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Covid: média de casos aumenta 744% em comparação com 14 dias atrás

Alta se deve ao aumento de casos e ao represamento dos sistemas de informação após ataque aos sistemas de dados do Ministério da Saúde

atualizado

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Arthur Menescal/Especial Metrópoles
Pessoas doentes em hospital com placa escrito Posto de Triagem
1 de 1 Pessoas doentes em hospital com placa escrito Posto de Triagem - Foto: Arthur Menescal/Especial Metrópoles

Nas últimas 24 horas, o Brasil registrou 97.986 casos confirmados para a Covid. O número é maior que o registrado nessa quarta-feira (12/1), quando 87.471 casos novos foram notificados.

A média de casos está em 61.141 novos infectados ao dia, um aumento de 744% em comparação com a verificada há 14 dias. A alta se deve ao aumento de casos e ao represamento dos sistemas de informação após ataque aos sistemas de dados do Ministério da Saúde em dezembro.

A média móvel de mortes diárias também subiu e chegou a 129. Em comparação com o verificado há duas semanas, houve variação de 36,9%, o que significa um crescimento no número de mortes pela doença no país. Nas últimas 24 horas, foram 174 mortes.

Os dados são do mais recente balanço divulgado pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

No total, o Brasil já perdeu 620.545 vidas para a doença e computou 22.814.917 casos de contaminação.

Confira, no gráfico a seguir, o histórico da pandemia no país:

Prontos-socorros sobrecarregados

O avanço de casos da variante Ômicron e de influenza no Brasil tem sobrecarregado prontos-socorros no país e elevado o percentual de ocupação nas unidades de terapia intensiva (UTIs). A combinação de rápida piora da pandemia de Covid-19 e da epidemia de gripe ameaça provocar um colapso do sistema, segundo o próprio ministro da Saúde admitiu nessa quarta.

Os números se refletem em filas gigantescas, com horas de espera, em diversos hospitais públicos e privados pelo país. O Metrópoles percorreu unidades de saúde por Brasília, Goiás, Rio de Janeiro e São Paulo. O retrato era de lotação (com muitas horas de espera), dor e medo.

A preocupação com o crescimento das infecções no Brasil já foi relatada em pesquisas como a da Universidade de Washington, que prevê 1 milhão de casos de Covid-19 por dia no país até o fim de janeiro, se porventura medidas de contenção mais fortes não sejam retomadas; da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz); e do próprio ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Em entrevista coletiva, o chefe da pasta admitiu “perspectivas de colapsos”:

“Agora com o novo desafio da variante Ômicron, inicialmente identificada na África, que rapidamente se espalhou pelo mundo. Incertezas com novo surto de casos, novos impactos no sistema de saúde, perspectiva de colapsos e perda de vidas. Trabalhamos para evitar que isso aconteça”, afirmou, nessa quarta.

Além disso, o Conass publicou nota afirmando que o crescimento de casos, impulsionado pela nova variante, volta a impor desafios aos sistemas de saúde público e privado do país.

“Em 2 de janeiro, segundo dados disponibilizados pelo Painel Conass, o Brasil notificou 1.721 casos de Covid. No último domingo (9/1), 24.382 casos foram notificados pelas secretarias”, disse a entidade em nota encaminhada ao ministro da Saúde.

Assim, o Conass pediu imediatas decisões nacionais para que seja possível imunizar toda a população, além de medidas a fim de ampliar o atendimento nas unidades de saúde pelo país.

UTIs

Levantamento feito pelo Metrópoles em UTIs das 27 unidades da Federação (UFs) revela que o estado de Pernambuco entrou na zona crítica de ocupação de leitos de UTI destinados para Covid-19, com 84%. Outros estados, apesar de estarem na zona de alerta intermediário (entre 60% e 80%), apresentaram crescimento na taxa ao longo das últimas semanas.

O acréscimo nas internações com necessidade de suporte ventilatório e acompanhamento em UTI é observado logo após as festas de Natal e Réveillon.

Na rede estadual de Goiás, a quantidade de leitos de UTI para pacientes com Covid caiu de 318 para 147 em 1 mês, quando se imaginava que a pandemia estava controlada. O número de internados nessas unidades, contudo, dobrou depois do Natal. Nessa quarta-feira, a taxa de ocupação era de 78%. Em 24 de dezembro, o indicador estava em 22%.

Ainda levando em consideração a semana do Natal e a atual realidade, a taxa de ocupação de UTI Covid passou de 23% para 62% no Tocantins e de 56% para 84% em Pernambuco – onde o número de leitos aumentou de 696 para 910 no mesmo período, o que teoricamente poderia ter feito o percentual de ocupação cair.

O levantamento foi feito pela reportagem na tarde dessa quarta com base em dados oficiais disponibilizados pelas secretarias estaduais de Saúde, e considera informações sobre leitos públicos e/ou privados.

Veja:

Ômicron e influenza

Especialistas ouvidos pelo Metrópoles apontam preocupação com o crescimento rápido de infectados e ocorrência da Covid com a influenza. A circulação dos vírus ao mesmo tempo dificulta o atendimento também de outras doenças, porque consome o pessoal dos hospitais e agrava a possibilidade de internação com necessidade de suporte respiratório.

A infectologista Ana Helena Germoglio ressalta que, hoje, o que existe é uma superlotação dos prontos-socorros para atendimento. As UTIs ainda não chegaram ao limite, devido ao grande número de vacinados contra a Covid-19. Os imunizados têm apresentado sintomas mais fracos da doença, o que reduz a necessidade de UTI.

“Qualquer unidade onde você passar em frente terá filas. Temos uma epidemia dentro de uma pandemia. Temos duas doenças respiratórias num momento em que as pessoas se aglomeraram muito e havia despreocupação com as medidas de proteção básicas, como o uso de máscaras. A percepção geral é de que as pessoas imunizadas que pegam Covid evoluem de forma muito leve”, afirmou a infectologista.

Segundo ela, em contrapartida, como existem dois vírus circulando, a demanda por serviços de saúde tem sido muito alta. “Se eu tiver milhares de pessoas doentes ao mesmo tempo, é claro que terei aquelas que vão necessitar de internação e leitos de UTI. Quanto mais vacinados tiver, melhor”, ressaltou.

Metodologia

Devido ao tempo de incubação do novo coronavírus, adotou-se a recomendação de especialistas para que a média móvel do dia seja comparada à de duas semanas atrás.

Variações na quantidade de mortes ou de casos de até 15%, para mais ou para menos, não são significativas em relação à evolução da pandemia. Já percentuais acima ou abaixo devem ser encarados como tendência de crescimento ou de queda.

Os cálculos são feitos pelo (M)Dados, núcleo de análise de grande volume de informações do Metrópoles.

Média móvel

Acompanhar o avanço da pandemia de Covid com base em dados absolutos de morte ou de casos está longe do ideal. Isso porque eles podem apresentar variações diárias muito grandes, principalmente atrasos nos registros. Nos fins de semana, por exemplo, é comum perceber redução significativa dos números.

Para reduzir esse efeito e produzir uma visão mais fiel do cenário, a média móvel é amplamente utilizada ao redor do mundo. A taxa, então, representa a soma das mortes divulgadas em uma semana dividida por sete.

O nome “móvel” é porque varia conforme o total de óbitos dos sete dias anteriores.

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