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Coronel Ustra x vítimas da ditadura: relembre frases polêmicas do ex-chefe do DOI-Codi

O militar, que foi o primeiro a ser reconhecido pela Justiça como torturador durante a ditadura, morreu nesta quinta-feira (15/10), aos 83 anos

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Dida Sampaio/Estado Conteúdo
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1 de 1 Dida Sampaio/Estado Conteúdo - Foto: Dida Sampaio/Estado Conteúdo

Principal nome da repressão militar durante a primeira metade da década de 1970, o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra morreu nesta quinta-feira (15/10), aos 83 anos, em decorrência de falência múltipla dos órgãos, causada por pneumonia. Primeiro militar a ser reconhecido pela Justiça como torturador durante a ditadura, Ustra foi o comandante do DOI-Codi de São Paulo entre 1970 e 1974. O local era tido como um dos principais centros de repressão do Exército durante o governo dos generais.

Acusado de ter participado pessoalmente de torturas a presos políticos, o coronel foi alvo de diversas ações de familiares de ex-militantes e do Ministério Público Federal. Dono de uma personalidade forte, Ustra sempre se defendeu argumentando que seguia ordens de superiores do Exército e que seus feitos tinham como objetivo combater o avanço do comunismo que poderia se instaurar no Brasil. Relembre, a seguir, algumas frases polêmicas de Ustra, assim como trechos de relatos de ex-presos políticos que conseguiram sobreviver aos porões regidos a mão de ferro pelo coronel.

Cinco frases do coronel Brilhante Ustra

Agi com a consciência e tranquila. Nunca ocultei cadáver. Sempre agi dentro da lei

Negando a acusação de que teria escondido corpos de presos mortos durante o regime militar

Os presos tiveram vários motivos para dizer que foram torturados: para negar as confissões, por medo de represálias, com fins eleitoreiros e até visando indenizações

Explicando as razões que levaram presos políticos a denunciá-lo na Justiça

Enfrentei várias organizações de esquerda, entre elas quatro nas quais a atual presidente da República atuou

Sobre a atuação da presidente Dilma Rousseff no Comando de Libertação Nacional - Colina

Demos um modelo para o mundo, com a criação dos Codis, dos DOIs e com alterações na Lei de Segurança Nacional como a incomunicabilidade de 30 dias

Em entrevista, em 2014, ao jornal Zero Hora

Você acha que o terrorista brasileiro é menos capaz do que o argentino ou uruguaio? Não! São todos iguais. Como que na Argentina, para combater o terrorismo, foram 30 mil mortes? No Uruguai, pequenininho, 5 mil (…). Se fôssemos combater igual aos outros, eram 150 mil no mínimo.

Comparando os regimes dos países da América do Sul

Cinco depoimentos de torturados

O Ustra mandou me despir, me colocou em pé numa poça d´água com aqueles fios de choque. Chamou vários agentes para testemunhar e exigiu que declamasse minhas poesias. Durante horas, ele, com uma espécie de vara de marmelo na mão, me batia

Gilberto Natalini, estudante de Medicina em 1972

Durante 10 dias, minhas crianças ficaram no DOI-Codi. Na cela, me viram sendo torturada, com o rosto desfigurado. Na semana em que meus filhos estavam ali, os torturadores falavam que eu seria morta. Era o inferno

Maria Amélia, presa junto com o marido em 1973

Eles me bateram e disseram: ‘Se você não disser onde está o Porfírio, mato seu marido’. Disse que não sabia e dei um tapa no soldado. Ele me deu um ‘telefone’ e desmaiei. Acordei toda molhada de cachaça e vômito

Dirce da Silva, ex-presa política e participante da luta pela terra na região de Trombas (GO)

Servi de cobaia para uma aula de tortura. Jacarés passearam sobre o meu corpo nu. Também levava choques elétricos, pendurada no pau de arara. Nesse momento, ouvi o professor dizer: “Essa é a técnica mais eficaz

Dulce Pandolfi, ex-secretária geral do DCE da Universidade Federal de Pernambuco

Um dos mais brutais torturadores arrastou-me pelo chão, segurando-me pelos cabelos. Depois, tentou estrangular-me e só me largou quando perdi os sentidos. Esbofetearam-me e deram-me pancadas na cabeça

Inês Etienne Romeu, presa em 1971 e sobrevivente da Casa da Morte de Petrópolis

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