Contra greves, líder do governo propõe recuo em aumento para policiais
Governo Bolsonaro articulou reajuste apenas para as forças federais de segurança, mas pressão crescente de outras categorias assusta
atualizado
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O aceno do presidente Jair Bolsonaro (PL) aos servidores das forças de segurança – que seriam as únicas categorias do funcionalismo federal a receberem reajuste salarial em 2022, segundo os planos do governo – parece cada vez mais difícil de ser concretizado. Diante da forte pressão que tem sido exercida por outras carreiras do serviço público por aumento (incluindo a ameaça de uma enorme greve em pleno ano eleitoral), cresce entre líderes do Congresso a ideia de que o melhor é negar o benefício a todos os servidores.
Essa tendência foi verbalizada nesta sexta-feira (7/1) pelo próprio líder do governo na Câmara, deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), que disse, em entrevista à Folha de S.Paulo, que o melhor é “não dar nada a ninguém”.
A reserva de R$ 1,79 bilhão para a concessão de reajustes está prevista no Orçamento Federal aprovado pelo Congresso no final do ano passado. A inclusão do montante foi resultado de dedicação pessoal do presidente da República, que chegou a ligar para um até ali resistente relator da Lei Orçamentária, o deputado federal Hugo Leal (PSD-RJ).
A ideia era beneficiar apenas servidores da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Departamento Penitenciário Nacional (Depen). Como o anúncio desceu quadrado para as demais categorias desde o primeiro momento, o próprio Bolsonaro chegou a mostrar desconforto e dizer, em uma de suas lives, que ainda não estava definido quem receberia aumento.
“Todos merecem”
No dia 23 de dezembro, pouco tempo depois de os servidores da Receita Federal aprovarem indicativo de paralisação em protesto contra a sinalização de aumento só para os colegas das carreiras da segurança, o presidente afirmou que nenhuma categoria foi especificada.
“Não tem nada definido”, disse, desconversando ao argumentar que o que gostaria era de dar reajuste também às demais categorias. “Todos merecem“, afirmou.
Sem reajuste desde 2017, os servidores federais já amargam, segundo os sindicatos, quase 30% de defasagem salarial. A insatisfação com a perspectiva de mais um ano sem aumento está levando esses funcionários públicos a ameaçar o governo com greves. O Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), por exemplo, prepara uma paralisação geral em 18 de janeiro próximo.