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Compromisso do Brasil para frear aquecimento deve reduzir conta de luz

A Emenda de Kigali foi sancionada pelo Brasil após 4 anos parada no Congresso e prevê recursos para substituição de máquinas poluentes

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1 de 1 Ar-condicionado - Foto: Witthaya Prasongsin/Getty Images

Cumprindo um compromisso diplomático com o intuito de frear a liberação de gases tóxicos na atmosfera, o governo federal sancionou, em agosto deste ano, a Emenda de Kigali, que foi firmada em 2016 pelo país. O texto estabelece uma redução gradual para o consumo dos gases hidrofluorcarbonos (HFCs), um dos principais gases de efeito estufa, usados em equipamentos como ares-condicionados e refrigeradores.

O acordo internacional altera o Protocolo de Montreal para incluir metas de redução de uso dos HFCs. Para financiar a adequação, a medida libera acesso da indústria brasileira a cerca de US$ 100 milhões do Fundo Multilateral do Protocolo de Montreal, criado com o intuito de apoiar a redução da emissão de substâncias que provocam o aquecimento global.

A Emenda de Kigali ao Protocolo de Montreal foi promulgada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) em agosto. Antes disso, o texto foi aprovado em julho de 2022 pelo Senado Federal, após ficar quatro anos parado no Congresso Nacional.

Para o Brasil, a estimativa é de que a adesão à emenda de Kigali traga benefícios para a conta de luz dos consumidores, uma vez que ela estimula a compra de equipamentos que utilizam menos energia elétrica.

A Emenda de Kigali tem como objetivo reduzir a produção dos HFCs em até 85% até 2045. Segundo estudo publicado na revista Nature, em 2020, a substância tem potencial de aquecimento global até 12 mil vezes maior que o CO2.

Caso todos os países cumpram com o acordo internacional, a expectativa é de que a temperatura média global aumente até 0,5ºC até 2100. O índice é consideravelmente otimista, uma vez que a meta fixada pelo Acordo de Paris é para limitar o aquecimento do planeta em 1,5 °C.

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Em julho, por exemplo, o Reino Unido viu um dos dias mais quentes de sua história. O calor extremo fez com que viagens de trem e de avião fossem canceladas. A pista do aeroporto de Luton, em Londres, inclusive, se dobrou por causa das altas temperaturas, assim como trilhos por todo o país
De acordo com cientistas do clima, a situação é uma das consequências do aquecimento global, que gera mudanças climáticas e, consequentemente, aumenta a possibilidade de haver superaquecimento em diversas áreas do planeta
Aliás, segundo o serviço nacional de meteorologia do Reino Unido, Met Office, essas alterações climáticas aumentaram em dez vezes a possibilidade da existência de altas temperaturas na Europa, atualmente
Para meteorologistas, o que os europeus estão chamando de “apocalipse de calor” pode ser explicado pela existência de um bloqueio atmosférico. Nesses casos, há uma área de alta pressão atuando, o que impede a formação de nuvens e possibilita a incidência de radiação solar
Além disso, devido ao fato de o verão ser a atual estação no continente, a tendência é que a situação se agrave, de acordo com especialistas. Com o ar estável e a umidade baixa, as chances de chuva são menores. Durante esse período, por sinal, os dias são mais longos e as noites mais curtas na Europa, o que contribuiu o aumento de temperatura
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A Europa tem enfrentado uma onda de calor extremo. Países como Portugal, Holanda, Espanha, Inglaterra e França, por exemplo, estão sofrendo com as altas temperaturas que já causaram diversas mortes e têm servido de gatilho para uma série de incêndios florestais

Eric Renom/NurPhoto via Getty Images
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Em julho, por exemplo, o Reino Unido viu um dos dias mais quentes de sua história. O calor extremo fez com que viagens de trem e de avião fossem canceladas. A pista do aeroporto de Luton, em Londres, inclusive, se dobrou por causa das altas temperaturas, assim como trilhos por todo o país

