Com sequestro de trens, facção de Jacarezinho agia como terroristas
Segundo as investigações da Polícia Civil, os criminosos têm “estrutura típica de guerra”, com centenas de “soldados”
atualizado
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Rio de Janeiro – Ao justificar a operação deflagrada na manhã desta quinta-feira (6/5), na comunidade de Jacarezinho, zona norte do Rio de Janeiro, a Polícia Civil disse que a facção criminosa que atua na região age de forma semelhante a grupos terroristas, fazendo até o sequestro de trens da SuperVia.
Segundo as investigações, os criminosos têm “estrutura típica de guerra”, com centenas de “soldados munidos com fuzis, pistolas, granadas, coletes balísticos, roupas camufladas e todo tipo de acessórios militares”.
O grupo, considerado um dos quartéis-generais da facção Comando Vermelho na região, alicia crianças e adolescentes para praticar crimes, como o tráfico de drogas, roubos e homicídios.
“Além do uso das mencionadas práticas típicas de guerra, em dezembro de 2020 e abril de 2021, os criminosos do Jacarezinho sequestraram trens da Supervia, demonstrando que a sua forma de atuação se assemelha àquelas empregadas por grupos terroristas”, afirmou a corporação em nota.
Com um intenso tiroteio, a operação deixou pelo menos 25 mortos, entre eles um policial, e dezenas de pessoas feridas. O agente André Frias, da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod), morreu após ser baleado na cabeça. Levado ao Hospital Municipal Salgado Filho com quadro clínico considerado grave, ele não resistiu.
Outros dois policiais também foram atingidos de raspão no braço e panturrilha e têm quadros estáveis. Ao todo, 21 traficantes foram identificados e são procurados pela polícia local. Segundo a Polícia Civil, são 24 suspeitos mortos e o agente.
De acordo com a Polícia Civil, entre os mortos estão 24 criminosos. Até o início da tarde, dez pessoas tinham sido presas. Foram apreendidas muitas armas e até munição antitanque.
A ação também deixou pelo menos quatro feridos: dois policiais civis e dois passageiros do metrô. Um deles segue internado no Hospital Salgado Filho.
O MetrôRio informou que os dois passageiros ficaram feridos após o vidro de uma das composições ser atingido por projétil vindo da área externa, na altura da estação de Triagem. Uma pessoa foi ferida por estilhaços de vidro e outra atingida de raspão no braço. “Os clientes foram imediatamente atendidos pelas equipes da estação e levados para o hospital pelo Samu. Neste momento, a situação já foi normalizada e o serviço na estação e nos trens funciona normalmente”, destacou em nota.
O Metrô disse que não foi informado da operação.
A SuperVia foi acionada pela reportagem para dar informações sobre o sequestro dos trens, mas até a publicação dessa reportagem não s emanifestou.
Operações suspensas
Desde junho do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu operações em favelas durante a pandemia. A decisão permite ações apenas em “hipóteses absolutamente excepcionais”, após comunicação e justificativa ao Ministério Público.
O Metrópoles solicitou ao Ministério Publico o número de queixas e a quantidade atualizada de operações policiais informadas pela polícia, mas ainda não teve retorno.
O Ministério Público criou um serviço de atendimento 24 horas para receber denúncias de casos de violência e abusos durante as ações policiais em comunidades. Ainda não divulgou um balanço das denúncias recebidas por conta da operação no Jacarezinho.