Coronavírus: passageiros do exterior entram no Brasil sem triagem
Anvisa diz não haver “indicação para controle de temperatura” e barra ação de estados e municípios
atualizado
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Enquanto o novo coronavírus avança sobre o país, aeroportos internacionais como de Guarulhos, em São Paulo, e o Galeão, no Rio de Janeiro, não tem sido feita a triagem ou sequer verificação mais cuidadosa da situação dos passageiros que chegam da Europa e dos Estados Unidos.
Questionada, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) admitiu que “não há indicação de fazer qualquer tipo de controle de temperatura nos viajantes”.
A situação, no entanto, é diferente no restante do mundo. Na China, na Itália, na Coreia do Sul e nos Estados Unidos, onde já foi registrado um total de 133 mil infectados e 6,4 mil mortes, a medição da temperatura de passageiros vem sendo adotada em aeroportos para conter a doença.
No aeroporto de São Paulo, passageiros relataram situação de normalidade no desembarque. A servidora Laura Gracindo, acaba de voltar de férias da Espanha, que já registra 14.535 casos de infecções e 630 mortos. “Foi uma chegada normal como qualquer outra, a diferença é que na hora de passar pela alfândega pedem para as pessoas abaixarem as máscaras para a análise da câmera. E tem o sistema de som que fica repetindo que, se você tiver os sintomas, deve procurar o sistema de saúde. O único aviso é esse nos alto-falantes”, relatou.
Eficácia
Procurado, o Ministério da Saúde não se manifestou sobre essa situação. Nessa segunda-feira (16/03), Luiz Henrique Mandetta, disse ter dúvidas sobre a eficácia da medição de temperatura de passageiros. “O início desse quadro gripal é muito mais de sintomas vagos, dor no corpo, um pouco de coriza, arranhando a garganta. Agora, o período de incubação é de 3 a 7 dias, com pico no quinto dia. Então, o primeiro, segundo, terceiro você está totalmente sem febre”, afirmou Mandetta.
Diante disso, o ministro questionou “você investir milhões para colocar um termômetro em cada um para saber que 75%, 80% dos pacientes que passarem por ali podem estar infectados. Aquilo não tem nenhuma utilidade como instrumental de saúde pública”. “É só para que as pessoas olhem e falem: ‘Está medindo a temperatura’. E eficácia como instrumento é praticamente desprezível. A gente precisa ver eficácia de ações”, disse o ministro.
A Anvisa informou que até o momento “não há indicação de fazer nenhum tipo de controle de temperatura nos viajantes em aeroportos”. “Importante destacar que a atuação em portos e aeroportos é função exclusiva do ente federal, no caso a Anvisa. Dessa forma, esclarecemos aos representantes dos governos locais quanto à impossibilidade de atuação de órgãos estaduais e municipais nos portos e aeroportos”, alegou o órgão.
Guarulhos
Já a GRU Airport, concessionária responsável pelo Aeroporto Internacional de São Paulo, disse à reportagem que “segue todas as recomendações da Anvisa e coopera com os órgãos federais e companhias aéreas, além de manter alertas sonoros, em três idiomas, e vídeo informativo em seus canais de comunicação para todos os passageiros e colaboradores”.
Galeão
Funcionários do Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio, encaminham à Anvisa passageiros autodeclarados como suspeitos de infectados pelo coronavírus. Servidores da agência também agem se alguém manifestar sintomas típicos da doença — tosse e febre — a bordo de uma aeronave. Nesse caso, quando notificados pela tripulação, os funcionários da autarquia vão a bordo. Eventualmente, encaminham o paciente para exames.
Se não declararem suspeitar ter a doença ou se não manifestarem sintomas, os passageiros desembarcam sem restrições. Segundo a concessionária Rio Galeão, administradora privada do terminal, a abordagem e a triagem de passageiros com supostos sintomas da covid-19 cabem exclusivamente à Anvisa.
Em nota, a concessionária informou que mantém em ordem itens de higiene. (Com Agência Estado)