Corte de juros nos EUA impulsiona busca por investimentos de Haddad
Segundo interlocutores do Ministério da Fazenda, corte de juros nos EUA desencadeia corrida por investimentos para países em desenvolvimento
atualizado
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O corte de juros nos Estados Unidos deverá desencadear uma corrida a investimentos por países em desenvolvimento (integrantes do chamado “Sul Global”). Será nesse clima que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, embarcará para Nova York, Estados Unidos, no próximo sábado (21/9), segundo interlocutores da pasta.
Haddad terá agenda própria em Nova York, em eventos paralelos à Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na semana de 23 de setembro. O foco da agenda do ministro será em mostrar que o Brasil está empenhado no processo de “transição verde” e atrair novos investimentos para o país.
O ministro usará essa semana para apresentar as entregas do Brasil na área econômica, apresentar o cenário macroeconômico e tentar posicionar o país nesse debate. “É claro que a redução da taxa de juros muda os termos do engajamento do ministro com os investidores”, revelou uma fonte da Fazenda.
O chefe da equipe econômica também deverá acompanhar parte da agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como o tradicional discurso de abertura da Assembleia feita pelo presidente brasileiro.
Nova York vai receber delegações dos 193 Estados-membros da ONU, reunindo, em um só lugar, todos os atores da economia verde mundial, um dos focos do Ministério da Fazenda, que conduz o Plano de Transformação Ecológica (PTE).
O corte de juros nos EUA
Na quarta-feira (18/9), Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, decidiu cortar em 0,50 ponto percentual os juros nos Estados Unidos. A taxa, que estava no intervalo de 5,25% a 5,50% desde julho de 2023, foi reduzida para 4,75% a 5% ao ano.
A decisão do comitê era esperada há meses por investidores. Este foi o primeiro corte nos juros desde 2020. As taxas estavam no maior patamar em uma tentativa de conter a inflação após a pandemia de Covid. Haddad avaliou que a decisão veio com atraso, mas agora ela dará um alívio para o Brasil.
“Eu penso que veio um pouco atrasado, mas veio. Nós estávamos esperando para junho o corte do banco central americano. Teve uma pequena turbulência no começo do ano que, decerta maneira, causou nos mercados todos alguma turbulência”, salientou Haddad a jornalistas ainda na quarta.
E completou: “Mas eu penso que agora deve entrar numa trajetória de cortes e eu penso que isso vai ser duradouro. Não acredito que em 2025 e 2026 nós tenhamos surpresas, o que é ótimo para o Brasil e para o mundo, porque isso dá um alívio doméstico grande e nos coloca uma responsabilidade de continuar fazendo um trabalho de arrumação da casa aqui para colher os frutos desses ventos favoráveis”.
Com juros menores nos EUA, a expectativa é de melhora na atividade econômica e de novo ânimo para que os investidores procurem mais rentabilidade, destravando investimentos diretos e também nas bolsas de valores do mundo todo.
Veja a previsão da agenda de Haddad em Nova York na próxima semana:
Domingo (22/9)
18h30 às 19h30: Jantar do World Business Council for Sustainable Development (WBCSD)
Segunda-feira (23/9)
9h às 10h: Evento-paralelo “Development Finance and Women Leaders Accelerating Sustainable Finance”
15h30 às 17h: Evento “Investing in Brazil’s Green Transformation”, organizado pelo Milken Institute
Quarta-feira (24/9)
11h45 às 12h45: Mesa-redonda de Alto-Nível sobre o Tropical Forest Finance Facility (TFFF), parte do Global Business Forum da Bloomberg Philanthropies