Conselhão terá Comissão de Combate às Desigualdades
Colegiado será responsável por formular e apresentar sugestões de políticas públicas para população vulnerável, como as mulheres negras
atualizado
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O Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), o Conselhão, inaugura, na tarde desta quinta-feira (27/7), a Comissão de Combate às Desigualdades. O grupo será responsável por formular e apresentar sugestões de políticas públicas voltadas para grupos da população que continuam à margem da sociedade ou que vivem em condições precárias.
Durante o evento, o Banco do Brasil e o Ministério da Igualdade Racial assinarão um protocolo de intenções para combater a discriminação racial e promover a inclusão e a valorização das mulheres negras.
A iniciativa prevê programas, projetos, eventos, materiais informativos e campanhas publicitárias.
Segundo a pasta, o protocolo entre os órgãos visa:
- fomentar ações de formação e capacitação de jovens negras e periféricas
- promover o ingresso de jovens negras no mercado de trabalho
- buscar a evolução do empreendedorismo e fortalecimento de micro e pequenos negócios de mulheres negras
- promover iniciativas e produções de mulheres negras, sobretudo relacionadas a projetos culturais
- estimular a ocupação equilibrada de espaços de liderança no banco público, considerando o respeito à diversidade étnica e de gênero
- apoiar experiências para ampliar as políticas afirmativas internas de raça e gênero no Banco do Brasil, trazendo perspectiva interseccional às iniciativas realizadas pela empresa.
Para a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, o ato é fundamental para que a população negra tenha mais oportunidades.
“Sabemos que a valorização de profissionais negros e negras no mercado de trabalho e em suas carreiras é fundamental e temos atuado incessantemente para que a população negra seja visibilizada e representada em todos os espaços. Queremos oferecer oportunidades, fomento à iniciativas e incentivo às tecnologias sociais, que sabemos que as mulheres negras constroem no dia a dia”, disse.
Já a presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, pontua que é dever da sociedade buscar um “futuro diferente” para as próximas gerações.
“Não podemos mudar o passado que castigou grande parte de nossa sociedade com tantas injustiças, mas temos o dever de transformar o presente e construir um futuro diferente para as próximas gerações, com mais igualdade, mais tolerância e mais respeito à diversidade. Por isso, parcerias como essa que firmamos hoje são tão relevantes para pavimentar uma sociedade mais justa”, disse.
Recriado em maio deste ano, o Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável é formado por pessoas de diferentes grupos e classes sociais. O objetivo é que o Conselhão sirva de subsidio ao presidente da República para formulação de políticas públicas. O novo órgão tem 246 integrantes.
Criado por uma lei de 2003, o conselho durou 15 anos e foi extinto em 2019, no primeiro ano do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Com a recriação, foi adicionado o termo “Sustentável”, para, segundo o governo, “chamar atenção sobre a potencialidade ambiental do país no atual cenário de mudanças climáticas”.
Marielle Franco
Durante a cerimônia, a morte da irmã da ministra da Igualdade Racial foi reelembrada. Nesta quinta-feira, a vereadora Marielle Franco faria 44 anos. Ela e o motorista Anderson Gomes foram assassinados em 2018. O crime segue sem solução.
Ao início da solenidade de instalação da comissão, a Secretaria de Relações Institucionais (SRI) – órgão coordenador do Conselhão – exibiu um vídeo em que Marielle discursava sobre qualificação para mulheres negras no Conselho Federal de Economia.
Ao lado da irmã da vereadora, a ministra Anielle Franco, o ministro-chefe da SRI, Alexandre Padilha, sugeriu que as ações da Comissão de Combate às Desigualdades sejam uma espécie de “Mariellização”.
Anielle, por sua vez, ainda ressaltou a importância de discutir temas voltados para a violência política no âmbito do Conselhão. Para ela, se essas ações tivessem sido tomadas há 6 ou 7 anos atrás, Marielle poderia estar viva.
“Quando a gente tem um Congresso [Nacional] que a gente sabe que precisa desse diálogo [sobre a violência política] e as mulheres se encontram em algumas situações que as pessoas insisitem em dizer que aqueles lugares não são pra elas, a gente está aqui no Conselhão para debater isso no próprio dia 27. Talvez, se há 6 ou 7 anos atrás nós pudessemos ter falado sobre violência política, a minha irmã poderia estar viva e gente estar poderia estar hoje com mais uma representante desse governo”, disse a ministra da Igualdade Racial.