Copacabana Palace é multado em R$ 15 mil e interditado para eventos por 10 dias
A infração, classificada como gravíssima, foi constatada em festa de aniversário de bicheiro, com show de Gusttavo Lima
atualizado
Compartilhar notícia
Rio de Janeiro – O Hotel Copacabana Palace, o mais tradicional do Rio de Janeiro, foi multado em cerca de R$ 15 mil e interditado para eventos por 10 dias. A punição foi confirmada após a publicação, com exclusividade, pelo Metrópoles, das imagens de convidados sem máscara e aglomerados em fila para entrar na festa em comemoração ao aniversário de Adilson Coutinho, um bicheiro do estado fluminense.
A Vigilância Sanitária constatou desobediência às medidas de proteção à vida estabelecidas na Resolução Conjunta SES/SMS-RJ 871/2021 e ao Decreto Rio 48845/2021.
A constatação de que as regras sanitárias e de proteção à vida foram quebradas se deu a partir de imagens de foto e vídeo publicadas pelo Metrópoles e por convidados da festa. A infração sanitária determinada pela Vigilância Sanitária foi avaliada como gravíssima, com multa no valor de R$ 15.466,81, e foi determinada a interdição para realização de festas pelo período de 10 dias a partir deste sábado (15/5).
De acordo com nota oficial da Prefeitura do Rio, “nas referidas imagens, foi constatada aglomeração generalizada em frente a apresentação musical, caracterizando pista de dança. Os convidados não usavam máscara facial e não respeitavam o distanciamento mínimo de 1,5 m entre os participantes. Na entrada do estabelecimento, as imagens também evidenciaram aglomeração em fila de espera e acesso desordenado ao local”.
Veja:
Na noite de sexta-feira (14/5), o secretário de Ordem Pública e agentes da Vigilância Sanitária fizeram uma fiscalização no hotel Copacabana Palace, antes dos shows começarem, mas não constataram nenhuma infração durante a permanência dos agentes municipais nos salões do hotel, reservados para os cerca de 500 convidados.
A festa em homenagem ao bicheiro contou com atrações como o show de Gusttavo Lima, o mais aguardado, Alexandre Pires e Ludmila; e aconteceu no dia em que o Brasil ultrapassou 432 mil mortos pela Covid-19.
O evento blacktie teve direito a dezenas de seguranças em toda a área externa do hotel, manobristas e a uma lista de convidados com anônimos e famosos, como o cantor Mumuzinho, que chegou ao local sem máscara. O cantor Gusttavo Lima comentou, por meio de assessoria, sua participação na festa, e disse que tudo estava “dentro das normas”.
Antes das 22h, horário marcado para o início da festa, a aglomeração já acontecia. Em fila, os convidados esperavam para acessar o local.
Veja nas fotos abaixo:
O aniversariante
Empresário da construção civil, presidente do Clube Atlético Barra da Tijuca e tio do bicheiro Helio de Oliveira, o Helinho de Oliveira, presidente da Acadêmicos da Grande Rio, Adilson Coutinho de Oliveira também é investidor da carreira do funkeiro Kevin O Chris e o homenageado do evento.
Em operações da Polícia Federal, o nome do aniversariante aparece no ramo das máquinas caça-níqueis. Em 2009, suas ligações telefônicas foram rastreadas pela Operação Furacão, que investigou a cúpula do jogo do bicho no Rio de Janeiro. Na época, Adilson era apontado como braço direito do bicheiro Jaime Garcia Dias.
Em outro episódio, em dezembro de 2011, Adilson também foi alvo de uma apreensão policial. Durante a Operação Dedo de Deus, que investigava o tio dele, a casa do anfitrião virou cena de filme. Na residência, localizada na Barra da Tijuca, foram apreendidos R$ 3,9 milhões, 2.950 euros, um computador, um carro blindado e uma réplica de fuzil Ak-47. Era tanto dinheiro que a Polícia Civil precisou recorrer a um carrinho de supermercado para recolher e retirar os maços de notas de R$ 50 e R$ 100.
Eduardo Paes
Em coletiva na sexta, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, foi questionado se tomaria atitudes em caso de descumprimento das regras previstas para realizações de evento na cidade. Na ocasião, o repórter chegou a citar especificamente a festa marcada para o Copacabana Palace. Paes respondeu que se estivesse fora das normas, a prefeitura tomaria providências.
Após a promoter Carol Sampaio ser apontada como responsável pela lista de convidados, a assessoria dela negou a informação. Em nota, a equipe da promoter argumenta que “a CS Cerimonial, um dos braços da CS Eventos, da qual Carol é sócia, não teve responsabilidade pela quantidade de pessoas no local e a mesma não estava presente no local”.
O texto segue informando que “a empresa foi responsável apenas pelo cerimonial, respeitando todas as normas de segurança regulamentadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). “É extremamente necessário comunicar que a empresária é radicalmente contra o desrespeito às normas de segurança da Covid-19”, completa a nota.
Por meio de nota, o Copacabana Palace informou que, “para a realização do evento do dia 14 de maio nas dependências do hotel, foram cumpridas todas as exigências e obrigações legais estabelecidas pelo Decreto n° 48.845, publicado em 7 de maio de 2021 no Diário Oficial do Município”.
Leia a nota na íntegra:
“O Copacabana Palace informa que, para realização do evento do dia 14 de maio nas dependências do hotel, foram cumpridas todas as exigências e obrigações legais estabelecidas pelo decreto n° 48.845, publicado em 7 de maio de 2021 no Diário Oficial do Município.
O Copa reforça para seus contratantes externos que o comprometimento com as recomendações das autoridades é um pré-requisito para que os eventos aconteçam.
Adotamos um protocolo de prevenção e combate à Covid-19 de acordo com as regras vigentes, de modo que a saúde e segurança de hóspedes, funcionários e clientes são nossa maior prioridade.”
Veja fotos da vistoria feita pelo Seops: