Com recordes de casos e mortes, 2024 foi o ano mais crítico da dengue
Só em 2024, o Brasil registrou mais de 6,5 milhões de casos de dengue, sendo considerado o maior número da série histórica
atualizado
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Em 2024, a dengue bateu todos os recordes possíveis. Ao longo do ano, segundo o Ministério da Saúde, o Brasil registrou mais de 6,5 milhões de casos prováveis da doença. É o maior número da série histórica.
Se comparado a 2023, o aumento de casos de dengue foi 300% maior. Ainda na mesma comparação, em se tratando de mortes, o país chegou a 5.893, 400% mais elevado que no ano anterior. As informações constam no Painel de Monitoramento das Arboviroses.
A incidência da doença no Brasil em 2024 também registrou um aumento expressivo em relação ao ano anterior. Segundo dados do Ministério da Saúde, o país contabilizou 3.246 casos para cada 100 mil habitantes, número quatro vezes superior ao registrado em 2023.
Estados mais críticos
O Distrito Federal apresentou a maior taxa de incidência, com 9.884 casos por 100 mil habitantes. Na sequência, aparecem os estados de Minas Gerais (8.231), Paraná (5.710) e São Paulo (4.846).
Apesar de São Paulo não liderar no índice proporcional, o estado se destaca no número absoluto de casos prováveis. Até o momento, já foram contabilizados 2,1 milhões de ocorrências. Minas Gerais (1,6 milhão), Paraná (653 mil) e Santa Catarina (348 mil) vêm logo atrás no total de registros.
Explicação para o recorde
O Brasil registrou, em 2024, um recorde de casos e mortes por dengue. Especialistas apontam que o fenômeno é resultado de uma combinação de fatores climáticos, estruturais e biológicos.
Fatores climáticos
O El Niño, ativo desde o final de 2023, provocou aumento das temperaturas e antecipação das chuvas em várias regiões do país. A combinação de calor e umidade favorece a reprodução acelerada do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença.
Fatores estruturais
Nos últimos anos, houve uma desmobilização das políticas de controle do mosquito, em parte pela priorização do combate à Covid-19. Isso incluiu a redução do número de agentes de endemias e a falta de renovação e treinamento de novos profissionais.
Além disso, o pacto que previa mobilização comunitária foi descontinuado, o que enfraqueceu as ações preventivas nas residências.
Fatores biológicos
A circulação de diferentes sorotipos do vírus da dengue também foi determinante. De acordo com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, locais onde o sorotipo 1 era predominante passaram a registrar a presença do sorotipo 2, como no Distrito Federal.
Essa mudança aumenta o risco de reinfecção e de casos de dengue hemorrágica. No Rio de Janeiro, foram registrados casos de sorotipo 3.
Impacto nas políticas públicas
Especialistas criticam a contratação de agentes de forma temporária e em número insuficiente. Para conter a epidemia, seria necessário intensificar a vigilância e as visitas domiciliares antes do período de chuvas, mas as ações geralmente ocorrem fora de época, reduzindo sua eficácia.