Contra boicotes, governo aposta em alta demanda mundial por alimentos
Balança comercial brasileira tem saldo positivo de US$ 31,76 bilhões no ano, uma queda de 12,9% em relação ao mesmo período do ano passado
atualizado
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O surto de peste suína que assola a China, maior produtor mundial de carne de porco, deve manter aquecidas as exportações brasileiras de alimentos, sobretudo de proteína animal, segundo a previsão do Ministério da Economia. Esse cenário global deve beneficiar o Brasil e compensar, segundo o subsecretário de Comércio Exterior da pasta, Herlon Brandão, possíveis boicotes a produtos nacionais no rastro da crise ambiental causada pelos incêndios na Amazônia.
Até agora, ainda segundo o governo, não é possível sentir os efeitos comerciais dessa crise de imagem. “Nem daria ainda para ver, porque qualquer barreira não tem um efeito imediato. Os contratos são feitos com muita antecedência. Só a viagem de navio entre Brasil e Europa, por exemplo, dura pelo menos 20 dias”, diz Brandão.
O Ministério da Economia divulgou nesta segunda-feira (02/09/2019) os dados de agosto da balança comercial. No último mês, o saldo entre exportações e importações brasileiras ficou positivo em US$ 3,28 bilhões. No período, o país exportou US$ 18,85 bilhões (-8,55% em relação a agosto de 2018) e importou US$ 15,57 bilhões (-13,32% em relação a agosto de 2018).
Nos resultados do ano, a balança comercial brasileira está positiva em US$ 31,76 bilhões. Foram exportados, de janeiro a agosto deste ano, US$ 148,85 85 bilhões (queda de 5,17% em relação ao mesmo período de 2018) e importados US$ 117,09 bilhões (queda de 2,84% em relação ao mesmo período do ano passado).
O valor total é 12,9% menor do que o do mesmo período de 2018, quando os primeiros oito meses registraram superávit comercial de US$ 36,665 bilhões.
Argentina em crise
Pelas previsões do governo, o Brasil deverá exportar este ano cerca de US$ 235 bilhões em produtos, uma queda de 2% em relação a 2018, quando o país vendeu US$ 239 bilhões para o exterior. As importações, ainda de acordo com as expectativas oficiais, também deverão ser 2% menores do que no ano passado, chegando a US$ 178 bilhões.
As quedas, segundo o governo, acompanham uma tendência global criada principalmente pela guerra comercial entre Estados Unidos e China. A crise argentina, porém, pesa bastante na balança comercial brasileira.
Só este ano, segundo o Ministério da Economia, o comércio com o país vizinho caiu 39,7% entre janeiro e agosto. “A Argentina era fonte de 70% das nossas exportações de carros, por exemplo. Com a crise, eles reduziram muito a compra”, explica Brandão.