Comandantes contrários ao golpe dizem ter sofrido ataques pessoais
Ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica relataram hostilização e pressão para que entrassem em plano golpista de Bolsonaro
atualizado
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Os ex-comandantes da Aeronáutica e do Exército relataram em depoimentos para a Polícia Federal (PF) que sofreram ataques, hostilização e calúnias por não terem aderido ao plano golpista do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Chefe da Força Aérea Brasileira durante o governo Bolsonaro, Carlos de Almeida Baptista Junior disse ter sido hostilizado por usuários das redes sociais e recebeu milhares de ataques virtuais, sendo obrigado a suspender os comentários em uma publicação.
“Foi hostilizado por usuários da rede social no sentido de que o depoente tivesse traído o povo brasileiro por não ter aderido à tentativa de golpe de Estado”, informa trecho do depoimento de Baptista para a PF.
De acordo com os depoimentos, que confirmam as reuniões de teor golpista com Bolsonaro, apenas o então comandante da Marinha, Almir Garnier, é que teria colocado sua tropa à disposição da empreitada golpista.
Pressão em cima de comandantes
O ex-comandante do Exército, general Freire Gomes, relatou em depoimento para a PF que ele e a família foram pressionados depois que ele não aceitou as ideias golpistas contra o resultado das eleições de 2022.
Um dos ataques veio por meio de uma carta ao comandante do Exército, publicada em 28 de novembro de 2022. Freire Gomes disse que determinou que fosse feita uma investigação interna para identificar as pessoas que fizeram tal documento.
Segundo o ex-comandante, alguns militares foram punidos na medida de suas participações na confecção da carta.
“Que primeiramente tentaram convencer os comandantes a aderirem ao plano de golpe, que posteriormente, após verificaram que os comandantes não iriam aceitar qualquer ato, começaram a realizar ataques pessoais, inclusive ao depoente”, relatou Freire Gomes no depoimento para a PF.
O ex-comandante do Exército disse ainda que se recorda de ter recebido ataques pessoais e calúnias do economista Paulo Figueiredo.
Mensagens na investigação da PF revelaram que o general Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e candidato a vice na chapa de Bolsonaro, chegou a orientar para que ataques fossem feitos contra Freire Gomes, por não ter aderido ao golpe. Braga Netto inclusive chamou o então comandante do Exército de “cagão”.