Conselheiro de Justiça pede apuração na conduta de juiz do caso Mari Ferrer
Audiência para apurar estupro de influencer gerou revolta nas redes sociais pela forma como a vítima foi tratada pelo advogado do réu
atualizado
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Após a grande repercussão da audiência de julgamento do empresário André de Camargo Aranha, acusado de estuprar Mariana Ferrer, de 23 anos, o conselheiro Henrique Ávila solicitou ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a abertura de Reclamação Disciplinar imediata para apurar a conduta do juiz Rudson Marcos, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC).
Para o conselheiro, as imagens do vídeo veiculadas na imprensa são chocantes e equivalem a “uma sessão de tortura psicológica no curso de uma solenidade processual”. Ele também cita os ataques disparados pelo advogado de defesa, Cláudio Gastão da Rosa Filho.
“Causa-nos espécie que a humilhação a que a vítima é submetida pelo advogado do réu ocorre sem que o juiz que preside o ato tome qualquer providência para cessar as investidas contra a depoente. O magistrado, ao não intervir, aquiesce com a violência cometida contra quem já teria sofrido repugnante abuso sexual“, escreveu o conselheiro.
Henrique chama a atenção para o fato de a vítima, com razão, clamar pela intervenção do magistrado para o tratamento que foi oferecido a ela.
O fato de o juiz determinar o caso como um “estupro culposo”, crime não previsto em lei, já causou grande movimentação social em defesa da influencer. Após a divulgação das imagens do julgamento, a revolta foi ainda maior.
Durante a audiência, o advogado do réu mostrou fotos da vítima, classificando-as como “ginecológicas”. Em momento algum foi questionado por membros do Tribunal de Justiça catarinense sobre a relação das fotos com o caso.
Além disso, falou que o choro de Mari era “dissimulado e falso” e caracterizou como “lágrimas de crocodilo”.