Coronel ex-GSI defende golpe, xinga comandante da Marinha e ameaça Dino
Coronel José Placídio Matias dos Santos atuou por três anos no GSI na gestão Bolsonaro. Ele é um dos militares que pediu golpe de Estado
atualizado
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José Placídio Matias dos Santos, coronel que ocupou cargo de confiança no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) por três anos durante a gestão do general Augusto Heleno, pediu diretamente que o general Júlio César de Arruda, comandante do Exército, se coloque à frente de um golpe de Estado.
“General Arruda, o Brasil e o Exército esperam que o senhor cumpra o seu dever de não se submeter às ordens do maior ladrão da história da humanidade. O senhor sempre teve e tem o meu respeito. FORÇA!!”, escreveu em suas redes sociais para 19 mil seguidores. A postagem foi feita em 8/1, data do ato antidemocrático nas sedes dos Três Poderes.
Em outro post, o coronel se referiu aos golpistas como “patriotas” e afirmou que aquela seria uma oportunidade para que as Forças Armadas se rebelassem e “entrassem no jogo, desta vez do lado certo”. “Onde estão os briosos coronéis com tropa na mão?”
Placídio foi nomeado em fevereiro de 2019 como assessor chefe militar da Assessoria Especial de Planejamento e Assuntos Estratégicos da Secretaria Executiva do GSI e deixou o gabinete em março de 2022.
Ainda na data dos ataques, Placídio fez uma ameaça ao ministro da Justiça, Flávio Dino: “Sua purpurina vai acabar”.
Dois dias antes, em 6/1, fez uma publicação desafiando o comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, a puni-lo. “Marinha do Brasil!! Sai um heroi patriota, entra uma prostituta do ladrão, com o devido respeito a elas. Venha me punir, Almirante, e me distinga em definitivo da sua estirpe”, declarou.
Diversos militares da ativa já foram identificados entre os participantes dos atos golpistas. Somente nesta semana, um sargento do Exército e suboficial da Marinha, ambos da reserva do Rio Grande do Sul, foram levados para a Papuda.
Outro integrante das Forças Armadas que incentivou os atos foi o coronel Fernando Montenegro. Segundo o Estadão, na data das invasões, ele enviou mensagens aos golpistas dizendo: “Façam o que deve ser feito”. No Twitter, o coronel tem 41 mil seguidores, e afirmava que a intervenção militar era “uma iniciativa de militares da ativa que não se inicia pelo comandante”. Sua conta foi bloqueada por decisão judicial, em 29 de dezembro, mas continuou ativo.
Campanha contra resultado
Ainda em 2022, inconformados com a aceitação dos integrantes do Alto Comando com o resultado das eleições, radicais bolsonaristas lançaram uma campanha com o objetivo de assediar o maior número de generais.
Segundo informações obtidas pelo jornal, golpistas divulgavam o número dos comandantes e enviavam mensagens como: “E agora, general? No dia 01/jan/2023, V. Exa. pretende prestar continência a quem? Ao povo brasileiro ou aos Comunistas?”
Outra campanha lançada tratava os generais que aceitaram Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como vencedor do pleito, como traidores e melancias. Ela atingiu, entre outros, os comandantes militares do Sudeste (Tomás Ribeiro de Paiva), do Leste (André Luiz Novaes), do Nordeste (Richard Nunes) e o chefe do Estado-Maior do Exército, Valério Stumpf.
A maior parte dos militares, no entanto, mostrou aceitar o resultado das eleições do ano passado. Entre eles, está o comandante da Força, Marco Antônio Freire Gomes. Em 16 de novembro, ele enviou nota aos militares afirmando:
“O Exército Brasileiro permanece coeso e unido, sempre em suas missões constitucionais, tendo a hierarquia e a disciplina de seus integrantes o amálgama que o torna respeitado pelo povo brasileiro, seu fiador.” Contra as ordens do general Freire, colegas passaram a buscar a quebra da disciplina e da hierarquia.
Ainda em 2022, 221 militares da reserva, autodenominados Guardiões da Nação, assinaram uma petição aos comandantes das Forças Armadas pedindo ações contra as decisões do Tribunal Superior Eleitoral.