metropoles.com

Com reprovação em alta, candidatos fazem prova da OAB neste domingo

O índice de reprovação na OAB pode chegar perto dos 80%. Os candidatos fazem cerca de quatro tentativas até conseguirem a aprovação

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Valter Campanato/Agência Brasil
Imagem colorida de prédio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida de prédio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) - Metrópoles - Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Neste domingo (24/3), milhares de candidatos enfrentam a 1ª fase do 40º Exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). E nesse teste, os futuros juristas se deparam com uma realidade que preocupa os candidatos: somente cerca de 20% deles são aprovados de primeira.

De acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), responsável pela aplicação da prova, o índice de reprovação chega a 80% e muitos candidatos fazem, em média, quatro tentativas até a aprovação.

O exame da OAB é dividido em duas fases, ambas eliminatórias:

  • A primeira, deste domingo (24/3), objetiva, com 80 questões de múltipla escolha;
  • A segunda, em 19 de maio, prático-profissional, de caráter dissertativo.

Para compreender as razões por trás desse cenário, o Metrópoles consultou o advogado criminalista André Maya, que atua como professor da Graduação e Mestrado em Direito da FMP/RS e dá cursos preparatórios para 2ª fase da prova da OAB desde 2017.

Muita faculdade e pouca qualidade

Entre os motivos apontados pelo advogado, destaca-se a baixa qualidade de alguns cursos de Direito. O aumento expressivo no número de faculdades desta graduação nas últimas décadas não se refletiu, necessariamente, em um ensino de qualidade.

“A principal dificuldade é o fato de o ensino jurídico na graduação não ter como foco o exame da OAB. Na sua grande maioria, as faculdades não preparam para essa prova”, explica o advogado André Maya.

3 imagens
OAB-SP
A sede da OAB-RJ
1 de 3

Fachada do prédio da OAB DF.

Gustavo Moreno/Metrópoles
2 de 3

OAB-SP

Divulgação
3 de 3

A sede da OAB-RJ

Divulgação/OAB-RJ

Dos 1.300 cursos de Direito ofertados atualmente, cerca de 400 são considerados de boa qualidade pela OAB. Essa disparidade resulta em um descompasso entre a formação acadêmica e as exigências do Exame da Ordem.

Nervosismo e estudo insuficiente

A ausência de uma rotina de estudos e a dificuldade em conciliar atividades acadêmicas, trabalho e outras responsabilidades também são fatores que podem comprometer o rendimento na prova.

“Soma-se a isso o pouco tempo de preparação (entre o edital e as provas não são mais de três meses) e o fato de essa prova normalmente coincidir com o período de formatura, quando a cabeça dos alunos está dividida com outros temas”, completa o advogado.

O medo da reprovação e o nervosismo durante a prova também prejudicam o desempenho dos candidatos. Métodos de visualização e treinamento, como a realização de simulados, podem ajudar a resolver esse problema.

“É preciso ter inteligência emocional, conhecer a prova e ter estratégia para responder as questões dentro do tempo disponível. Especialmente na segunda fase da prova, isso é fundamental. Sem estratégia, o risco de o emocional se desequilibrar diante de uma questão de maior dificuldade é grande”, alerta o advogado.

Além disso, alguns participantes negligenciam a complexidade do exame e subestimam a necessidade de uma preparação adequada. Por isso, reconhecer a importância de uma preparação focada e intensiva é fundamental para aumentar as chances de aprovação.

Culpa da banca?

Em relatos publicados no Reclame Aqui, participantes da prova criticaram a banca do exame, a FGV.

“Banca FGV não lê os recursos do exame da OAB, não pontua respostas totalmente corretas, mentem em atendimento telefônico. Chega de prejudicar formandos e bacharéis em Direito, chega de impedir pessoas de ter acesso a carteira da ordem, tá na hora de agir com decência FGV”, escreveu um.

“Após tantos estudos e ansiedade, nós como candidatos ainda passamos por uma correção sofrível por parte dos contratados da empresa”, diz outro.

Em nota enviada ao Metrópoles, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) se defendeu das acusações.

“As bancas do Exame de Ordem são formadas por profissionais do direito, de elevado e notório conhecimento jurídico em suas especialidades, em sua maioria professores de direito, membros do Ministério Público e magistrados, estaduais e federais.”

O advogado e professor André Maya diz que, apesar da FGV ter passado por alguma oscilação nas últimas provas, “isso não exclui a constatação de que a preparação dos candidatos para a prova da OAB é muito frágil.”

“Basta observar que esses índices altos de reprovação são históricos. Esse é um indicativo de que é preciso pensar de forma estrutural na preparação para essa prova, em especial as faculdades”, afirma.

O Metrópoles procurou a OAB para comentar o caso, mas a entidade não quis se manifestar.

1ª fase do 40º Exame de Ordem Unificado – Prova objetiva

  • Data: 24 de março de 2024
  • Horário: 13h (horário de Brasília)
  • Duração da prova: 5h
  • Consulte o local da prova acessando este link

 

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?