Covid: 573 pessoas agonizam na fila de UTI ou de enfermaria em Goiás
Complexo Regulador Estadual informa que tem 237 pedidos por enfermaria e 336 por UTI, que tem taxa de ocupação de 97,5% em Goiás
atualizado
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Goiânia – Em Goiás, 573 pessoas com Covid-19 lutam, nesta quarta-feira (17/3), na longa fila de espera por vaga em hospital com leito exclusivo para tratamento contra a doença. Desse total, 237 (58,6%) já receberam de médicos diagnóstico mais grave e, por isso, aguardam ser encaminhadas urgentemente para alguma unidade de terapia intensiva (UTI).
Os dados são do Complexo Regulador Estadual (CRE). Além de se manter em alta desde o início do ano, o número de pacientes com Covid na fila de UTI é o maior desta semana, no estado. Na segunda-feira (15/3), 555 pessoas aguardavam por uma vaga dessa e, na terça-feira (16/3), eram 536 pacientes na via-crúcis por um leito.
Agonia por enfermaria
Nesta quarta-feira, aguardam na fila de vaga em enfermaria outras 237 pessoas com estado de saúde considerado menos grave, mas que também exigem atenção contínua de profissionais. Na segunda-feira, havia 247 pacientes à espera dessas vagas e, na terça, 231. Hospitais se transformaram em campos de guerra.
Apesar de centenas de pacientes agonizarem na fila, o painel eletrônico de vagas da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SESGO) não registra superlotação nas unidades de saúde. Nesta quarta, a taxa de ocupação de leitos de UTI para Covid está em 97,5% e a de enfermaria, em 92,2%. Ambas mantêm a média registrada desde o mês passado.
Em todo o estado, de acordo com a secretaria, os 524 leitos de UTI para Covid e 628 de enfermaria têm sido insuficientes para atender à demanda na mesma velocidade de contaminação das pessoas, apesar do constante aumento de vagas no estado. O Hospital Regional do Centro Norte Goiano, em Uruaçu, foi inaugurado no último sábado (13/3).
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Análise de cada caso
De acordo com a secretaria, a fila de pedidos por vaga é grande, mas cada um dos casos de pacientes precisa passar por análise técnica da pasta antes de ser encaminhado para hospital com leito exclusivo para tratamento contra Covid.
Moradores de Goiânia e Aparecida de Goiânia estão entre as maiores demandas por vagas. Também há pedidos de municípios do Entorno por leitos especializados, como Valparaíso, Luziânia, Formosa e Águas Lindas, onde morava a primeira pessoa que morreu, no estado, após ser contaminada pela variante de Manaus.
Como não há vaga disponível para todos os pacientes, a secretaria prioriza os casos mais urgentes na seleção para ocupar os leitos livres. As pessoas são encaminhadas conforme o perfil da vaga disponível, mas só depois de enfrentarem longa via-crúcis e se vencerem o tempo de espera, que, em algumas cidades, chega a uma semana.
Morte chega antes
Em alguns casos, a morte chega mais rápido. O Metrópoles mostrou que, em uma semana, morreram sete de 11 pacientes com Covid-19 que estavam intubados em leitos improvisados e sem o devido isolamento na unidade de pronto atendimento (UPA) e no hospital municipal de Inhumas, na região metropolitana. Eles esperavam por leitos de UTI.
Pressionado pela acelerada disseminação do vírus em Goiás, o governador Ronaldo Caiado divulgou, nessa terça-feira, novo decreto com medidas restritivas. O estado proibiu cidades em calamidade de flexibilizarem regras para enfrentamento à Covid.
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De acordo com o mapa da gravidade da pandemia, atualizado semanalmente no painel eletrônico mantido pela SESGO, apenas 11 dos 246 municípios goianos não estão em calamidade. Por isso, as novas medidas anunciadas valem para, praticamente, todo o estado.
A secretaria estadual informou que nenhuma das pessoas na fila está sem atendimento. Segundo a pasta, elas recebem assistência em leitos que não são exclusivos para coronavírus nas unidades de origem do pedido até que sejam transferidas para hospitais dedicados aos casos confirmados de Covid-19.
Casos em Goiás
Em Goiás, de acordo com monitoramento oficial, já foram registrados 440.870 casos de Covid-19, com 9.807 mortes.
Outros 255 óbitos estão em investigação. A taxa de letalidade da doença subiu para 2,22%.