Covid: estudo sobre proxalutamida omitiu 65% das mortes, diz site
Em apresentação feita em março, 12 pessoas que usaram a droga teriam morrido. Em junho, pesquisadores disseram em site que houve 35 óbitos
atualizado
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Um estudo sobre o uso da proxalutamida para tratamento do novo coronavírus (Sars-CoV-2) teria omitido, durante a apresentação oficial, 23 mortes de pacientes que tomaram o medicamento e 21 entre os que tomaram placebo, revela o UOL notícias.
A proxalutamida ficou conhecida como a “nova cloroquina” e passou a ser evidenciada nos últimos meses pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
O estudo foi feito no Amazonas e hoje é investigado pelo Ministério Público Federal (MPF). A Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) pediu que a Procuradoria-Geral da República (PGR) investigasse o caso. Houve cerca de 200 mortes durante a pesquisa.
Segundo o UOL Notícias, 645 pacientes participaram da pesquisa. Na apresentação, realizada em 11 de março deste ano em um hospital do Grupo Samel em Manaus, os pesquisadores afirmaram que houve 12 mortes entre os 317 pacientes que tomaram a proxalutamida. Por outro lado, 141 de 328 pacientes que tomaram placebo morreram.
Porém, em publicação feita no site Clininal Trials, em junho, os pesquisadores disseram que houve 35 óbitos entre os pacientes que tomaram a “nova cloroquina” e 162 entre os que usaram placebo.
Houve uma omissão, portanto, de 65,7% do total entre os pacientes que tomaram a droga.
Ao UOL, o endocrinologista Flávio Cadegiani, um dos autores responsáveis pelo estudo, alegou que houve uma mudança nos critérios usados como referência e, por isso, existe uma diferença entre os números.
“A mortalidade pode ser vista em análise por protocolo [per-protocol], que consideram os pacientes que fizeram o tratamento adequado, sem abandono, e por intent-to-treat, que considera os pacientes todos, mesmo os que abandonam por qualquer motivo”, disse.
“Para publicação e para o clinicaltrials.gov, registramos os óbitos mesmo de pacientes que tenham tomado só um dia, e abandonaram, desistiram, por qualquer motivo, como é direito do participante, e vieram a falecer, por exemplo, 20 dias após”, prosseguiu Cadegiani.