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Covid-19 separa mãe em coma de filha recém-nascida no Rio

Internada há mais de um mês, Lígia Teixeira Pinheiro chegou a ver a menina por fotos e vídeos, antes do agravamento de seu estado de saúde

atualizado

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Reprodução
Ligia Teixeira Pinheiro
1 de 1 Ligia Teixeira Pinheiro - Foto: Reprodução

A pequena Clara Teixeira nasceu com 31 semanas de gestação no dia 3 de junho de 2021, em uma maternidade no centro da cidade do Rio de Janeiro.

O parto prematuro foi feito às pressas, pois a mãe, a professora de matemática Lígia Teixeira Pinheiro, de 31 anos, estava internada com Covid-19 há dois dias no Centro de Terapia Intensiva (CTI) da unidade.

Clara sofreu uma parada cardíaca, mas foi reanimada e reagiu bem ao tratamento. No dia 1º de julho, recebeu alta médica e pôde voltar para casa, na Barra da Tijuca, zona oeste.

Porém, o mesmo não aconteceu com Lígia. Ela está em coma após uma parada cardiorrespiratória e ainda não pôde segurar a filha nos braços.

Tudo começou no dia 28 de maio, quando Lígia testou positivo para a Covid-19. Em entrevista ao Metrópoles, a irmã Elisa Pinheiro Garcia conta que a família não sabe como a professora contraiu a doença. Ela estava em home office e quase não saía de casa para não se expor aos riscos. 

“A Lígia mora com a minha mãe e o meu cunhado. Estava dando aulas de casa. Ele sempre tomou muito cuidado por causa dela, assim como a minha mãe, que quase não estava saindo também. Até pedir comida da rua eles evitavam, mas ela acabou pegando”, diz.

Três dias depois, com sintomas respiratórios, Lígia resolveu procurar uma unidade de saúde com maternidade 24 horas. A avaliação médica constatou que o bebê estava bem e que a professora ficaria internada, uma vez que a saturação de oxigênio estava baixa.

Para auxiliar no tratamento, a família contratou uma equipe de médicos intensivistas, que ficavam de manhã, à tarde e à noite com Lígia na maternidade.

Mas, no dia seguinte (2/7), Lígia piorou e foi levada para o CTI. Depois do parto, a professora contraiu uma infecção hospitalar bacteriana e ficou em estado grave.

Apesar dos dias difíceis, Lígia se recuperou: ficou lúcida, sem sedativos, e conversou com a família. A previsão era que ela fosse para o quarto nos dias seguintes.

Lígia Teixeira Pinheiro, internada por complicações da Covid-19 no Rio de Janeiro
Lígia Pinheiro está em coma em um hospital na zona sul do Rio

No entanto, na madrugada do dia 23 de junho, a professora ficou sem respirar por cerca de três minutos e entrou em coma. Ela foi transferida para um hospital particular na zona sul do Rio, onde as sequelas neurológicas estão sendo avaliadas.

Atualmente, Lígia abre e pisca os olhos, mas não interage com o mundo exterior. Os familiares se revezam para visitá-la no CTI. Elisa classificou a piora repentina e a evolução para o coma como “fatalidade”.

“Ela [a Lígia] conseguia falar, estava lúcida, se comunicando com a gente. Às 21h [do dia 22/6], o médico disse: ‘sua irmã está ótima, com a taxa pulmonar muito melhor. Provavelmente, ela vai para o quarto nos próximos dias e conhecer a neném’. Eles [os médicos] estavam fazendo o possível para ela sair do hospital junto com a Clara. Mas aí aconteceu essa fatalidade no dia seguinte”, lembra Elisa.

Lígia Teixeira Pinheiro, internada por complicações da Covid-19 no Rio de Janeiro
“Minha melhor amiga”, diz irmã de Lígia

Emocionada, Elisa lembra da última conversa que teve com a irmã: “Ela idealizou ser mãe, se preparou muito. Nós falamos sobre o ‘mesversário’ da Clara, a gente fazia muita festinha. Foi uma catástrofe. Minha irmã é minha melhor amiga. Ela é muito certinha, sabe? Parece que eu tenho dez anos a menos, e não o contrário, porque ela sempre foi muito responsável”, recorda.

Além da dor da família, um dos grandes problemas é o custo do tratamento. O hospital não aceita o plano de saúde de Lígia. Por isso, foi criada uma “vaquinha” online para ajudar os familiares a arcarem com as despesas.

“É muito caro. A gente sabe que hospital particular é caro, principalmente CTI; ficou inviável. Foi aí que a família teve a ideia da ‘vaquinha’ e começou a campanha para arrecadar dinheiro e ajudar a gente a pagar as coisas”, expõe Elisa.

Anteriormente, outra campanha havia sido lançada para pagar os médicos intensivistas contratados em um primeiro momento. A família alcançou o valor necessário e encerrou a arrecadação, sem imaginar que, dias depois, precisaria de mais dinheiro.

“Lidar com doações é algo muito sério. Quando deu o valor necessário, decidimos encerrar. Não tínhamos dimensão do que ia acontecer depois”, diz.

À espera do tão desejado encontro entre Lígia e Clara, os familiares seguem em orações para enfrentar este momento difícil.

“Eu tenho muita fé, acredito muito em Deus. A Lígia vai se recuperar, vai olhar pra mim e conversar comigo”, anseia Elisa.

A “vaquinha” online para ajudar a família de Lígia pode ser acessada no link: http://vaka.me/2197611.

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