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Como as queimadas podem afetar o preço da cesta básica

Depois de as chuvas no RS impactarem preço do arroz, queimadas em SP podem afetar, por exemplo, açúcar, arroz, feijão e soja

atualizado

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Vinicius de Melo/ Agência Brasília
Cesta básica
1 de 1 Cesta básica - Foto: Vinicius de Melo/ Agência Brasília

As queimadas em São Paulo, que já atingem o meio ambiente e a qualidade de vida, podem afetar também o bolso do brasileiro. Isso porque a produção agrícola deve ser impactada pelo desequilíbrio ambiental causado pelo fogo e pela seca.

Com esse cenário, os custos de produção sobem e, consequentemente, os preços de alimentos que compõem a cesta básica.

O economista Maurício Bento ressalta que essa é a segunda grande tragédia ambiental que poderá trazer impactos econômicos ao Brasil em 2024. A primeira delas foram as enchentes do Rio Grande do Sul, que teve consequências para a produção do arroz.

Agora, as queimadas em São Paulo também devem afetar as mesas dos brasileiros. Arroz, feijão, soja e açúcar serão alguns dos produtos diretamente atingidos.

“São Paulo é a maior economia do Brasil, conhecida pelo mercado financeiro, por indústrias e também por ser grande uma potência agropecuária. Então, essas queimadas podem não só destruir essas produções agropecuárias, como também contribuir para agravar ainda mais a questão da seca, o que interfere no aumento do preço de diversos bens”, esclarece.

Queimadas nas plantações de cana-de-açúcar

Um dos produtos mais afetados é a cana-de-açúcar. De acordo com José Guilherme Nogueira, CEO da Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana), cerca de 59 mil hectares da planta foram queimados, com prejuízo estimado de R$ 350 milhões.

“Percebemos uma redução na produtividade na ordem de 50%, até por essa perda de biomassa que acabou sendo incendiada. Com isso, já temos impactos diretos nos preços do etanol e do açúcar e no canavial do próximo ciclo”, afirma, destacando ainda o encarecimento do combustível.

Custo de vida

Bento também explica que os alimentos impactam diretamente o custo de vida da população, em especial à de renda mais baixa.

“Em termos de renda, quanto mais baixa a renda dessa pessoa, maior é a parte destinada para a alimentação. Tanto a enchente no Rio Grande do Sul quanto as queimadas de São Paulo afetam os espaços de produção, dado que o impacto é principalmente sobre agricultura. O Brasil produz a maior parte do alimento que consome; então, de fato, isso pode ensejar um aumento significativo do custo de vida da população de classe mais baixa”, explica.

O economista pondera que, no momento, é difícil avaliar o cenário econômico e o tamanho dos impactos, porque ainda estamos vivendo o período de queimadas.

Alimentos essenciais

Para o empresário Gustavo Defendi, se o desequilíbrio ambiental seguir nesse ritmo, haverá problemas na produção dos alimentos essenciais, o que afetará os preços e a disponibilidade dos itens da cesta básica.

“Você tem uma questão da oferta que fica menor, e a tendência é o aumento de preço do feijão, do arroz e da soja. Então, a gente poderá ver esse efeito cascata na cadeia de produção. Se a gente não conseguir regular esse efeito rápido, ele virá muito forte”, acredita.

Defendi, que é sócio-diretor de uma empresa que comercializa cestas básicas, complementa que adota cautela nesse momento.

“Nós compramos os produtos diretamente das indústrias. A gente faz uma programação de compras, e percebemos que eles estão diminuindo um pouco essa programação, como forma de precaução para o caso de existir problema de abastecimento”, conta.

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