Lorena Sopena/Europa Press via Getty Images
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De acordo com cientistas do clima, a situação é uma das consequências do aquecimento global, que gera mudanças climáticas e, consequentemente, aumenta a possibilidade de haver superaquecimento em diversas áreas do planeta

Gustavo Moreno/Especial Metrópoles
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Aliás, segundo o serviço nacional de meteorologia do Reino Unido, Met Office, essas alterações climáticas aumentaram em dez vezes a possibilidade da existência de altas temperaturas na Europa, atualmente

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Para meteorologistas, o que os europeus estão chamando de “apocalipse de calor” pode ser explicado pela existência de um bloqueio atmosférico. Nesses casos, há uma área de alta pressão atuando, o que impede a formação de nuvens e possibilita a incidência de radiação solar

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Além disso, devido ao fato de o verão ser a atual estação no continente, a tendência é que a situação se agrave, de acordo com especialistas. Com o ar estável e a umidade baixa, as chances de chuva são menores. Durante esse período, por sinal, os dias são mais longos e as noites mais curtas na Europa, o que contribuiu o aumento de temperatura

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De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), órgão de ciência climática da ONU, a temperatura média mundial aumentou e estamos, atualmente, vivendo o período mais quente da história dos últimos 125 mil anos

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Ainda segundo o IPCC, as emissões de gases de efeito estufa, causadas pela queima de combustíveis fósseis como petróleo, carvão e gás, retêm o calor em nossa atmosfera e contribuem para aumentar a concentração de dióxido de carbono para os níveis mais altos em 2 milhões de anos. Tudo isso causa o desequilíbrio do planeta e rende consequências para os seres vivos

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Além de causar incômodo, especialmente a quem está acostumado com baixas temperaturas, o calor extremo também pode comprometer a saúde da população, causando hipertermia e sério quadro de desidratação, por exemplo

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Segundo uma pesquisa apresentada pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS), IEI Brasil, Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Projeto Hospitais Saudáveis (PHS) e Clasp, a adesão do Brasil a essa emenda pode gerar uma economia de R$ 27 bilhões na conta de luz até 2035. Considerando os R$ 30 bilhões que deixarão de ser gastos com a produção de energia elétrica, a economia pode chegar a R$ 57 bilhões.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima que a medida irá contribuir também para a qualificação de, aproximadamente, 80 mil microempreendedores individuais para trabalharem na modernização de sistemas de climatização.

O vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Refrigeração, Aquecimento e Tratamento de Ar do Estado de São Paulo (Sindratar-SP) e diretor de relações internacionais da Abrava, Samoel Vieira de Souza, destaca que o Brasil deve elaborar, entre janeiro de 2024 e junho de 2025, um diagnóstico para a transição dos equipamentos sem o uso dos HFCs.

“Grande oportunidade de ajuda na redução das emissões, seja pela substituição dos gases refrigerantes por outros de menor potencial de aquecimento global, seja pelo aperfeiçoamento tecnológico de seus equipamentos”, afirma Samoel Souza.

Souza, porém, destaca que, sozinho, o setor não tem um volume tão grande que possa resolver o problema do aquecimento global, “mas que trata-se de um grande player para o cumprimento dessas metas e estamos fazendo nossa parte”.

O presidente do Departamento Nacional de Meio Ambiente da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava) e presidente da Câmara de Climatização e Refrigeração da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), Thiago Pietrobon, acredita que a adesão do Brasil a emenda pode estimular o avanço tecnológico no país.

“Comercialmente, a entrada do Brasil neste acordo estimulará um avanço tecnológico para que cada planta instalada se ajuste à nova realidade. Além disso, a Emenda de Kigali promove benefícios de eficiência energética e permite a continuidade do comércio internacional com os demais países signatários”, avalia Thiago Pietrobon.

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