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Covid: 80% dos municípios registram menos de 500 crianças vacinadas

Dados do LocalizaSUS refletem dificuldade operacional dos entes federativos, como falta de pessoal e sistema ineficiente

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1 de 1 imagem colorida mostra criança com máscara de pano e camiseta branca sendo vacinada por enfermeira que usa roupa branca, máscara cirúrgica e óculos - Metrópoles - Foto: Aline Massuca/ Metrópoles

Em 14 de janeiro, o pequeno Davi Seremramiwe, criança de 8 anos da etnia Xavante, foi a primeira criança vacinada do país, em São Paulo. Um mês depois do início da imunização do público de 5 a 11 anos contra a Covid-19, 80% dos municípios registram menos de 500 crianças vacinadas.

O levantamento feito pelo Metrópoles utiliza dados do LocalizaSUS, plataforma do Ministério da Saúde que detalha informações do governo brasileiro sobre Covid. Até esta sexta-feira (11/2), 3.668.751 crianças já foram imunizadas, de acordo com a pasta.

O número preocupante envolve outros fatores além dos passos lentos em que a vacinação deste público caminha no país. Ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI), a epidemiologista Carla Domingues explica: “Alguns lugares podem estar vacinando mas não conseguindo registrar. Pode ser uma dificuldade operacional, de falta de pessoal, então os municípios preferem priorizar a vacinação e não o registro”.

Das 10 cidades que mais imunizaram crianças, nove são capitais. Lugares com mais recursos, pessoal e sistemas de informação mais aperfeiçoados. São elas: São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Curitiba, Brasília, Fortaleza, Belém, Porto Alegre, São Bernardo do Campo e Belo Horizonte.

A região Sudeste aplicou metade das vacinas em crianças registradas pelo LocalizaSUS. Em seguida, vem a região Nordeste, com 22%, seguida da região Sul (14%). Os índices mais baixos de registro são da região Norte, que não chega e 6%, e Centro-oeste, que beira 7%.

Em dezembro, o Ministério da Saúde foi alvo de ataque hacker que tirou páginas e dados do ar. O material foi reestabelecidos cerca de um mês depois.

“Percebemos que o sistema ainda apresenta instabilidade, mesmo com a afirmação de normalização apresentada pelo Ministério da Saúde, havendo divergências entre os dados disponíveis no Localizasus em relação ao do consórcio de imprensa, por exemplo”, explica o presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski.

A CNM enviou ofício ao Ministério da Saúde nos primeiros dias de janeiro solicitando mais transparência sobre os dados da pasta. Ziulkoski avalia que ainda há um longo caminho a percorrer, uma vez que o público imunizado ainda não chegou a 20% da população de 5 a 11 anos no país. São cerca de 20 milhões de pessoas.

Desinformação

Além das dificuldades geográficas ou operacionais, a desinformação tem sido um dos maiores obstáculos para a vacinação do público. “Tivemos todo esse processo de dizer que não era prioridade, depois fazer consulta pública, gera uma desconfiança muito grande, os pais nunca viram isso acontecendo”, explica Carla Domingues.

Para tentar aumentar o número de crianças vacinadas, a CNM elaborou um Plano de Comunicação em Saúde para as prefeituras do país. “Mostramos a necessidade de incentivar a população a se vacinar; disponibilizar informações de qualidade à população, baseada em evidências e no consenso científico; ter o apoio de pessoas respeitadas e conhecidas no Município; divulgar informações de fácil entendimento sobre a segurança das vacinas e combater as fake news”, pontua Paulo.

“Já falaram que vacina só se quiser, que é opcional, até que a criança vacina só se ela quiser. Nenhuma criança quer tomar vacina. Cabe ao pai estimular e orientar. Falar que uma criança tem autonomia pra decidir se quer tomar a vacina é descabido”, destaca.

A epidemiologista também destaca que a baixa procura pode ser reflexo do momento de altas contaminações. Muitas famílias foram contaminadas, e a orientação é de que se aguarde, no mínimo, 30 dias para vacinar depois da infecção por Covid.

“Temos que tomar cuidado ao falar que criança não se contamina, não tem a doença, só tem casos leves. Se a gente comparar as crianças com os adultos realmente vai ter essa diferença, mas precisamos comparar as crianças com elas mesmas. As crianças daqui com outros países, por exemplo”, orienta Carla.

Para a especialista, essas falas geram uma falsa sensação de segurança nos pais. O momento de volta às aulas, no entanto, é uma grande oportunidade para intensificar esforços. “Pode se fazer uma articulação com o setor escolar para fazer palestras, mandar carta pros pais conscientizando sobre a importância da vacinação. Pode se fazer também a própria vacinação dentro do ambiente escolar”, exemplifica.

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