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Covid põe 1.320 pessoas na fila de cirurgias eletivas suspensas em GO

Estado repassa ao Metrópoles levantamento oficial dos tipos de procedimentos com mais demanda e que serão remarcados por causa da pandemia

atualizado

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Vinícius Schimidt/Metrópoles
Paciente à espera de cirurgia eletiva em Goiás
1 de 1 Paciente à espera de cirurgia eletiva em Goiás - Foto: Vinícius Schimidt/Metrópoles

Goiânia – O desgaste ósseo faz uma intensa dor se espalhar do quadril para todo o restante do corpo do comerciante Antônio Clarete da Silva, de 60 anos. Desde janeiro, ele enfrenta um martírio em busca de cirurgia para colocar prótese. Até o momento, é uma luta em vão, e o sofrimento dele não tem data para acabar.

O caso do idoso não é isolado. Em Goiás, o surto da pandemia já fez as autoridades de saúde suspenderem ao menos 1.320 cirurgias eletivas, como a do idoso, considerando também as que seriam realizadas por meio de plano de saúde dos servidores estaduais.

“Sinto muitas dores, estou andando mais na base do analgésico e mancando muito porque não suporto esse sofrimento”, disse Antônio, enquanto se arrasta de um lado para o outro com ajuda de uma muleta.

Ele contou que entrou em contato com o Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer), unidade da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (Sesgo), e teve uma resposta ainda mais desoladora. “Liguei lá, e disseram que não vão fazer cirurgia enquanto estiver na pandemia”, lamentou, sem esconder a tristeza.

Sem previsão geral

Os pacientes na fila de procedimentos não emergenciais deverão aguardar nova data após diminuir a crescente ocupação de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) para pacientes com Covid, que, desde a última semana, está acima de 95%.

“Agora, não temos nenhuma condição de fazê-las, tendo em vista a necessidade de leitos para pacientes com Covid estar aumentando a cada dia”, disse o secretário estadual de Saúde, Ismael Alexandrino, em entrevista ao Metrópoles.

Estão liberadas apenas cirurgias relacionadas a oncologia, cardiologia, neurologia intervencionista e neurocirurgia, de acordo com portaria assinada pelo secretário e publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) na segunda-feira (1°/3). Também estão autorizados procedimentos ambulatoriais, desde que não necessitem de internação e os protocolos sanitários sejam cumpridos.

Em fevereiro, o governador Ronaldo Caiado (DEM) mandou o Instituto de Assistência dos Servidores Públicos de Goiás (Ipasgo) suspender todas as 579 cirurgias eletivas, como mostrou o portal. O objetivo é aumentar a quantidade de leitos da rede credenciada pelo plano de saúde para internação de pessoas com Covid-19.

Agora, de acordo com informação oficial, foram suspensas mais 741 cirurgias eletivas já marcadas na rede de 13 hospitais estaduais ou conveniados que realizam procedimentos eletivos de média complexidade.

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Ipasgo suspende cirurgias eletivas na pandemia
Coveiro de cemitério em Goiânia veste proteção para fazer sepultamento de vítima de Covid-19
Vacinas sendo preparadas para aplicação em Goiás
Profissional de saúde da Prefeitura de Goiânia carregando caixas de vacina
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Antônio Clarete da Silva, 60 anos, tem dificuldade para andar por conta de um problema no quadril e está na fila das cirurgias eletivas, paralisadas devido ao surto de COVID-19

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Ipasgo suspende cirurgias eletivas na pandemia

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Coveiro de cemitério em Goiânia veste proteção para fazer sepultamento de vítima de Covid-19

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Vacinas sendo preparadas para aplicação em Goiás

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Profissional de saúde da Prefeitura de Goiânia carregando caixas de vacina

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Secretário de Saúde de GO, Ismael Alexandrino, acompanhado do governador de Goiás, Ronaldo Caiado

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Lista de maiores demandas

Esses hospitais são reguladas pelo Complexo Regulador Estadual (CRE) da Sesgo, que elencou as sete maiores demandas por cirurgias eletivas suspensas, no estado, por causa da pandemia. Veja, abaixo, levantamento oficial repassado ao Metrópoles:

  • Cirurgias de catarata e outros procedimentos oftalmológicos;
  • Laqueadura;
  • Cirurgia de varizes;
  • Cirurgia de vesícula;
  • Cirurgia para retirada de amígdalas;
  • Cirurgia de hérnia inguinal;
  • Cirurgias ortopédicas.

De acordo com Alexandrino, todas as cirurgias suspensas serão remarcadas assim que diminuir número de casos e a taxa de ocupação de leitos para pacientes com Covid em Goiás. Nesta quinta, havia apenas 10 vagas em UTI para Covid entre os 427 leitos criados no estado.

À espera de “uma trégua”

A portaria do secretário orientou a “realização imediata de cirurgia em todos os pacientes com indicação cirúrgica que estejam internados nas unidades estaduais de saúde no momento da publicação desta portaria, respeitando-se a programação operacional do hospital.”

“Assim que der uma trégua na pandemia e começar a diminuir o número de casos e a necessidade de leitos para Covid, nós reativaremos as cirurgias eletivas e, certamente, vamos intensificar, em curto intervalo de tempo, para compensar as que não foram feitas”, afirmou o secretário.

Ele disse que as pessoas podem ficar despreocupadas, já terão suas cirurgias realizadas, em data ainda indefinida. “Ninguém vai passar na frente delas, na fila, mas, neste momento, não temos condição de fazer [as cirurgias eletivas nas pessoas] e de expô-las a esse risco porque os hospitais estão com muitos pacientes de Covid”, ressaltou.

Alexandrino pediu paciência e ressaltou a necessidade de as pessoas esperarem um pouco mais para fazerem o procedimento. “Uma cirurgia eletiva, por mais que seja necessária, dá pra esperar um pouquinho. Melhor fazer dessa forma e preservar tanto quem vai precisar de [leito] Covid quanto a própria pessoa para não expô-la a possível contágio”, destacou ele.

Fila mais extensa

O número de cirurgias eletivas suspensas na pandemia pode ser bem maior. A Sesgo informou que os agendamentos desses procedimentos para a grande maioria das unidades de saúde são realizados pelo município de Goiânia, que dispõe de regulação plena desses casos.

Dessa forma, de acordo com o estado, é a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia que deverá dispor, também, de eventual relatório e cronograma de pedidos desse perfil de procedimentos, incluindo a lista de hospitais estaduais localizados na capital.

A SMS informou que continua recebendo as demandas de cirurgias eletivas e ressaltou que cirurgias oncológicas, de neurocirurgia, vasculares e cardíacas continuarão. A pasta reforçou que as demais cirurgias serão reguladas desde que não necessitem de vagas de UTI no pós-operatório.

Ainda de acordo com a SMS, a execução dos procedimentos, continuidade da fila e organização do fluxo de cirurgias é definido por cada hospital da rede.

Além da tristeza provocada pela morte de parentes com coronavírus, Antônio Clarete e centenas de pacientes não têm perspectivas sobre o dia em que voltarão a viver sem dor e todos os demais efeitos drásticos da pandemia. “Fazer o que né?”, perguntou Silva. “Agora, só me resta esperar.”

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