COP28: Lula terá 26 agendas em busca de protagonismo ambiental
Lula terá programação intensa durante os dois dias de participação na conferência. Expectativa é consolidar o Brasil como potência ambiental
atualizado
Compartilhar notícia
Enviada especial a Dubai* – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) inicia, nesta sexta-feira (1º/12), uma programação intensa, liderando a delegação brasileira na 28ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP28) em Dubai, nos Emirados Árabes.
O titular do Planalto chegou ao hotel, em Dubai, por volta das 18h, no horário local (10h em Brasília) dessa quinta-feira (30/11), e pretende aproveitar o encontro de líderes para firmar a posição do Brasil como potência ambiental, a partir de discursos e agendas bilaterais com ao menos nove chefes de Estado.
Lula tem como carta na manga a queda no desmatamento, um plano de proteção de florestas e os avanços tecnológicos a partir da transição energética — com intensificação do uso de biocombustível e hidrogênio verde — para encorpar a retórica brasileira. Temas como exploração de petróleo na Amazônia, no entanto, podem ofuscar o discurso.
No âmbito dos encontros a portas fechadas, Lula conversará com lideranças como o primeiro-ministro Pedro Sanchéz, da Espanha; o primeiro-ministro Rishi Sunak, do Reino Unido; o presidente Emmanuel Macron, da França; e o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.
Além deles, na agenda do petista constam nomes como o do presidente de Israel, Isaac Herzog — voz importante em meio ao conflito entre israelenses e o grupo Hamas —, e de líderes do continente africano, como o presidente da União Africana, Moussa Faki, e da Etiópia, Abiy Ahmed Ali (veja a lista de agendas bilaterais abaixo).
O presidente brasileiro também vai oferecer um jantar intitulado The Amazon: an immersive experience (A Amazônia: uma experiência imersiva), em parceria com o xeique Mohamed bin Zayed Al Nahyan, presidente dos Emirados Árabes Unidos, país anfitrião da conferência do clima este ano.
Cobranças à comunidade global
A conferência deste ano ocorre em meio a um cenário alarmante. Este, que deve ser o ano mais quente da história, foi marcado por eventos climáticos extremos. A comunidade internacional precisará encontrar respostas para desafios em termos de mitigação e adaptação, além de perdas e danos — auxílio financeiro às nações mais afetadas pelas mudanças no clima.
No primeiro dia de conferência, nessa quinta-feira (30/11), as delegações aprovaram em decisão inédita a criação de um fundo para eventuais perdas e danos de países vulneráveis. A discussão, iniciada na COP27, no Egito, avançou este ano com o anúncio de um fundo de US$ 400 milhões para o tema — uma das decisões mais importantes para a luta contra a crise climática.
Segundo o negociador-chefe do Brasil para Mudança do Clima, embaixador André Aranha Corrêa do Lago, a decisão logo na abertura da conferência, algo inédito na história das COPs, “reforça que é no multilateralismo que vamos encontrar as soluções”.
“Começamos com o Fundo para Perdas e Danos e esperamos que este momento nos inspire a assegurar uma transição justa para combater a mudança do clima”, avalia.
Acordo Mercosul-UE
Em outro espectro das prioridades estabelecidas por Lula para a política externa brasileira este ano, o presidente se reunirá, durante a programação da COP, com peças-chave para costurar a ratificação do acordo Mercosul-UE.
A expectativa da diplomacia brasileira é concluir o tratado até o próximo dia 7, quando se encerra a presidência do país à frente do bloco sul-americano.
Antes de viajar para o Oriente Médio, Lula conversou por telefone com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Na ocasião, eles apararam arestas sobre o tratado, e ficou acertado que se encontrariam presencialmente para a apresentação dos últimos detalhes durante a viagem de ambos a Dubai. O compromisso está marcado para as 15h20 desta sexta-feira.
Repórter viajou a convite do Instituto Clima e Sociedade