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Com pandemia, Centro-Oeste tem 59% dos trabalhadores pendurados no Serasa

Levantamento mostra que 51;9% desses funcionários de empresas privadas com alguma pendência são homens

atualizado

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Daniel Ferreira/Metrópoles
Brasília(DF), 06/10/2015 - Notas de dinheiro - Real é a moeda usado no Brasil - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles
1 de 1 Brasília(DF), 06/10/2015 - Notas de dinheiro - Real é a moeda usado no Brasil - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Levantamento feito por uma fintech brasileira especialista em crédito para funcionários de empresas privadas mostrou que 59% dos trabalhadores da região Centro-Oeste possuem alguma pendência com o Serasa, uma das empresas responsáveis por registrar dívidas financeiras de pessoas físicas e jurídicas. Entre os endividados, diz o estudo realizado pelo Grupo H, a maior parte é do sexo masculino, com 51,9% de representatividade.

Na pesquisa, foram entrevistados 1.066 empregados da região. Os dados foram divulgados em um momento de crise financeira e sanitária decorrente da pandemia do novo coronavírus. A calamidade não atingiu somente a saúde pública, mas também os cofres da União e o bolso dos trabalhadores. Apesar das tentativas do governo de amenizar a queda na renda mensal, pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC) mostrou que o endividamento atingiu novo recorde em abril, auge do número de casos da doença.

O patamar de endividados chegou a 66,6%, o maior percentual desde o início da série histórica da pesquisa da CNC, em 2010. Dessa forma, o nome sujo no Serasa e a procura por financiamentos dispararam entre os devedores, como consequência imediata de não conseguir fechar as contas no fim do mês.

É o caso do autônomo Richardson Soares, de 30 anos, que teve nome levado ao Serasa após a chegada da pandemia. Morador do Riacho Fundo, é casado com uma bióloga – que também está desempregada. Com isso, ele tenta usar a criatividade para evitar o agravamento das dívidas.

“Não é a primeira vez que meu nome foi pro Serasa, mas dessa vez vai ser muito mais difícil de sair. Porque, com os problemas atuais, a gente está vivendo praticamente no limite. Já não estava fácil conseguir um emprego formal, aí depois que veio a pandemia as coisa pioraram. É muito mais difícil manter as finanças sendo que a economia está um caos”, desabafou.

Sem renda fixa e com as contas em aberto, ele recebe o auxílio emergencial do governo federal, mas contou que a demora no recebimento das parcelas dificulta a organização dos gastos. “Como não tenho uma renda fixa, não tenho contrato de trabalho, eu dependo do dinheiro que eu faço e do auxilio do governo. Mas já estamos há quase quatro meses de quarentena e até agora só saíram duas parcelas”, relatou.

“Eu considero sim esse um dos piores momentos financeiros que já passei, acho que nunca foi tão difícil ganhar dinheiro”, lamentou.

Segundo o CEO do Grupo H, Fernando Ferraz, “com as pessoas trabalhando em home office e com a família toda em quarentena, percebemos um aumento significativo em seus custos pessoais, e várias empresas afastaram seus funcionários, antecipando suas férias ou reduzindo seus salários em até 50%”.

Para o especialista, o aumento do vermelho ao fim do mês se dá pela precária educação financeira, algo que ele identifica como cultural no Brasil. “A maior parte está endividada pois percebemos o baixo acesso à educação financeira, atrelado ao fácil acesso ao crédito oferecido pelas instituições financeiras. As pessoas acabam pegando empréstimos sem qualquer consultoria financeira e, no fim, acabam se endividando, resolvendo o problema apenas naquele momento, sem pensar no futuro”, afirmou.

O levantamento também mostrou dados sobre os pedidos de empréstimos por quem está endividado. Segundo a análise, os casados são os que solicitam maiores valores, com média de R$ 5.460,01 por pedido, à frente dos divorciados, que negociam cerca de R$ 5.203,11. Logo atrás, os solteiros costumam requerer R$ 4.782 de socorro.

Para evitar o endividamento no momento de crise, o especialista separou dicas para limpar o nome e conseguir fechar as contas ao fim do mês: 

  1. Raio X de gastos pessoais: é preciso fazer o detalhamento dos gastos pessoais atuais para entender o desfalque nas contas e conseguir organizar o pagamento das dívidas;
  2. Organização: deve-se ensinar às pessoas técnicas para baixarem os gastos e a negociarem corretamente suas dívidas;
  3. Planejamento: com o pagamento das dívidas, não se pode cometer o erro de voltar à antiga rotina financeira. É preciso fazer um passo a passo de como se planejar nos meses seguintes para não se endividar novamente. Em muitos casos, as pessoas começam até a conseguir economizar.

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