“Corri o quanto pude para salvá-lo”, diz irmão de vítima de Brumadinho
Fernando Nunes Araújo sabia que o irmão estava no refeitório no momento do desastre, mas a lama impediu que ele chegasse ao local
atualizado
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Enviados especiais a Brumadinho – “Corri o máximo que pude, entrei na mata. Eu tinha que salvar o meu irmão”, o desabafo emocionado é de Fernando Nunes Araujo, 29 anos. Os sonhos e projetos do irmão dele, Peterson Nunes Ribeiro, 35, foram interrompidos quando a barragem da Mina do Córrego do Feijão se rompeu, às 13h da última sexta-feira (25/1). A família seguiu à procura do técnico em almoxarifado, que almoçava no restaurante da Vale no momento da tragédia.
Fernando diz que viu muita lama e não conseguiu ouvir gritos de socorro, mas sabia exatamente onde o irmão poderia estar. “Eu tentei chegar até lá, mas a lama estava muito densa e quem entrava ficava atolado”, descreveu.
A última mensagem enviada por Peterson foi para a esposa, por volta das 10h, antes de a barreira romper. Ela perguntava como ele estava. O funcionário da Vale respondeu “tudo bem” e enviou um coração para a companheira.
“O sonho dele era comprar uma casa. O contrato de trabalho dele ia acabar em fevereiro. Ele estava animado para conseguir outro emprego e recomeçar. Agora, a vida dele acabou e a nossa também”, disse Fernando. Com olhos vermelhos e fala ofegante, o rapaz não esconde a dor e a revolta.
“Não consigo acreditar como milhões de brasileiros vão às ruas para derrubar políticos e se calam diante desse desastre e dessa empresa que tirou centenas de vidas. Precisamos fazer algo. Ninguém mais pode sentir essa dor que estamos sentido agora. Meu peito está rasgado. O que vou fazer sem meu irmão?”, emocionou-se.
Na manhã desta quinta-feira (31), foi realizado um culto ecumênico na Estação do Conhecimento, em Brumadinho (MG). A cerimônia reuniu cerca de 50 pessoas. Uma delas é a mãe de Perterson, Malvina Ferreira Nunes. Durante a oração, ela gritava o nome do filho. Passou mal e precisou ser socorrida por médicos.
