Covid: nos estados, população totalmente vacinada está entre 27% e 68%
Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul têm as melhores taxas. Já Roraima, Amapá e Pará, os piores. Especialistas veem riscos na discrepância
atualizado
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Com cada secretaria de saúde organizando a própria campanha de vacinação contra a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, e com as particularidades de cada comunidade, os resultados obtidos nos estados são heterogêneos.
Nos estados, a população totalmente vacinada, ou seja com duas doses ou com a aplicação única da Janssen, varia entre 27% e 68%.
São Paulo (68,7%), Mato Grosso do Sul (64,7%) e Rio Grande do Sul (61,5%) têm os melhores índices. Já Roraima (27,4%), Amapá (30,3%) e Pará (38,9%), os piores — observe que os resultados menos expressivos estão concentrados em unidades da Federação da região Norte.
Treze estados já imunizaram completamente ao menos metade dos habitantes, como Distrito Federal, Rio de Janeiro, Pernambuco, entre outros (veja lista completa abaixo).
Os dados fazem parte de uma análise do Metrópoles, com base em informações publicadas até a última sexta-feira (5/11) pelo LocalizaSUS, plataforma de prestação de contas do Ministério da Saúde relacionada ao novo coronavírus.
Desde o início da pandemia, o Ministério da Saúde distribuiu 344,1 milhões de doses, sendo que 277, 8 milhões já foram aplicadas entre primeira, segunda e dose única.
Breno Adaid, coordenador do mestrado profissional em administração do Centro Universitário Iesb e pós-doutor em ciência do comportamento pela Universidade de Brasília (UnB), defende o que chama de “equilíbrio” entre as unidades da Federação.
Veja estados que já vacinaram mais de 50% da população:
- São Paulo
- Mato Grosso do Sul
- Rio Grande do Sul
- Santa Catarina
- Paraná
- Espírito Santo
- Ceará
- Minas Gerais
- Distrito Federal
- Rio de Janeiro
- Rio Grande do Norte
- Sergipe
- Pernambuco
O professor analisou os números do levantamento a pedido da reportagem. “Os resultados da vacinação são sensíveis ao se observar a média de casos óbitos, em franca queda no Brasil. Porém, é importante que exista um equilíbrio na porcentagem de vacinados em todos os estados, do contrário teremos estados que continuarão com uma grande quantidade de pessoas contaminadas circulando na população e transitando para outros estados, dificultando que o número como um todo caia”, explica.
“Os dados são estaduais e são um ótimo parâmetro estratégico em como agir, mas vencer com sucesso depende do comprometimento e evolução do país como um todo”, finaliza.
Na mesma tendência, o infectologista especialista em medicina tropical Dalcy Albuquerque, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), avalia que o resultado precisa alcançar 70% e de forma homogênea. Para ele, o início da campanha foi ruim e isso prejudicou o avanço da imunização.
“Se pegarmos os índices do Sudeste e do Sul, são muito bons. Ótimo, não. Ótimo é ter ao menos 70% no país todo. Nos estados que tem uma estrutura boa, a campanha evoluiu bem”, frisa.
O especialista cita que isso evidencia as disparidades do Brasil. “Mostra os déficits na infraestrutura, no transporte, nas estradas… As desigualdades continuam grandes e essas regiões [com índices baixos de vacinação] continuam com grande risco de novos surtos. O papel Ministério deveria atuar mais nesses locais”, conclui.
O Metrópoles questionou o Ministério da Saúde sobre a discrepância na taxa de vacinação completa, mas não obteve resposta. O espaço continua aberto a esclarecimentos.