Compras, reuniões familiares: como lidar com o estresse do fim de ano?
Com a chegada do fim de 2024, agenda de compras e reencontros com família geram estresse e transtornos. Veja como lidar
atualizado
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Com a chegada do fim de ano, muitas pessoas enfrentam o estresse de ter de lidar, ao mesmo tempo, com o estresse gerado pela lista de compras natalinas e encontros familiares. Para alguns, essas tarefas podem ser um enorme desafio emocional, especialmente para quem precisa conciliar desavenças familiares e conflitos internos.
Para Julia Pozzati, estudante de medicina em Brusque, Santa Catarina, as festas do fim de ano tornam-se mais difíceis e desgastantes devido à reunião com toda a família. “Como moro longe da minha família e tenho uma rotina atarefada, considero que, nos fins de ano, quando vou me encontrar com eles, é algo proveitoso, mas também desgastante”, contou.
“É difícil lidar com o humor de todos e suas próprias singularidades, e o estresse se soma ao momento de ir às compras”, relata.
Julia explica que os encontros familiares são desafiadores por ter que conviver com muitos parentes que, muitas vezes, “possuem conflitos entre si e podem deixar o clima desagradável”. Além disso, escolher os presentes pode causar ansiedade.
“Escolher um presente que atenda as expectativas pode causar um pouco de ansiedade, principalmente para pessoas que não vemos há muito tempo. Encontrar parentes não é uma situação muito agradável para mim, pois não me dou muito bem com eles, o que me causa ansiedade”, conta.
João Oliveira, estudante de design gráfico em Minas Gerais, contou que, os encontros, de fato, são complicados devido às desavenças familiares e aos conflitos acumulados ao longo do ano de 2024, o que causa “um grande incômodo”. E compartilhar o mesmo ambiente também lhe causa “uma certa ansiedade por discussões ou clima negativo em um momento de união”.
“O maior desafio é estar em um ambiente com toda a família, com atritos mal resolvidos, discussões e comentários negativos, o que afeta negativamente minha experiência de querer estar presente ali”, conta Oliveira.
Cobranças familiares
A psicóloga Natália Silva explicou que o final de ano é um período em que as pessoas atingem o ápice da exaustão: lidam com frustrações acumuladas ao longo do ano, perdas, excesso de trabalho e salários insuficientes.
“Tudo isso vai gerando muita preocupação nas pessoas. Fora toda a expectativa também que os encontros familiares vão gerando nas pessoas, tanto no que diz respeito a comparações, algo como: ‘Seu primo conseguiu emprego, e você? Não conseguiu nada, né? E você? Continua na mesma?’ As famigeradas falas, né? Como as dos namoradinhos e as namoradinhas”, destaca a psicóloga.
Natália explica que, no fim de ano, há dois tipos de pessoas: aquelas que se afastam de expectativas e das cobranças familiares, preferindo passar as festas sozinhas ou em ambientes em que se sentem seguras e respeitadas. E aquelas que enfrentam dificuldades para romper com o “molde convencional” das celebrações de fim de ano.
“Tem essas pessoas que não conseguem romper com essa ideia e acabam indo para esses eventos e se sentindo cansadas, sobrecarregadas, porque são eventos em que precisam performar aquilo que se espera”, conta Natália.
A profissional relata que existe um aumento de procura de auxílio psicológico nessa época do ano e recomenda que pessoas que passam por isso respeitem o próprio limite. “Estabelecer limites dentro das relações, acolher a si mesmo e buscar refletir que aquelas metas que não foram atingidas ao longo do ano não foram unicamente exclusivamente culpa sua. Tem muitos outros fatores que vão atravessar simplesmente o nosso querer”.