Covid-19: diagnosticado com estresse, homem morre após luta por atendimento
Jorge Luiz foi medicado em uma UPA do Rio e liberado. No polo municipal de atendimento e triagem foi orientado a voltar para casa
atualizado
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O segurança Jorge Luiz Lima Bonfim, de 54 anos, morreu no último dia 12 no Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes, no Rio de Janeiro, após dez dias internado no CTI (Centro de Terapia Intensiva). Ele teve de insistir para conseguir receber o atendimento de saúde adequado. Antes de ir para o hospital onde faleceu, foi a outras duas unidades.
De acordo com a reportagem do Extra, Jorge Luiz passou pela Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Edson Passos, em Mesquita, onde foi medicado e liberado. Depois foi ao polo municipal de atendimento e triagem, onde teria recebido a recomendação de voltar para casa, porque seu caso seria apenas emocional (estresse). Os atendimentos ocorreram em 27 e 30 de abril, quando o segurança apresentou os primeiros sintomas da doença: febre e tosse.
Na certidão de óbito, consta que a morte ocorreu por síndrome respiratória aguda, insuficiência renal e suspeita de Covid-19. Parentes de Jorge Luiz informaram que o teste feito por ele no hospital confirmou a contaminação pelo novo coronavírus, o que depois foi ratificado pelo centro de saúde.
“Fiquei horrorizada com tudo que aconteceu”, desabafou a esposa de Jorge Luiz, Lucinda da Silva Bonfim, com quem era casado há 27 anos. “Liberaram meu marido dizendo que ele só estava com problemas de estresse e mais nada. Ficamos, então, tratando dele em casa. No início de maio, a febre e a tosse pioraram e fomos para o Hospital Carlos Chagas. Lá, o Jorge Luiz foi entubado e internado. No dia 12 recebemos a notícia da morte.”
“Ele era muito agarrado na nossa netinha, de 3 anos. Ela ainda não sabe o que aconteceu, pergunta por ele todos os dias, e eu digo que o vovô foi passear e que vai voltar. Ela ainda é muito novinha para entender”, relatou Lucinda.