Como a reforma ministerial de Lula interferiu na CPI do MST
Definições de nomes de André Fufuca e Silvio Costa para compor a Esplanada de Lula foram acenos decisivos para partidos do Centrão
atualizado
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A CPI que investiga a ação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) sofreu, na semana passada, uma baixa de sete integrantes. Com isso, o governo ganhou maioria, criando dificuldades para que a oposição consiga a aprovação de requerimentos no colegiado.
O golpe foi sentido na última semana quando Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, decidiu anular a convocação do ministro Rui Costa para depor na CPI. Lira aceitou recurso do deputado Nilson Tato (PT-SP), que alegava fragilidade jurídica na convocação. O movimento foi visto de forma clara como um aceno de colaboração do Centrão ao governo.
Nesta semana, integrantes dos partidos do Centrão falavam nos bastidores sobre a possibilidade de reintegrar os sete membros à CPI. Isso foi visto pela oposição como uma estratégia de pressionar o governo para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidisse de vez sobre as novas mudanças ministeriais.
Líderes do Republicanos, União Brasil, PP e Patriotas se sentiram deixados de lado pelo governo, inclusive após fala do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que nesta semana declarou que o Congresso teria poder demais.
Com a notícia de que o deputado André Fufuca (PP-MA) irá liderar a pasta de Desenvolvimento Social e Silvio Costa (Republicanos-PE), de Portos e Aeroportos, essas quatro legendas não deverão reintegrar os sete parlamentares que deixaram a CPI.
Com isso, cai por terra a possibilidade de tentar mais uma vez a aprovação do requerimento de convocação de Rui Costa. Agora, o colegiado vai enviar representantes para fazer diligências na Bahia, estado que possui a maior concentração de assentamentos do MST. O presidente da comissão, deputado tenente-coronel Zucco (Republicanos-RS), o relator, deputado Ricardo Salles (PL-SP), e o deputado capitão Alden (PL-BA), já estão confirmados para a viagem que vai acontecer nos dias 24 e 25 deste mês.
As diligências no estado baiano haviam sido canceladas na semana passada, por conta do sentimento de insegurança dos parlamentares, visto que o MST tem apoio do governo federal e do governo baiano.
A mudança de decisão aconteceu porque houve uma promessa de manter a segurança dos parlamentares durante as diligências. A promessa foi feita pelo coronel Paulo José Reis de Azevedo Coutinho, comandante da Polícia Militar do Estado da Bahia, e por Marcelo Werner, secretário de Segurança Pública do Estado da Bahia, que estavam na CPI nesta semana.