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Covid deixou mais de 40 mil crianças órfãs de mãe no Brasil

Estudo analisa mortalidade de mães pela doença em dois anos de pandemia. Em 2020 e 2021, a Covid foi responsável por um quinto das mortes

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1 de 1 foto-mãe-comemora-reencontro-com-bebê-sequestrada-no-DF - Foto: Rafaela Felicciano / Metrópoles

Nos dois primeiros anos de pandemia, mais de 40 mil crianças e adolescentes perderam as mães por Covid-19 no Brasil. Entre 2020 e 2021, a faixa etária de 40 a 59 anos foi a que apresentou maior proporção de vítimas da doença. Neste grupo, um em cada quatro brasileiros tiveram o óbito relacionado à doença.

Os dados integram um estudo conduzido por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), divulgado pelo Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância).

A pesquisa também aponta que, nos dois primeiros anos de crise sanitária, a Covid foi responsável por um quinto de todas as mortes registradas no Brasil. O pico da pandemia ocorreu em março de 2021, quando a média de óbitos pela doença atingiu o índice de quase 4 mil por dia — número superior à média de mortes por todas as causas em 2019.

Cristiano Boccolini, um dos autores do estudo, defende que o impacto da pandemia na vida de crianças e adolescentes exige a adoção, em caráter de urgência, de políticas públicas voltadas para a proteção à infância.

“A pesquisa mostra que a Covid-19 foi responsável por um terço de todas as mortes relacionadas a complicações no parto e no nascimento entre mulheres jovens, o que representa um aumento de 37% nas taxas de mortalidade materna no Brasil, em relação a 2019, quando ela já era alta. A cada mil bebês nascidos vivos, uma mãe morreu no Brasil durante os dois primeiros anos da pandemia”, aponta Cristiano.

Ele elenca fatores como “a crise sanitária e econômica” instalada no país, a “volta da fome” e o “crescimento do desemprego” como agravantes à situação do público infantil no país.

“É urgente a mobilização da sociedade para proteção da infância, com atenção prioritária a este grupo de 40.830 crianças e adolescentes que perderam suas mães em decorrência da Covid-19 nos dois primeiros anos da pandemia”, afirma o pesquisador em Saúde Pública da Fiocruz.

Para chegar aos resultados, os especialistas analisaram a mortalidade de mães em função da doença nos dois primeiros anos de crise sanitária, a partir de dois bancos de informações: Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) entre 2003 e 2020.

Fatores socioeconômicos

O estudo avaliou as consequências da pandemia não apenas para o público infantil, mas também entre adultos. “A desigualdade socioeconômica acarreta iniquidades no acesso aos serviços de saúde e, consequentemente, dificuldades no diagnóstico oportuno e no tratamento dos casos”, destaca a pesquisadora Wanessa da Silva de Almeida, também da Fiocruz.

Segundo o relatório, a taxa de mortalidade pela Covid cresceu com a idade e diminuiu de acordo com um maior nível de escolaridade. Os resultados mostram que entre adultos analfabetos a mortalidade por Covid-19 foi três vezes maior que entre aqueles que concluíram o ensino superior.

Os autores do estudo concordam que a demora na adoção das medidas de saúde pública necessárias para o controle da Covid-19 no Brasil agravou a disseminação da doença, resultando em perdas de vidas humanas que poderiam ter sido evitadas.

“Como consequência da gestão inadequada da pandemia, além de criar uma legião de órfãos, o Brasil perdeu cerca de 19 anos de vida produtiva devido à morte de adultos jovens por Covid-19”, conclui Cristiano.

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