Cooperativa de Sérgio Reis é investigada por garimpo em terra indígena
Cantor foi um dos criadores da cooperativa, mas alega que não tem mais ligações com a entidade e que seu objetivo foi ajudar os indígenas
atualizado
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O Ministério Público Federal (MPF) no Pará investiga uma cooperativa que pretendia viabilizar a exploração mineral na terra indígena Kaiapó. A entidade Cooperativa Kaiapó foi criada em 2019 com a ajuda do ex-deputado e cantor Sérgio Reis.
Em março, indígenas divulgaram um manifesto em que criticavam a atuação da cooperativa na região. Para eles, ela não se encaixa no “contexto do modo como a comunidade sobrevive”. De acordo com os caciques, cada aldeia já tem sua própria instituição ou associação. “Não precisamos que brancos falem por nos”, escreveram, segundo o jornal O Globo.
Dados da Receita Federal mostram que, além da mineração, a entidade pretende explorar recursos florestais, hídricos e comercializar créditos de carbono. O atual presidente e o diretor da entidade são brancos.
Sérgio Reis admitiu ao jornal ter participado da criação da cooperativa. Ele alega que criou a entidade após ir à tribo e constatar as condições ruins do local, segundo ele. “Levei até minha esposa, que ficou uma semana na tribo. Ela ficou assustada e ficou com dó. Foi aí que resolvemos criar essa cooperativa”, contou.
Ele, no entanto, afirma que apenas “deu a ideia”, mas que não participa mais da cooperativa. “(A cooperativa) É dos índios. Eu não tenho nada. Não ganho nada. Não quero nada […] Não tenho terra nenhuma (nas imediações). Não mexo mais com agricultura. Eu só canto e olhe lá, porque de vez em quando eu desafino”, disse à reportagem.
O artista ainda afirmou que a iniciativa havia sido elogiada por Jair Bolsonaro (sem partido). “Ele falou: ‘Excelente trabalho. Vamos cuidar disso com carinho. O índio não merece viver assim. Eles vivem em cima de milhões’”.
A investigação
Na esfera cível, o MPF investiga a empresa desde 2019.
O intuito é descobrir quais são os produtos explorados pela cooperativa, se há indígenas no conselho de administração, se a Fundação Nacional do Índio (Funai) ou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) participaram da sua fundação e se houve consulta prévia aos indígenas sobre a sua criação conforme prevê a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Ainda não há informações se Sérgio Reis está sendo investigado pelo MPF como parte do inquérito.