Confronto entre facções do RJ amedronta moradores do Morro dos Macacos
A favela do Morro dos Macacos, na zona norte do Rio, enfrenta há 10 dias uma disputa por território entre traficantes de facções rivais
atualizado
Compartilhar notícia
Rio de Janeiro – No dia 11 de maio, uma quarta-feira, integrantes da facção Comando Vermelho iniciaram uma ofensiva para tomar o controle do tráfico no Morro dos Macacos, favela situada no bairro de Vila Isabel, na zona norte carioca. O local está sob o domínio do Terceiro Comando Puro (TCP), outro grupo criminoso do Rio de Janeiro.
Rio demoliu 213 imóveis da milícia e do tráfico em menos de 5 meses
Desde então, teve início um confronto armado entre as duas facções que se tornou um pesadelo para os moradores da comunidade.
“Todos temos medo dessa guerra. Não é fácil voltar pra casa e saber que, a qualquer momento, você pode ser atingido por uma bala perdida. Ninguém sabe quando os tiros vão começar ou acabar”, diz a professora, de 57 anos, moradora do Morro dos Macacos, em relato ao Metrópoles. Por questão de segurança, ela pediu para não ser identificada, assim como outros entrevistados desta reportagem.
A troca de tiros entre as facções criminosas já causou a morte de um morador: o catador Eduardo da Cruz Guimarães.
No último domingo (15), a educadora estava na casa de sua irmã, que também mora no Morro dos Macacos, quando teve início o tiroteio.
“Fiquei muito tempo ali com minha irmã, sem poder voltar para a minha casa. Me senti desolada, com medo. Tiram da gente o direito de ir e vir”, acrescentou a professora.
Escolas fechadas
Em decorrência dos confrontos recentes, nove escolas da região já tiveram as aulas suspensas. De acordo com a Secretaria Municipal de Educação, na última quinta-feira (19/5), sete unidades voltaram a ter aula e duas continuaram fechadas.
“Essa guerra afetou muito a minha vida. Meus filhos estão sem ir para escola desde a semana passada. Com eles em casa, eu não consigo trabalhar direito”, diz uma moradora, mãe de duas crianças, de 3 e 8 anos, que trabalha como cabeleireira.
Já o auxiliar de serviços gerais, de 28 anos, conta que a guerra fez com que ele ficasse horas esperando para voltar para casa. Alguns amigos não tiveram a mesma oportunidade e dormiram na rua:
“Na semana passada, eu precisei ficar esperando umas duas horas, até o tiroteio parar e conseguir subir. Já no sábado (14/5), rolou uma troca de tiros muito forte, das 21h até mais ou menos meia-noite. Uns amigos meus ficaram com medo de subir e dormiram na praça, até às 6 da manhã. Tentar subir é perigoso. Não se sabe quem você vai encontrar pelo meio do caminho”, disse o morador ao Metrópoles.
Ele definiu a angústia da rotina na comunidade nos últimos dias. “O tiroteio é bem perto da minha casa. São armas de alto calibre. Meu maior medo é a bala perdida. Quando começa, falo logo para meu filho (de 4 anos) e minha mulher se jogarem no chão.”
Alto calibre
No início da semana, a Polícia Militar do Rio informou que reforçou o policiamento na região do Morro dos Macacos em decorrência da disputa por território entre os grupos criminosos.
Na sexta-feira (20/05), equipes da UPP Morro dos Macacos prenderam dois suspeitos de envolvimento nos confrontos armados. Na ação, segundo a PM, foram apreendidos um fuzil, uma pistola 9 milímetros, um rádio transmissor e um colete balístico.
Receba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal: https://t.me/metropolesurgente.