Conselho de Ética acata suspensão do mandato de Fernando Cury na Alesp
Em articulação do deputado Wellington Moura, venceu proposta de punição leve para quebra de decoro por acusação de importunação sexual
atualizado
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São Paulo – Por 5 votos a 4, o Conselho de Ética da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) aprovou uma proposta de voto em separado do deputado Wellington Moura (Republicanos).
Moura propôs punir o deputado estadual Fernando Cury (Cidadania) por quebra de decoro parlamentar por apenas 119 dias, sem corte de subsídio, isto é, o gabinete de Cury continuaria recebendo dinheiro da Alesp.
Votaram com Wellington Moura, os deputados Adalberto Freitas (PSL), Delegado Olim (PP), Alex de Madureira (PSD) e Estevam Galvão (DEM).
Cury é acusado pela deputada Isa Penna (PSol) por importunação sexual. Ele foi flagrado apalpando o corpo da deputada durante plenária da Alesp em dezembro de 2020.
O clima na reunião foi de comemoração da defesa e dos aliados de Fernando Cury, que articularam pela punição leve; e de decepção por parte do relator original do processo, Emídio de Souza (PT), dos aliados de Isa Penna, e dos deputados que queriam uma punição exemplar.
Após a votação da proposta de Moura, deputados aliados de Fernando Cury se retiraram para forçar ausência de quórum na sessão, impedindo qualquer nova deliberação e evitando ouvir declarações contra a proposta de Moura.
Agora, após a aprovação da suspensão, o processo vai ser apreciado por todos os deputados da Alesp por meio de uma comissão especial.
Articulação para pena mais leve
O deputado Wellington Moura (Republicanos) ofereceu voto em separado, propondo uma suspensão de mandato de 119 dias, sem cortar o subsídio de assessores que trabalham no gabinete de Fernando Cury.
“O número 119 não é cabalístico, essa proposta é para a suspensão ficar abaixo dos 120 dias que a Constituição do estado preconiza”, criticou Emídio de Souza.
Moura rejeita a proposta de pena de Emídio de Souza, que seria de 6 meses (180 dias), sem subsídio a todo o gabinete de Cury, já que “não haveria trabalho para os assessores em um gabinete paralisado”.
Emídio de Souza (PT), relator do processo, defendeu sua proposta de pena de suspensão de 6 meses, com corte de subsídio a todo o gabinete de Fernando Cury.
“É uma pena menor, mas que preserva a possibilidade de punição. Não é a pena desejável, mas outra pena mais sevara [cassação] poderia não prosperar com os demais deputados”, declarou Emídio de Souza.
“A proposta de 119 dias não é uma punição, é uma licença remunerada. Seis meses, sem subsídio, é o mínimo. Precisamos dar o exemplo à sociedade”, declarou a deputada Erica Malunguinho (PSol).
Delegado Olim (PP) chegou a pedir vistas do processo, o que foi defendido por Alex de Madureira (PSD). No entanto, esse pedido poderia delongar o rito, arriscando caducar o processo. Ao ser alertado por isso, Olim retirou seu pedido.
Uma das declarações mais contundentes foi a do deputado estadual Barros Munhoz (PSB), que disse estar indignado com a situação da deputada Isa Penna.
“Deputado Fernando Cury, meu irmão, você não falou a verdade quando disse que não bebeu naquela noite. E, mais, seu gabinete ficou aberto até quatro horas da manhã. Você cometeu uma falha grave. Eu sei disso, o Alex da Madureira sabe disso. Ele sabe porque tentou te segurar pelo braço para você não fazer besteira. Você tem que pagar pelo que fez. Renuncia o teu mandato. Eu voto até pela cassação do mandato.”
Deputado estadual Barros Munhoz (PSB)
A deputada Isa Penna não teve a oportunidade de falar, para evitar que Roberto Delmanto Jr., advogado do deputado Fernando Cury, pedisse a anulação do processo.