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Covid: corpo de idoso é trocado e enterrado por outra família em Goiás

Diretor-técnico de hospital admitiu “falha geral” e disse que o outro cadáver será liberado somente após exumação do sepultado por engano

atualizado

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Arquivo pessoal
idoso trocado Goiás Aniceto
1 de 1 idoso trocado Goiás Aniceto - Foto: Arquivo pessoal

Goiânia – O corpo de um idoso de 89 anos, que morreu por complicações da Covid-19, foi trocado pelo de outro paciente em um hospital de Goiânia e sepultado por outra família. O corpo da segunda vítima está bloqueado na unidade de saúde, que vai liberá-lo aos respectivos familiares somente após a Justiça autorizar a exumação do que foi enterrado por engano.

O corpo sepultado por outra família é do idoso Aniceto Francisco dos Reis. Ele morreu, na tarde da última terça-feira (27/4), na unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital Gastro Salustiano, na capital, onde ficou internado por nove dias, conforme divulgado pela unidade de saúde, com 30 minutos de diferença do outro paciente que foi a óbito na mesma unidade de saúde.

Depois de apresentar um quadro grave de pneumonia, segundo a família, o idoso foi levado para o hospital e, posteriormente, uma tomografia confirmou que ele estava com Covid-19. De acordo com a certidão de óbito, o idoso também teve uma parada cardiorrespiratória e choque séptico listados entre as causas da morte.

Após serem informados sobre a morte do idoso, os familiares dele procuraram o hospital, um dia depois, para organizar os procedimentos para o sepultamento. Na ocasião, verificaram que o corpo havia sido trocado. A unidade de saúde não divulgou o nome e a idade da outra vítima.

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“Transtorno emocional”

Em entrevista ao Metrópoles, o diretor-técnico do hospital, o médico Salustiano Gabriel Neto, admitiu que houve uma sequência de falhas no momento da liberação do corpo. “Foram várias situações para o ocorrido”, disse ele. “É um transtorno emocional aos familiares”, afirmou.

De acordo com o médico, o hospital segue os protocolos para liberação dos corpos e existem câmeras de segurança que registraram o que ele chamou de “falha geral” na entrega do corpo do idoso.

A família do idoso reconheceu o corpo. No mesmo dia dos óbitos, porém, o familiar da outra vítima foi até o hospital e reconheceu o respectivo cadáver, que tinha identificação nominal em cima dele.

“Depois que a primeira família reconheceu, enquanto a enfermeira afastou dois metros para pegar assinatura, o funcionário da funerária pegou o cadáver errado”, contou o diretor do hospital. Ele não informou o nome da empresa de serviços póstumos que teria cometido o erro.

Segundo a Prefeitura de Goiânia, o cadastro de óbito do idoso está na funerária do cemitério Parque Memorial de Goiânia, que, após ser procurada pelo Metrópoles, explicou que não chegou a buscar o corpo dele porque já havia sido sepultado pela outra funerária que teria praticado o equívoco.

O médico apontou suposta falha conjunta por envolver, segundo ele, a enfermeira, o funcionário da funerária e o familiar da primeira vítima que foi liberar o corpo. O diretor acrescentou que os três estavam no ambiente de liberação do cadáver.

Exumação

Segundo o diretor do hospital, o problema só foi constatado depois de o familiar do idoso ir ao hospital para reconhecer o corpo e confirmar que o corpo não era dele. Depois disso, a equipe do hospital foi a delegacia de polícia e registrou o caso, para buscar orientações sobre o que deveria ser feito para solucionar o problema.

“A família do senhor Aniceto entrou com ação solicitando exumação do corpo, que é o caminho legal para isso. O corpo, teoricamente, que está enterrado é do senhor Anacleto”, disse o médico. Para corrigir o problema, depende agora de ordem judicial para fazer [a exumação e] a troca dos corpos e enterrar o paciente”, explicou o médico.

O corpo do segundo paciente continua guardado em ambiente de conservação do hospital até que o primeiro seja exumado. “Ele não pode ser enterrado enquanto não resolver esse problema”, disse o diretor.

“A gente está entristecido por causa desse ocorrido. É um problema pelo qual ninguém gostaria de passar após uma perda importante. É muito complicado para a gente. Uma sensação de impotência. O hospital disse que foi uma falha”, afirmou o filho do idoso, Adriano Francisco dos Reis, ao G1.

O Metrópoles não obteve retorno do advogado da família do idoso, Pedro Miranda, nem conseguiu localizar contato do filho dele. O portal também não localizou os familiares da outra vítima, já que o nome dela não foi divulgado.

Não há previsão para o Judiciário goiano julgar o pedido judicial sobre a exumação do corpo.

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