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Consulta pública de vacinação em crianças abre e apresenta falhas

O sistema do Ministério da Saúde apresentou instabilidade ao longo do dia e alguns participantes não conseguiram submeter as respostas

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Fotografia colorida. Enfermeira dosa quantidade de vacina em seringa para aplicação
1 de 1 Fotografia colorida. Enfermeira dosa quantidade de vacina em seringa para aplicação - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

A consulta pública sobre vacinação de crianças de 5 a 11 anos teve início na noite desta quinta-feira (23/12) e já apresentou instabilidade. Ao finalizar o preenchimento do formulário on-line, a plataforma veiculava para alguns internautas a seguinte mensagem: “A pesquisa já atingiu o número máximo de respostas”.

Alguns minutos após participantes reclamarem do erro, o Ministério da Saúde abriu um segundo questionário, para que os dados pudessem ser submetidos. A falha, entretanto, reincidiu ao longo o dia. A reportagem perguntou à pasta federal o que causou o erro na consulta pública, mas, até a última atualização desta reportagem, não obteve resposta. O espaço segue aberto para manifestações.

O questionário on-line está previsto para permanecer no ar até o dia 2 de janeiro. Conforme antecipou o Metrópoles, a vacinação contra a Covid-19 para brasileiros de 5 a 11 anos será liberada a partir do próximo dia 10. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que os pais das crianças vão precisar apresentar um atestado médico para realizar a imunização do grupo etário.

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Depois da atualização da Saúde, com um segundo formulário, as respostas começaram a serem aceitas
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"Este formulário já foi respondido pelo número máximo de pessoas", diz mensagem em consulta pública

Reprodução/Ministério da Saúde
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Depois da atualização da Saúde, com um segundo formulário, as respostas começaram a serem aceitas

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O filho do presidente Jair Bolsonaro (PL) e deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL/SP) reclamou do erro apresentado no site do Ministério da Saúde. “Fui opinar na consulta pública e fui informado que o número máximo de pessoas já havia preenchido o formulário. Vou tentar de novo”, disse o parlamentar.

Ao Metrópoles a médica infectologista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia Raquel Stucchi comentou que também enfrentou problemas ao submeter dados na plataforma.

“Ao terminar o preenchimento, cliquei em ‘Enviar’ e meu formulário não foi enviado. A mensagem que apareceu foi que o número máximo de pessoas já respondeu. A consulta pública tem limite de participação? Não seria até dia 02 [de janeiro]? Há seriedade neste processo?”, questionou a infectologista.

De acordo com a especialista, além de apresentar problemas técnicos, o formulário foi redigido para induzir o cidadão ao erro, já que as perguntas estão com “negativas”. “Quem elabora prova sabe que não se deve fazer questões com frases negativas”, defendeu a especialista.

Perguntas dúbias

De acordo com especialistas, a consulta pública não é a melhor maneira de avaliar uma política pública de vacinação, porque a população não tem conhecimento científico sobre o assunto. O ideal seria escutar médicos, estudiosos e técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que já atestaram a segurança da imunização de crianças.

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A vacina é específica para crianças e tem concentração diferente da utilizada em adultos. A dose da Comirnaty equivale a um terço da aplicada em pessoas com mais de 12 anos
A tampa do frasco da vacina virá na cor laranja, para facilitar a identificação pelas equipes de imunização e também por pais, mães e cuidadores que levarão as crianças para receberem a aplicação do fármaco
Desde o início da pandemia, mais de 300 crianças entre 5 e 11 anos morreram em decorrência do coronavírus no Brasil
Isso corresponde a 14,3 mortes por mês, ou uma a cada dois dias. Além disso, segundo dados do Ministério da Saúde, a prevalência da doença no público infantil é significativa. Fora o número de mortes, há milhares de hospitalizações
De acordo com a Fiocruz, vacinar crianças contra a Covid é necessário para evitar a circulação do vírus em níveis altos, além de assegurar a saúde dos pequenos
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A Anvisa aprovou, em 16 de dezembro, a aplicação do imunizante da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos. Para isso, será usada uma versão pediátrica da vacina, denominada Comirnaty

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A vacina é específica para crianças e tem concentração diferente da utilizada em adultos. A dose da Comirnaty equivale a um terço da aplicada em pessoas com mais de 12 anos

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A tampa do frasco da vacina virá na cor laranja, para facilitar a identificação pelas equipes de imunização e também por pais, mães e cuidadores que levarão as crianças para receberem a aplicação do fármaco

