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Conselho indígena questiona Funai sobre adoção de crianças Yanomamis

Representantes jurídicos enviaram ofício após receber denúncias de que crianças de origem indígena estariam sendo retiradas dos pais

atualizado

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Foto colorida de uma criança indígena Yanomami sendo atendida por uma médica branca do SUS - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida de uma criança indígena Yanomami sendo atendida por uma médica branca do SUS - Metrópoles - Foto: Igor Evangelista/MS

O Conselho Indígena de Roraima (CIR) enviou um ofício a autoridades ligadas aos direitos de povos indígenas após receber denúncias de que crianças da etnia Yanomami estariam sendo retiradas dos pais e encaminhadas para adoção. A organização questiona como esses processos estão sendo realizados, e pede providências em caso de irregularidades.

No texto, o CIR o aponta que recebeu informações de que crianças indígenas da comunidade, ao chegarem às cidades em busca de atendimento médico, estariam sendo encaminhadas para processos de adoção, e questiona se essa decisão está ocorrendo em conformidade com a lei.

O documento foi enviado nessa segunda-feira (30) para Funai, Ministério Público, Vara da Infância, secretarias de Saúde e do Trabalho de Roraima, ao Conselho Tutelar do estado, a um hospital e abrigos infantis.

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Crianças Yanomamis
Ao menos 570 crianças Yanomamis morreram por causas evitáveis durante os últimos 4 anos, segundo a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara
Ministério da Saúde decretou emergência de saúde pública em decorrência da situação dos Yanomamis em Roraima
Relatos indicam que crianças expeliram vermes pela boca
Mais de 10 mil crianças indígenas ficaram desassistidas por conta de esquema de corrupção
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Criança yanomami sendo atendida por uma médica do SUS, em janeiro

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Crianças Yanomamis

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Ao menos 570 crianças Yanomamis morreram por causas evitáveis durante os últimos 4 anos, segundo a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara

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Ministério da Saúde decretou emergência de saúde pública em decorrência da situação dos Yanomamis em Roraima

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Relatos indicam que crianças expeliram vermes pela boca

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Mais de 10 mil crianças indígenas ficaram desassistidas por conta de esquema de corrupção

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O esquema identificado resultou no desabastecimento generalizado de medicamentos essenciais nas unidades de saúde da Terra Indígena Yanomami

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Esquema ocorreu no âmbito de contrato de R$ 3 milhões com o governo federal

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Criança Yanomami doente

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Segundo Junior Nicacio, coordenador do departamento jurídico do CIR, a associação foi informada de que meninas e meninos da etnia Yanomami estariam sendo retiradas das famílias e abandonadas em abrigos, aguardando uma família adotante.

“Nós últimos quatro anos, recebemos denúncias de que crianças indígenas foram retiradas das suas famílias para adoção. Entre eles, o caso de uma menina indígena, que os pais estão há 4 meses em Roraima tentando entender porque ela foi retirada da aldeia e do vínculo familiar”, explica Nicacio ao Metrópoles. 

De acordo com ele, o CIR foi informado que, no momento, duas crianças estão em processo de adoção, e cinco se encontram em acolhimento em instituições de Boa Vista. “Queremos entender se esse processo de adoção levou em consideração o direito de povos indígenas, e se o processo respeitou as normas para ocorrer legalmente”, explica.

Respeito à legislação

A Lei 2.010 de 2009, que dispõe sobre a adoção no país, inclui obrigatoriedades específicas no caso de crianças indígenas ou descendentes de quilombolas.

São eles: o respeito à identidade cultural e social; a priorização de colocação do menor no seio de sua comunidade, ou que a adoção ocorra por membros da mesma etnia da criança. Também é necessário o acompanhamento da Funai e de antropólogos da equipe judicial.

“Muitas dessas crianças não falam bem português, assim como as famílias. A denúncia que chegou para nós é que crianças Yanomamis chegaram nos abrigos, e não estão recebendo atendimento adequado. Porque essas crianças foram adotadas? A comunidade e os pais têm conhecimento disso?”, frisa Nicácio.

No texto, o CIR solicita “informações sobre projetos, medidas e ações tomadas pelos órgãos para atendimento às crianças dos povos Yanomamis, separadas ou desacompanhadas, e quais são os procedimentos adotados quando é constatado que uma criança está em situação de vulnerabilidade”.

Abrigo definitivo

Procurado pelo Metrópoles o governo do estado informou, em nota, que “todas as crianças e adolescentes que dão entrada nas unidades de acolhimento seguem o protocolo e são encaminhadas pelo Conselho Tutelar, via Vara da Infância”.

O governo de Roraima informa que no abrigo Infantil, no momento, há seis crianças indígenas Yanomamis, com idades de 6, 7 e 12 anos, além de três bebês: de 1 ano e 3 meses, 1 ano e outro de 6 meses. Quatro delas estão no abrigo de forma definitiva e duas chegaram recentemente. Segundo o governo, nenhuma criança aguarda o processo de adoção.

“Quando se trata de abandono, maus-tratos e vulnerabilidade, o Conselho Tutelar junto a Justiça, após análise do caso, expede uma guia de acolhimento Institucional para dar entrada nas Unidades de Acolhimento com a devida determinação Judicial. Após isto, segue os protocolos normais nas unidades de acolhimento e, caso ocorra a adoção, esta é feita via autorização judicial”, diz o comunicado.

Em nota, o ministério Público de Roraima (MP-RR) confirmou ter recebido a informação, mas explicou que a “questão da adoção de crianças é assunto do MP do estado, sendo o processo tratado no Tribunal de Justiça. “No entanto, o MPF estuda as informações e analisará se cabe alguma atuação complementar”.

A reportagem entrou em contato com a Funai, mas não obteve resposta até a publicação. A Coordenadoria da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça de Roraima informou que identificou cinco indígenas Yanomami em acolhimento institucional “e dois processos de adoção em tramitação”.

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