Cotado para embaixada, Eduardo Bolsonaro se encontra com o pai de novo

Um dos nomes apontados como opção para assumir a Embaixada do Brasil nos Estados Unidos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) conversou, neste domingo (14/07/2019),  com o pai, o presidente Jair Bolsonaro (PSL). Segundo o Estadão, a reunião deste domingo aconteceu no Palácio da Alvorada e durou, aproximadamente, 40 minutos, bem como o encontro entre os dois no sábado [13/07/2019]. Desta vez, porém, a esposa do parlamentar e o irmão, o senador Flavio Bolsonaro (PSL-RJ), também estiveram presentes.

O deputado, novamente, saiu sem falar com a imprensa. Bolsonaro pai se recupera da extração de um dente, ocorrida na tarde de sexta-feira [12/07/2019]. A eventual nomeação de Eduardo para a embaixada tem sido alvo de críticas de aliados do presidente. O escritor Olavo de Carvalho e a deputada estadual Janaína Paschoal (PSL-SP) não apoiam a indicação.

Para Olavo, considerado guru do chefe do executivo federal, a nomeação seria um “retrocesso” e a “destruição” da carreira do deputado. Janaína Paschoal adotou uma crítica mais amena. A parlamentar não questiona a capacidade de Eduardo e não identifica entrave legais na indicação, mas julga que ele deve assumir o papel de liderança, pelo fato de ter sido o deputado mais bem votado da história.

“Eduardo tem muito a fazer na Câmara e na presidência estadual do PSL. Sei que o convite é muito tentador. Mas o certo é recusar. Ele assumiu responsabilidades no Brasil. Precisa cumprir. Basta agradecer a deferência e declinar”, disse ela.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) espera a palavra de Bolsonaro sobre o assunto, mas fez ressalvas. “Ele (Eduardo Bolsonaro) é um colega, não vou ficar criticando um colega. Tenho dúvidas se o Eduardo pode ter uma nomeação que não seja de ministro”, comentou Maia ao Estadão.

No sábado, Bolsonaro levantou a ideia da indicação do filho indiretamente em uma postagem nas redes sociais. O chefe do Executivo nacional publicou um vídeo do  presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elogiando o deputado. “Vejo aqui na audiência o filho do presidente, que tem sido fantástico”, disse Trump, na gravação realizada em março, na Casa Branca.

Quadros de excelência

Por outro lado, a Associação e Sindicato dos Diplomatas Brasileiros (ADB) publicou uma nota na sexta-feira [12/07/2019]. “Embora ciente das prerrogativas presidenciais na nomeação de seus representantes diplomáticos, a ADB recorda que os quadros do Itamaraty contam com profissionais de excelência, altamente qualificados para assumir quaisquer embaixadas no exterior”, declarou o documento da entidade formada por 1,5 mil funcionários de carreira do Itamaraty.

Conforme levantamento feito pelo Estadão, entre os 17 senadores integrantes da Comissão de Relações Exteriores do Senado, seis dizem ser contrários a indicação do filho do presidente, sete são favoráveis, três não quiseram comentar o assunto e um não se manifestou. A “falta de experiência” é o principal argumento dos que não endossam a nomeação.

Somente uma indicação presidencial para embaixador foi rejeitada ao longo da história, conforme os registros da Comissão de Relações Exteriores. A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) tentou emplacar o irmão do ex-chanceler Antônio Patriota, Guilherme Patriota, para o posto de embaixador na Organização dos Estados Americanos (OEA). Os senadores barraram a nomeação.