Covid: Prevent Senior teve maior letalidade em redes pública e privada
Rede Sancta Maggiore teve taxa de mortalidade maior que Hospital das Clínicas, que só recebe pacientes graves. Estudo foi apresentado em CPI
atualizado
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São Paulo – Um estudo da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que a taxa de mortalidade por Covid-19 na rede Prevent Senior foi maior que em outros hospitais da rede privada e da rede pública de São Paulo. A pesquisa foi divulgada na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a empresa na Câmara Municipal.
O médico Paulo Hilário Nascimento Saldiva, do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da USP, apresentou o estudo, elaborado por um grupo multidisciplinar de pesquisadores da universidade.
Os cientistas analisaram dados da base do SIVEP-Gripe de internações e óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) causada por Covid-19. A pesquisa visava entender o desempenho dos hospitais no tratamento da doença.
Os centros médicos foram analisados entre 1º de janeiro de 2020 e 15 de novembro de 2021 e classificados em públicos, privados e híbridos – que atendem às duas modalidades.
Entre os privados, estavam os hospitais Albert Einstein, Sírio-Libanês e Oswaldo Cruz, considerados de alto custo, as unidades do Sancta Maggiore, da Prevent Senior, e demais privados de baixo custo. O Hospital Santa Marcelina é o único híbrido.
No período, foram registradas 166.994 internações por Covid-19 na capital. Deste total, 23% dos pacientes morreram. Além disso, 34% dos pacientes passaram por tratamento intensivo e 40% dos que precisaram de UTI morreram.
Segundo a pesquisa, o Sancta Maggiore apresentou índice de letalidade 38,6%, enquanto no Hospital das Clínicas a taxa foi de 32,5%, e no Hospital São Paulo foi de 32%. Já os outros hospitais públicos em geral apresentaram taxa de mortalidade de 26,9%, enquanto nos privados o índice foi de 17,3%. Nos hospitais de alto custo, a chance de morrer por Covid foi de 9,3% no Oswaldo Cruz, 9% no Albert Einstein e 8,5% no Sírio Libanês.
Saldiva destacou que o comportamento da Prevent Senior se mostrou pior que o do Hospital das Clínicas, que recebe os casos mais graves. “Você chega lá de helicóptero, de ambulância, não chega andando no Hospital das Clínicas. Você chega pela Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde (CROSS)”, explicou.
“São os casos que precisam de diálise, de circulação extracorpórea, são os casos que estão mais avançados. E a Prevent Senior teve um comportamento parecido com o HC”, afirmou.
Em nota, a Prevent Senior disse não ter tido acesso ao estudo, apesar de tê-lo solicitado ao pesquisador Paulo Saldiva.
“Os dados apresentados na Câmara são incompletos, como reconheceu o pesquisador em seu depoimento à Câmara de Vereadores, porque um paciente sequer foi examinado pelos autores do levantamento, o que deveria ter sido feito para avaliar comorbidades e situações específicas que levaram aos óbitos em todas as unidades avaliadas – tanto as da Prevent quanto em outros hospitais. A Prevent Senior reafirma que os índices dos hospitais da operadora são melhores que a média estadual, conforme já informado às autoridades. Em suma, o estudo produzido pelo pesquisador foi feito com base em premissas incompletas, para dizer o mínimo”, afirmou a empresa.