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Coronel Naime, réu no STF pelo 8/1, recebe contracheque de R$ 578 mil

Coronel Jorge Eduardo Naime, da PMDF, se aposentou em junho, mas contracheque foi publicado nesta quinta (1º/8). Mulher dele pediu doações

atualizado

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Vinícius Schmidt/Metrópoles
PGR Jorge Eduardo Naime Barreto
1 de 1 PGR Jorge Eduardo Naime Barreto - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Com as remunerações reestabelecidas e fora da prisão, o coronel da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Jorge Eduardo Naime Barreto recebeu R$ 578 mil no mês de junho, com contracheque publicado somente nesta quinta-feira (1/8), no Portal da Transparência.

Após ser solto, ele solicitou à PM sua aposentadoria e viu entrar na conta a quantia: R$ 539,3 mil de licença-prêmio; salário mensal de R$ 23.430,91; e R$ 3,6 mil de benefícios.

Além disso, há um adicional de R$ 11.715,45 relacionado a serviço voluntário gratificado, horas extras, 13º salário, férias e diárias, o que soma os R$ 578 mil brutos.

A bolada de mais de meio milhão de reais é paga a Naime após a esposa dele, Mariana Fiuza Taveira Adorno Naime, pedir Pix a “patriotas” para sanar dívidas. Naime recebe um salário mensal maior que R$ 20 mil, mas recebeu contribuições de simpatizantes para ajudar a família.

Veja o que foi recebido por Naime, segundo o Portal da Transparência: 

imagem colorida do contracheque de Eduardo Naime, da PMDF, após receber 578 mil de aposentadoria

Nas publicações com pedido de Pix, Mariana afirmou ter “dívidas urgentes que precisam ser pagas” e que necessitava da ajuda “enquanto o salário esteve bloqueado e enquanto o provedor de sua família esteve preso”. O salário do coronel foi liberado em janeiro de 2024. Pedidos foram realizados após essa data.

O coronel teve a liberdade provisória concedida em maio deste ano. Em janeiro, decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes já havia determinado a retomada do pagamento integral do salário de Naime.

No dia 11 de junho deste ano, no entanto, com ele já solto e remuneração restabelecida, Mariana pediu ajudas via Pix nas redes sociais.

“Hoje acordei com o coração acelerado mais uma vez”, inicia o texto da publicação. “Temos dívidas urgentes que precisam ser pagas! Por isso, venho humildemente pedir, mais uma vez, a sua ajuda neste mês”, completou no final.

Veja post:

Publicação de 11 de junho deste ano, no perfil de Mariana Naime no X (ex-Twitter)

Ao mesmo tempo que o casal recebeu doações, no entanto, a casa da família passava por uma grande reforma, conforme revelou o Metrópoles.

A família Naime reside em uma casa de alto padrão em condomínio fechado em Vicente Pires. O local passa por uma reforma com melhorias, principalmente perto da área da piscina.

Ao Metrópoles Mariana Naime afirmou ter compromisso com a verdade e disse que “recebeu doações e apoio enquanto o salário esteve bloqueado e enquanto o provedor de sua família esteve preso”.

“Quando da ida à reserva, ele [o marido] recebeu valores/acerto da polícia e tem utilizado em casa. Essa associação que se faz é tendenciosa”, pontuou a esposa do militar.

Prisão, investigação e ação penal contra coronel

Jorge Eduardo Naime era chefe do Departamento de Operações (DOP) da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), mas não estava no cargo em 8 de janeiro de 2023, quando extremistas invadiram os prédios da Praça dos Três Poderes com a intenção de promover um golpe de Estado.

Naime, de licença-recompensa na época, é acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de omissão ante os atos antidemocráticos. Ele foi o primeiro militar da alta cúpula da PMDF preso em investigações do 8/1.

Ele e outros seis integrantes da cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), réus no Supremo Tribunal Federal (STF), pela suspeita de omissão e de cometerem ao menos outros cinco crimes têm seguido a vida fora da prisão com bons salários, ajuda de “patriotas”, reformas em casa e aposentadorias acima de meio milhão de reais.
Eles foram presos preventivamente, em agosto de 2023, em ação da Polícia Federal, mas tiveram a liberdade provisória autorizada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes.

