Com paralisação de caminhoneiros, PRF não registra retenção em rodovias
Profissionais e transportadores de carga convocaram uma mobilização para reivindicar uma série de incentivos e benefícios
atualizado
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Brasília e Goiânia – Em meio à mobilização de lideranças de caminhoneiros autônomos para uma paralisação, o Ministério da Infraestrutura e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) afirmam que as rodovias e estradas federais não têm pontos de retenção.
“Todas as rodovias federais, concedidas ou sob gestão do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), encontravam-se com fluxo livre de veículos, não havendo nenhum ponto de retenção total ou parcial”, informam em nota.
Nesta segunda-feira (1º/2), caminhoneiros e transportadores de carga convocaram uma paralisação para reivindicar a redução de cobrança de PIS/Cofins sobre o óleo diesel, o aumento e cumprimento da tabela do piso mínimo do frete, estabelecido em 2018 após a paralisação de 11 dias, modificação da redação do projeto 4199/2020, o BR do Mar, sobre cabotagem, aposentadoria especial para o setor, um marco regulatório do transporte, entre outros pedidos.
A paralisação tem o apoio da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL), filiada à CUT, do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) e do Sindicato das Indústrias de Petróleo.
Goiás
Em Goiás, os 50 mil caminhoneiros autônomos não devem aderir à paralisação da categoria, ao menos por enquanto, por entenderem que a suspensão dos trabalhos poderia agravar ainda mais a pandemia da Covid-19 com uma possível falta de transporte de medicamentos, oxigênio e insumos para o tratamento de pacientes. No entanto, representantes da categoria criticam o que chamam de “lerdeza” do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por não atender, segundo eles, as demandas urgentes do segmento.
“Se o caminhoneiro fizer alguma paralisação agora no país, vai criar um caos”, diz o presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos do Estado de Goiás (Sinditac-GO) Vantuir José Rodrigues, que representa a regional de Goiânia e Anápolis. “Acho que o momento não é esse, porque temos que esperar essa vacina para dar uma amenizada no que o mundo está passando. Não é hora de começar greve, não começou colheita, não tem o que transportar’, afirma, ressaltando que a alta do diesel precisa ser resolvida pelo governo.
O também presidente do Sinditac-GO Esmeraldo Alves Barbosa, representante da regional de Catalão, a 215 quilômetros de Goiânia, ressalta que a categoria está muito desvalorizada e precisa ser atendida pelo governo. “O governo está na lentidão danada com o que o caminhoneiro precisa. O caminhoneiro não está recebendo muita coisa por causa da falta de fiscalização”, acentua. “Muito difícil uma transportadora pagar pedágio, e o caminhoneiro fica em silêncio porque, se levar à Justiça, a transportadora não dá carga para ele mais. O governo deveria estar mais de olho”, diz.
O presidente do sindicato da categoria em Formosa, Maurício Dutra, destaca que o governo deve se responsabilizar não somente pela fiscalização, mas também pela efetividade da retirada dos 16% da importação de pneus e o respectivo repasse no preço deles aos caminhoneiros. Além disso, ele lembra que Bolsonaro prometeu não mais fazer pesagem de eixo isolado para caminhões de até 50 toneladas e diz que a categoria vive um impasse sobre a sua inclusão, ou não, no grupo de risco da Covid-19, para ser priorizada na vacinação.
“Nem há vacina para todo mundo”, diz Dutra, admitindo que, futuramente, a categoria vai fazer algum movimento para aderir a uma paralisação, caso haja necessidade. “Mas, se fizesse uma paralisação agora como a de 2018, a gente iria massacrar demais a população. Está todo mundo sofrendo, não é só o caminhoneiro”, afirmou ele, referindo-se aos impactos da pandemia do coronavírus.
Conversa vazada
Áudios atribuídos ao ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, serviram para inflamar caminhoneiros. Trata-se de uma suposta conversa do chefe da pasta com representantes da categoria na tentativa de frear o movimento grevista.
Em uma das conversas, o ministro teria dito ao interlocutor: “Eu já dei a pauta do que nós estamos fazendo. É a que nós temos, eu não vou botar em público porque eu não vou dar palanque para quem está querendo fazer greve”, diz a gravação.
A conversa teria ocorrido no sábado (30/1) com um representante que se identifica como vice-presidente da Associação de Caminhoneiros da cidade gaúcha de Capão da Canoa.
(Com Cleomar Almeida)