Congonhas: com 199 mortos, maior acidente aéreo do Brasil faz 15 anos
Airbus A320 da TAM não conseguiu frear na pista do Aeroporto de Congonhas (SP), e colidiu com prédio da TAM Express; 199 pessoas morreram
atualizado
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São Paulo – Neste domingo (17/7), o maior desastre aéreo do Brasil completa 15 anos. Em 17 de julho de 2007, um Airbus A320-233 da TAM tentou pousar no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, mas não conseguiu frear e acabou colidindo com o prédio da TAM Express.
Como não conseguiu parar na pista 35L, o avião planou sobre a Avenida Washington Luís, na zona sul da capital paulista. Depois, a aeronave atingiu um posto de gasolina da Shell e o prédio comercial da companhia aérea.
O voo TAM 3054 partiu do Aeroporto Internacional de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, com 181 passageiros e seis tripulantes a bordo. O acidente aéreo matou todos os ocupantes do Airbus A320 e mais 12 pessoas que estavam em solo.
Causas do acidente
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão da Força Aérea Brasileira, divulgou em 2009 o relatório sobre as causas do acidente.
O documento apontou falha do piloto ao manusear os manetes, falta de ranhuras – chamadas tecnicamente de groovings – na pista do Aeroporto de Congonhas e autonomia excessiva dos computadores da aeronave.
As caixas-pretas mostraram que os comandantes Kleyber Lima e Henrique Stefanini di Sacco configuraram os aceleradores de maneira equivocada, deixando um dos manetes na posição de aceleração.
Luta das famílias
O local onde ficava o prédio da TAM Express se tornou, em 2012, a Praça Memorial 17 de Julho. O memorial tem 8.318 metros quadrados e 199 luzes de led para homenagear as vítimas do acidente aéreo.
Apenas em 2017, dez anos após a tragédia, 86 familiares dos mortos fecharam um acordo de indenização no valor de R$ 30 milhões com a fabricante do avião Airbus.
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) , que homologou o acordo, divulgou na época que os valores de cada indenização variou de acordo com a proximidade com a vítima.
De acordo com a presidente da Associação Brasileira de Parentes e Amigos de Vítimas de Acidentes Aéreos (Abrapavaa), Sandra Assali, datas como o 17 de julho são muito marcantes, especialmente para as famílias. “É uma data que passa a fazer parte da história de cada uma dessas família, uma questão emocional, são grandes perdas, é para sempre. Os anos passam, a gente sente saudável, é algo muito forte, nem se discute”, afirma ela.
Sandra ressalta que as indenizações para os familiares foram pagas, no entanto, destaca que a medida não ameniza a dor de quem perder seu ente querido. “As pessoas vão tocando as suas vidas, as indenizações foram feitas, algumas conseguiram se reorganizar, mas não é possível afirmar que as pessoas estão bem. Isso é muito pessoal, cada um reage de forma muito diferente a essas tragédias”, destaca ela.
“Esperamos que o acidente passe a ser uma lição, um marco para se criar discussões, reforçar a prevenção, trazer esclarecimentos e mudanças. Empresa aérea transporta vidas. Para nós é muito claro que a prioridade é a prevenção”, completa a presidente da Abrapavaa.
Punições
Segundo a Agência Brasil, a Polícia Civil indiciou pelo acidente dez pessoas, incluindo funcionários da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e da companhia aérea TAM.
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) incluiu um nome nesse grupo e denunciou 11 pessoas pelo acidente com o AirBus 320. O caso foi julgado em primeira e segunda instâncias da Justiça Federal que absolveu todos os denunciados pelo MP.
Mudanças no Aeroporto de Congonhas
No ano passado, o Ministério da Infraestrutura anunciou a implementação de um novo sistema de frenagem de aeronaves no Aeroporto de Congonhas.
Com a tecnologia, caso o avião ultrapasse o fim da pista, blocos especiais de concreto vão se deformar para reduzir a velocidade da aeronave. O sistema foi contratado por R$ 122,5 milhões.
O governo federal disse, na época, que o Aeroporto de Congonhas seria o primeiro da América Latina a possuir o sistema usado em aeroportos reduzidos em países da Europa, Ásia e Estados Unidos.
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