Os dois últimos a saírem da cadeia foram o major Flávio Silvestre de Alencar e o tenente Rafael Pereira Martins, em 29 de maio. Mas todos recebem, ao menos desde janeiro de 2024, suas remunerações mensais.

Eles estão em liberdade provisória, mediante o cumprimento de medidas cautelares, como o uso de tornozeleira, enquanto respondem à Ação Penal nº 2.417, no Supremo.

A Corte os tornou réus, em 20 de fevereiro, quando a Primeira Turma aceitou, por unanimidade, a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra os sete policiais que integravam a cúpula da PMDF: os coronéis Fábio Augusto Vieira, Klepter Rosa Gonçalves, Jorge Eduardo Naime Barreto, Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra e Marcelo Casimiro, o major Flávio Silvestre de Alencar e o tenente Rafael Pereira Martins.

Na ação, os oficiais da PMDF respondem pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência, grave ameaça com emprego de substância inflamável contra patrimônio da União e com considerável prejuízo para a vítima, deterioração de patrimônio tombado, violação de dever contratual de garante e por ingerência da norma.

R$ 1,3 milhão

Os dois coronéis que comandavam a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) no 8 de Janeiro também se aposentaram após serem presos. Juntos, receberam R$ 1,3 milhão líquidos, conforme mostrou a coluna Grande Angular, do Metrópoles.

Fábio Augusto Vieira era comandante-geral da PMDF e foi exonerado do cargo pelo interventor federal na Segurança Pública do DF, Ricardo Cappelli, em 10 de janeiro de 2023, dois dias após os atos antidemocráticos em Brasília.

Klepter Rosa era o subcomandante-geral e foi alçado ao cargo de comandante após a exoneração de Fábio. O coronel ficou na função até 18 de agosto, quando foi preso.

Fábio e Klepter foram presos por suspeita de omissão diante da invasão e depredação das sedes dos Três Poderes. Os coronéis ficaram detidos por sete meses e foram soltos em março.

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Coronel da PMDF Klepter Rosa
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Ex-comandante-geral da PMDF, coronel Fábio Augusto

Breno Esaki/Especial Metrópoles
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Coronel da PMDF Klepter Rosa

Vinícius Schmidt/Metrópoles

Em 31 de janeiro de 2024, os ex-comandantes-gerais da corporação foram transferidos para a reserva remunerada da PMDF.

A aposentadoria, inclusive, foi um dos motivos que levou Moraes a autorizar a soltura dos coronéis. O ministro considerou que, por estarem fora da ativa, a liberdade dos coronéis não apresentava mais risco às investigações nem haveria possibilidade de eles mobilizarem a tropa em benefício próprio.

Klepter recebeu R$ 824,7 mil e Fábio, R$ 534,9 mil. Esses são os valores líquidos, ou seja, o que efetivamente foi pago após os descontos obrigatórios. Veja:

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O ex-comandante-geral da PMDF Fábio Augusto Vieira recebeu R$ 534,9 mil ao ser transferido para a reserva
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O ex-comandante-geral da PMDF Klepter Rosa recebeu R$ 824 mil ao se aposentar da corporação

Reprodução/Portal da Transparência do DF
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O ex-comandante-geral da PMDF Fábio Augusto Vieira recebeu R$ 534,9 mil ao ser transferido para a reserva

Reprodução/Portal da Transparência do DF

É comum coronéis receberem valores que giram em torno de R$ 500 mil quando se aposentam porque eles recebem licença-prêmio e licença especial, benefícios referentes a afastamentos previstos em lei que não foram usufruídos ao longo da carreira.

No caso de Klepter, dos R$ 824,7 mil, R$ 421,7 mil são referentes às licenças e R$ 288,9 mil às férias indenizadas. Fábio também recebeu R$ 421,7 mil de licenças não usufruídas.

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