Coreano do pagode de Round 6 ama Só Pra Contrariar e Péricles
“Músicos brasileiros são como o BTS para nós, nossos ídolos”, diz o cantor de K-pagode Wontae, em entrevista ao Metrópoles
atualizado
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São Paulo – A Netflix resolveu unir duas coisas amadas pelos brasileiros: Round 6 e pagode. E foi assim que a banda coreana especializada no chamado K-pagode (ou pagode da Coreia) tell a tale foi escolhida para gravar um vídeo soltando a voz na canção Melhor Eu Ir, de Péricles. Lançada há uma semana, a gravação para divulgar a série que virou febre mundial acumula quase 330 mil
Wontae (no centro, na foto em destaque), de 33 anos, vocalista do conjunto estrangeiro, contou em entrevista ao Metrópoles que seu grupo favorito é o Exaltasamba, banda na qual Péricles começou a carreira.
“Amo todas as músicas deles. Se eu me encontrar com Chrigor, Thiaguinho ou Péricles, talvez eu enlouqueça”, revelou o líder da tell a tale. Ele virou fã também de outros músicos do gênero. “Tenho até uma tatuagem no braço esquerdo com o título da música e do álbum O Samba Não Tem Fronteiras, do Só Pra Contrariar. É muito significativo para mim, porque afinal toco samba em um país estrangeiro.”
A união de Brasil e Coreia
A relação dos sul-coreanos Wontae, 33 anos, Jundo, 36 anos, e Sebeen, 21 anos, com a música brasileira existe há pelo menos uma década. “Cada um de nós trabalhava em bandas diferentes, que tocavam ritmos brasileiros, como samba raiz. Então, descobrimos um interesse comum, o pagode moderno, e decidimos fazer música juntos”, contou Wontae.
Wontae começou a ouvir pagode acidentalmente: “Era uma melodia semelhante a um pop muito familiar, mas o ritmo me atraía”. De maneira simplista, a melodia é determinada pela sequência de notas, e o ritmo se define pelo estilo musical. “O ritmo brasileiro traz uma sensação excitante e um sentimento desconhecido para o coreano.”
Ele também vê semelhanças na produção dos países. “A maioria das letras têm histórias de amor, não mitos difíceis de entender. É parecido com a música coreana que eu gosto de ouvir, então naturalmente passei escutar música brasileira com frequência”, contou.
Letras em português
Wontae, que tem a missão de entoar as letras em português, não fala nada de nosso idioma: “Eu memorizo todas as letras”, revela ele, ao apontar que é difícil aprender uma nova língua na fase adulta.
Para o pagodeiro sul-coreano, uma boa batida é o ponto mais importante para levar o samba ao outro lado do mundo. “Você pode escrever as letras em legendas e entender o significado mesmo que eu não fale bem o português”, afirmou. “Além disso, acho que sou muito bom em cantar em português”, diverte-se.
Ainda assim, ele se preocupa em entender o que está repetindo. “O significado eu aprendo usando um dicionário ou tradutor antes de cantar. É importante saber o significado ao expressar a música”, disse.
De acordo com o músico, a maioria dos admiradores da tell a tale são brasileiros. “É difícil se comunicar adequadamente com os fãs. Estou dando o meu melhor, mas acho que ele podem acabar desapontados. Nosso papel é estudar mais o português e tocar boa música. Meu objetivo é um dia falar fluentemente, mas não estou estudando tanto”, reconhece.
Fãs de carteirinha
“Muitos músicos brasileiros compartilharam nossos vídeos, mas, infelizmente, ainda não temos um relacionamento com eles. A maioria deles são como o BTS para nós. Nossos superstares”, disse Wontae. Apesar da admiração pelo Exaltasamba e Só Pra Contrariar, o vocalista gostaria de ter a chance de conhecer pessoalmente Anitta, Iza e Ludmilla.
O coreano contou que conheceu no Japão o bloco carnavalesco Monobloco, há cinco anos. “Jantamos juntos e cantamos no palco, mas não sei se vão se lembrar de mim. No entanto, é uma memória preciosa para mim”, comemorou.
Sobre os colegas de banda, explicou que Jundo tem falado muito sobre Mumuzinho e Sebeen gosta de Ferrugem. “Sebeen se apresentou no palco com o Grupo Revelação em viagem ao Brasil no ano passado”, lembrou.
Turnê no Brasil
Wontae afirmou que a banda de K-pagode tell a tale quer fazer shows no Brasil assim que a pandemia acabar. “Claro, haverá várias restrições, mas quero ir ao Brasil e interagir com muitos músicos e encontrar fãs que nos amam”, declarou.
O grupo também planeja lançar um álbum. “Estamos trabalhando, mas, infelizmente, continua atrasado”, disse. Ele contou que querem seguir se divertindo com o pagode e recebendo amor dos fãs, mas confessa que nem sempre é fácil. “Precisamos ganhar algum dinheiro e ser capazes de continuar a música que pensamos.”