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Desde o início da pandemia, mais de 300 crianças entre 5 e 11 anos morreram em decorrência do coronavírus no Brasil

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Isso corresponde a 14,3 mortes por mês, ou uma a cada dois dias. Além disso, segundo dados do Ministério da Saúde, a prevalência da doença no público infantil é significativa. Fora o número de mortes, há milhares de hospitalizações

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De acordo com a Fiocruz, vacinar crianças contra a Covid é necessário para evitar a circulação do vírus em níveis altos, além de assegurar a saúde dos pequenos

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Contudo, desde o aval para a aplicação da vacina em crianças, a Anvisa vem sofrendo críticas de Bolsonaro, de apoiadores do presidente e de grupos antivacina

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Para discutir imunização infantil, o Ministério da Saúde abriu consulta pública e anunciou que a vacinação pediátrica teria início em 14 de janeiro. Além disso, a apresentação de prescrição médica não será obrigatória

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Inicialmente, a intenção do governo era exigir prescrição. No entanto, após a audiência pública realizada com médicos e pesquisadores, o ministério decidiu recuar

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De acordo com a pasta, o imunizante usado será o da farmacêutica Pfizer e o intervalo sugerido entre cada dose será de oito semanas. Caso o menor não esteja acompanhado dos pais, ele deverá apresentar termo por escrito assinado pelo responsável

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Além disso, apesar de não ser necessária a prescrição médica para vacinação, o governo federal recomenda que os pais procurem um profissional da saúde antes de levar os filhos para tomar a vacina

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Segundo dados da Pfizer, cerca de 7% das crianças que receberam uma dose da vacina apresentaram alguma reação, mas em apenas 3,5% os eventos tinham relação com o imunizante. Nenhum deles foi grave

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Países como Israel, Chile, Canadá, Colômbia, Reino Unido, Argentina e Cuba, e a própria União Europeia, por exemplo, são alguns dos locais que autorizaram a vacinação contra a Covid-19 em crianças

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Nos Estados Unidos, a imunização infantil teve início em 3 de novembro. Até o momento, mais de 5 milhões de crianças já receberam a vacina contra Covid-19. Nenhuma morte foi registrada e eventos adversos graves foram raros

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A decisão do Ministério da Saúde de prolongar o intervalo das doses do imunizante contraria a orientação da Anvisa, que defende uma pausa de três semanas entre uma aplicação e outra para crianças de 5 a 11 anos

Rafaela Felicciano/Metrópoles

Os cientistas também alertaram que o formulário apresenta informações dúbias. Após fornecer dados pessoais – como nome, documentos, e em qual qualificação o cidadão está preenchendo a pesquisa –, a pessoa é direcionada para a página com as seguintes perguntas:

1. Você concorda com a vacinação em crianças de 5 a 11 anos de forma não compulsória, conforme propõe o Ministério da Saúde?

2. Você concorda com a priorização, no Programa Nacional de Imunização, de crianças de 5 a 11 anos com comorbidades consideradas de risco para Covid-19 grave e aquelas com deficiência permanente para iniciarem a vacinação?

3. Você concorda que o benefício da vacinação contra a Covid-19 para crianças de 5 a 11 anos deve ser analisado, caso a caso, sendo importante a apresentação do termo de assentimento dos pais ou responsáveis?

4. Você concorda que o benefício da vacinação contra a Covid-19 para crianças de 5 a 11 anos deve ser analisado, caso a caso, sendo importante a prescrição da vacina pelos pediatras ou médico que acompanham as crianças?

5. Você concorda com a não obrigatoriedade da apresentação de carteira de vacinação para que as crianças frequentem as escolas ou outros estabelecimentos comerciais?

A vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19, com o imunizante da Pfizer, foi autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) há uma semana.

De acordo com a agência reguladora, a dosagem do imunizante será pediátrica, e o frasco terá cor diferenciada da fórmula para adultos. Apesar da autorização, cabe ao governo federal adquirir as doses e incluir crianças no Programa Nacional de Imunizações (PNI).

O assunto já foi rejeitado, em diversas ocasiões, pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). Além disso, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, defende que o tema não é consensual. Mesmo com respaldo científico da Anvisa, de entidades médicas e da Câmara Técnica que assessora o Ministério da Saúde, Queiroga acredita que a imunização das crianças ainda deve ser debatida.

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