Covid: neto atrela morte de avô à falta de energia em hospital
Barbeiro de 70 anos foi transferido às pressas de hospital por causa de pane em gerador de oxigênio, em Porangatu (GO)
atualizado
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Goiás – A família do barbeiro Altamiro Antônio de Souza, 70 anos, está arrasada por causa da sua morte por Covid-19, depois que ele foi transferido de hospital, porque houve uma queda de energia, no último domingo (12/7).
Onze pacientes foram retirados às pressas do Hospital de Campanha (HCamp) de Porangatu (GO) depois que a derrubada de uma árvore provocou queda de energia. A descarga elétrica danificou o gerador responsável pelo oxigênio da Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Dois pacientes morreram, entre eles Altamiro, que chegou praticamente morto no HCamp de Uruaçu, após cerca de 130 km de viagem em uma UTI móvel.
Transporte
Neto e filho de criação de Altamiro, o diretor comercial Attos Jorge de Souza, 26 anos, conta que quando o avô saiu de Porangatu, os médicos informaram que ele estava bem, com saturação de oxigênio normal.
No entanto, os profissionais de Uruaçu disseram que o idoso já desceu da ambulância sem vida. Cerca de 20 enfermeiros e médicos tentaram reanimá-lo, mas o paciente não reagiu.
“A gente não acha, a gente tem certeza que a queda de energia tem relação com a morte. Meu avô estava em estado grave, mas estava respondendo ao tratamento”, declarou o neto de Altamiro.
Saudade
O barbeiro de 70 anos foi internado no último dia 3 e precisou ser intubado na noite de sábado (10/7). Os médicos decidiram realizar o procedimento porque ele não estaria se adaptando à ventilação não invasiva.
Altamiro deixa esposa, cinco filhos, nove netos e três bisnetos. Ele era conhecido na cidade por ter uma barbearia na saída do Mutum há muitos anos. Era considerado brincalhão e muito ativo.
De acordo com Attos, o avô gostava de pescar, caminhar, cortar cabelo e nas horas vagas ainda vendia carvão. Para ele, independente da responsabilidade do óbito do avô, uma coisa é certa: “Nada vai trazer meu avô de volta. Agora é enterrar.”
Respostas
A Secretaria Municipal de Saúde de Porangatu informou em nota que o gerador a diesel funcionou no momento da queda de energia, por volta das 13 horas. No entanto, um dos sistemas de fornecimento de oxigênio falhou.
A Prefeitura de Porangatu garante que um segundo sistema atendeu os pacientes até a transferência e que em nenhum momento faltou energia, medicamento ou oxigênio aos pacientes em atendimento.
Além da morte de Altamiro em Uruaçu após o transporte, a Secretaria de Saúde confirmou a morte de Albinor Rodrigues Pereira, de 76 anos, antes mesmo da transferência para Uruaçu.