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Covid-19: Bolsonaro omite dados em comparativo Brasil x Europa

Presidente publicou gráfico sem informações sobre o número de testagens feitas em cada país. Brasil faz 296 testes por milhão de habitantes

atualizado

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Jair Bolsonaro
1 de 1 Jair Bolsonaro - Foto: Igo Estrela/Metropoles

Enquanto o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, dava uma nova coletiva de imprensa sobre as recentes ações do governo contra o coronavírus no país, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi ao Twitter e postou um comparativo de casos entre o Brasil e países da Europa.

Em uma ilustração gráfica, creditada ao gabinete de crise do governo federal, os números apresentados por Bolsonaro colocam o Brasil abaixo de outros países como Espanha, Itália e Estados Unidos, atual epicentro da pandemia de Covid-19, quando o assunto é o número de infecções.

A publicação mostra que, com 7 mortes a cada milhão de habitantes, o Brasil é o último no ranking de fatalidades provocadas pela Covid-19, se comparado à Espanha, França, Bélgica, Inglaterra e Alemanha.

O que o gráfico apresentado pelo presidente não traz é a quantidade de testagem por milhão de habitantes. Segundo reportagem publicada pelo jornal O Globo no último fim de semana, o Brasil é o país que menos testa pacientes suspeitos de terem contraído o coronavírus se comparado a outras nações atingidas pela Covid-19.

O Brasil faz 296 testes por milhão de habitantes. A Espanha, que segundo o gráfico apresentado pelo presidente tem 388 mortes por milhão de habitantes, testa 12.833 pacientes na mesma proporção. O número é mais de 43 vezes maior que os parâmetros brasileiros.

De acordo com a reportagem, o Irã, segundo país que menos faz testagens entre os mais afetados do mundo, realiza 2.755 testes por milhão de habitantes. Ou seja, quase 10 vezes mais que o Brasil. Os EUA registram 7.101 testes por milhão de habitantes. Um dos países com menor taxa de mortalidade, a Alemanha – também usada no exemplo de Bolsonaro – testou 1.317.887 pessoas — 15.730 por milhão: 53 vezes mais testes que o Brasil.

Subnotificação

O Ministério da Saúde trabalha com a hipótese de que apenas uma pequena parte – cerca de 14% – dos casos do novo coronavírus no país estão sendo identificados pelas autoridades.

O cálculo faz parte de um estudo de modelagem que estimou que ao menos 86% dos casos da cidade chinesa de Wuhan, berço da doença, não foram detectados.

A pasta comandada pelo ministro Luiz Henrique Mandetta informou que não tem uma estimativa específica para o Brasil. “Mas podemos imaginar que seja semelhante a  Wuhan, com base no número de mortes pelo número de casos confirmados”, complementou o ministério, em nota enviada à reportagem.

Isso significa que, levando em consideração os números divulgados no domingo 05/04 pelo Ministério da Saúde, de pouco mais de 11,1 mil casos, o Brasil teria, na verdade, cerca de 79,5 mil doentes. Os números seguirão inexatos enquanto não houver testagem em massa. Até lá, a modelagem estatística, mesmo vaga, serve para tentar dar um norte a autoridades de saúde para o tamanho do problema.

Isso colocaria o Brasil em sexto no ranking mundial de países com mais casos confirmados, ficando atrás apenas de Estados Unidos, Itália, Espanha, China e Alemanha. Hoje, o país ocupa a 14ª colocação.

O Ministério da Saúde divulgou, na tarde desta quarta-feira (15/04), a atualização do número de casos de coronavírus no Brasil. São 28.320 diagnósticos confirmados da doença (alta de 12% em relação aos dados dessa terça (14/04). A quantidade de mortos também cresceu e chegou a 1.736 – aumento de 13% nas últimas 24h, foram registrados 204 óbitos.

Entre os cinco estados com maior número de casos e mortes por coronavírus estão São Paulo (11.043 e 778, respectivamente), Rio de Janeiro (3.743 e 265), Ceará (2.157 e 116), Amazonas (1.554 e 106) e Pernambuco (1.484 e 143). O Amazonas continua sendo a unidade da Federação com maior taxa de incidência, e Fortaleza, a capital com mais pacientes confirmados a cada um milhão de habitantes.

A taxa de letalidade é de 6,1%. De acordo com o Ministério da Saúde, a porcentagem tem relação com a quantidade de casos confirmados, mas não condiz exatamente com o alcance da doença no país por conta da escassez de testes. Por enquanto, apenas pessoas hospitalizadas estão sendo testadas.

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