Conselho de Odontologia sofre intervenção após morte em procedimento
Mortes e graves lesões corporais em procedimentos estéticos realizados por dentistas em Minas Gerais levantaram suspeitas
atualizado
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O Conselho Regional de Odontologia de Minas Gerais sofreu intervenção após série de erros graves em procedimentos estéticos realizados por dentistas no estado que deixaram diversas mulheres com sequelas graves, levando à morte de uma delas.
Leonice Garcia, 63 anos, morreu horas depois dos procedimentos estéticos realizados pelo dentista Fernando Lucas Rodrigues. A mulher encontrou o profissional por meio de postagens em redes sociais.
O marido de Leonice disse ao Fantástico que Fernando Rodrigues convenceu a mulher a passar por quatro procedimentos: lifting para diminuir as rugas do rosto, blerafoplastia, retirada de pele das pálpebras e correção da flacidez do rosto.
A filha do casal, Isabela, afirmou que o profissional afirmava constantemente que “era uma cirurgia muito simples”.
As investigações mostraram que Leonice teve uma parada respiratória durante o procedimento realizado no consultório do dentista.
“Ela teve uma parada respiratória no meio do processo. (Eles) se utilizaram de adrenalina para tentar ressuscitá-la, e ela quase teve uma parada cardíaca também”, contou a delegada responsável pelo caso.
Mesmo após a parada respiratória, a mulher foi liberada para casa sem ter conhecimento do que aconteceu. Poucas horas depois, ela começou a passar mal, foi levada ao hospital, teve uma parada cardíaca e não resistiu.
Fernando Lucas Rodrigues deve responder por homicídio doloso pela morte de Leonice, e também por lesões corporais causadas em outras pacientes. Ele também deve responder por exercício ilegal da profissão, uma vez que realizava procedimentos proibidos pelo Conselho Federal de Odontologia.
Outra dentista que atuava em Minas Gerais, Camilla Andrade Silveira foi acusada por mais de 20 mulheres que realizaram retirada de gordura da parte inferior do queixo e desenvolveram sequelas graves. O procedimento pode ser feito por dentistas que fizeram o curso, porém, segundo a polícia, Camila falsificou o diploma.
Uma das mulheres teve uma infecção bacteriana grave e precisará passar por um tratamento de mais de dois anos.
A dentista Camila foi indiciada por lesão corporal e uso de documento falso.
Após os casos, o presidente e oito conselheiros do Conselho Federal de Odontologia perderam os cargos, e uma diretoria provisória assumiu os postos até que as investigações sejam concluídas.
Resposta dos acusados
A defesa de Fernando Lucas Rodrigues Alves, em nota enviada ao Fantástico, argumentou que “todo procedimento cirúrgico implica riscos inerentes, que são previamente comunicados aos pacientes, cuja ocorrência independe da conduta do profissional”.
Em nota, a defesa de Camilla Andrade Silveira informou que “os fatos alegados serão esclarecidos no processo judicial”.
O advogado do ex-presidente do Conselho Regional de Odontologia nega qualquer falha do cliente na fiscalização dos profissionais.