário para evitar a circulação do vírus em níveis altos, além de assegurar a saúde dos pequenos

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Contudo, desde o aval para a aplicação da vacina em crianças, a Anvisa vem sofrendo críticas de Bolsonaro, de apoiadores do presidente e de grupos antivacina

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Para discutir imunização infantil, o Ministério da Saúde abriu consulta pública e anunciou que a vacinação pediátrica teria início em 14 de janeiro. Além disso, a apresentação de prescrição médica não será obrigatória

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Inicialmente, a intenção do governo era exigir prescrição. No entanto, após a audiência pública realizada com médicos e pesquisadores, o ministério decidiu recuar

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De acordo com a pasta, o imunizante usado será o da farmacêutica Pfizer e o intervalo sugerido entre cada dose será de oito semanas. Caso o menor não esteja acompanhado dos pais, ele deverá apresentar termo por escrito assinado pelo responsável

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Além disso, apesar de não ser necessária a prescrição médica para vacinação, o governo federal recomenda que os pais procurem um profissional da saúde antes de levar os filhos para tomar a vacina

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Segundo dados da Pfizer, cerca de 7% das crianças que receberam uma dose da vacina apresentaram alguma reação, mas em apenas 3,5% os eventos tinham relação com o imunizante. Nenhum deles foi grave

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Países como Israel, Chile, Canadá, Colômbia, Reino Unido, Argentina e Cuba, e a própria União Europeia, por exemplo, são alguns dos locais que autorizaram a vacinação contra a Covid-19 em crianças

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Nos Estados Unidos, a imunização infantil teve início em 3 de novembro. Até o momento, mais de 5 milhões de crianças já receberam a vacina contra Covid-19. Nenhuma morte foi registrada e eventos adversos graves foram raros

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A decisão do Ministério da Saúde de prolongar o intervalo das doses do imunizante contraria a orientação da Anvisa, que defende uma pausa de três semanas entre uma aplicação e outra para crianças de 5 a 11 anos

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No comunicado, a SBP contesta a versão do ministro e de Bolsonaro: “O número de hospitalizações e de mortes motivadas pela Covid-19 na população pediátrica, de forma geral, incluindo o grupo de crianças de 5 a 11 anos, não está em patamares aceitáveis. Infelizmente, as taxas de mortalidade e de letalidade em crianças no Brasil estão entre as mais altas do mundo”.

A entidade destaca que mais de 2,5 mil crianças de zero a 19 anos faleceram por Covid-19 no país. Mais de 300 tinham de 5 a 11 anos.

“A Covid-19 em crianças pode ainda ocasionar a chamada Síndrome Inflamatória Multissistêmica, um quadro grave de tratamento hospitalar e que se manifesta semanas após a infecção pelo SARS-CoV-2. Também já foram confirmados mais de 1,4 mil casos desta síndrome em crianças no país, com mediana de idade de 5 anos, com efeito letal em pelo menos 85 crianças e sequelas neurológicas, cardiovasculares e respiratórias em muitas outras”, argumenta a nota.

“Ignorar este fato, minimizar sua importância e afirmar que elas são aceitáveis não são atitudes esperadas das autoridades. A sociedade espera e merece outro tipo de postura e de compromisso com a saúde das crianças e adolescentes do Brasil”, conclui o comunicado.

Consulta pública

O Ministério da Saúde realiza consulta pública, até 2 de janeiro, sobre a vacinação de crianças de 5 a 11 anos. A plataforma registra instabilidades, e organizações se manifestam contra a forma de conduzir a inclusão do público no Programa Nacional de Imunizações (PNI).

Ministério da Saúde alterou a plataforma de realização da consulta pública sobre vacinação para crianças contra a Covid-19. O órgão informou que foi necessário migrar a ferramenta para o site gov.br.

A consulta teve início na noite de quinta-feira (23/12) e apresentava instabilidade até a publicação desta reportagem.

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