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Coronavírus: especialistas temem ida de indígenas a cidades

Índios costumam se deslocar para receber recursos de programas sociais e entidades se preocupam com possível aumento do contágio

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1 de 1 indígenas1 - Foto: Reprodução

Em 11 dias desde o primeiro caso confirmado de coronavírus entre indígenas, o governo federal registrou três mortes de vítimas de diferentes etnias em decorrência da infecção. A velocidade com que a Covid-19 chegou aos povos originários preocupa especialistas ouvidos pelo Metrópoles, que temem que índios não consigam manter o isolamento social por falta de políticas públicas do governo durante a pandemia.

O pesquisador do Instituto Socioambiental (ISA) Antonio Oviedo afirmou que a própria Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde, recomendou que ninguém saísse das aldeias. Mas lembrou que o pagamento de benefícios sociais continua sendo feito nas cidades. 

Além de pensões, aposentadoria e Bolsa Família, há ainda o acesso ao auxílio emergencial de R$ 600 a informais e vulneráveis, implementado recentemente pelo governo, que prevê o depósito por três meses durante a pandemia. Para Oviedo, era preciso uma “escuta mais atenta” do Executivo para garantir que os recursos cheguem diretamente aos povos, sem que eles tenham que deixar as comunidades.

Os programas sociais, segundo o pesquisador, são cada vez mais importantes, principalmente porque grande parte da renda dos indígenas vêm das relações com mercados regionais. Com o isolamento social, o comércio é enfraquecido. “Se os suprimentos não chegam nas aldeias, eles acham uma condução para chegar às cidades e podem se contaminar.”

Segundo boletim epidemiológico desse domingo (12/04), além das três vítimas do coronavírus, foram contabilizados nove casos confirmados e 23 suspeitos. O primeiro teste positivo de Covid-19 entre indígenas foi no último 1º de abril. À época, não tinham sido registrados óbitos, apenas 17 casos suspeitos.

Protocolo de prevenção
A Sesai elaborou em março uma série de orientações e regras para lidar com o novo coronavírus nas aldeias. Além disso, emitiu informativos que discriminam os serviços específicos pedidos pela pasta. No último 5 de abril, conforme apurou a reportagem, a Sesai fez um pedido formal para a compra de cestas básicas a “indígenas com insegurança alimentar”.

O pedido foi atendido, quatro dias depois, pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. A Ação de Distribuição de Alimentos (ADA) destina R$ 35 milhões em cestas básicas a indígenas e quilombolas durante a pandemia. O contrato foi fechado com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), responsável pela entrega da comida.

Essa foi apenas uma das diversas medidas pleiteadas pela Sesai que foram atendidas. Há outros diversos pedidos, como a antecipação da campanha de vacinação de gripe aos povos originários, mas que ainda não foi confirmada.

Ajuda dos estados
A coordenadora-executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Sônia Guajajara, afirmou que, devido ao que chama de “negligências” do governo Bolsonaro, a sociedade civil concentre os esforços na articulação dos governos estaduais. “Uma vez que o governo federal não demonstra compromisso para a construção real de um plano emergencial”, lamentou.

Como mobilização, a associação enviou uma carta direta aos gestores dos 26 estados e do Distrito Federal pedindo a adoção de estratégias para o controle da circulação de pessoas nos territórios nacionais, sobretudo dos entes participantes da Amazônia Legal.

Outra via de política pública reivindicada é o de testagem rápida em todos os indígenas. “Os povos indígenas não estão apenas expostos ao novo coronavírus, mas também à acentuada vulnerabilidade social que dificulta o enfrentamento do processo epidêmico, assim como a sustentabilidade alimentar.”

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