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Com Lula na Presidência, PT completa 43 anos e tem desafio de renovação

Criado em 1980, o PT se tornou o mais vitorioso em eleições presidenciais, mas ainda tem que lidar com o antipetismo e a dependência de Lula

atualizado

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Apoiadores de Lula, PT
1 de 1 Apoiadores de Lula, PT - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Em 10 de fevereiro de 1980, cerca de 2 mil sindicalistas, representantes de movimentos sociais, religiosos e ativistas de esquerda se reuniram em um tradicional colégio da elite paulistana para pensar em um projeto que representasse as classes populares na política brasileira. Dali nasceu o Partido dos Trabalhadores (PT), que mais tarde, sob a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se tornaria a sigla mais vitoriosa em eleições presidenciais na história democrática do país.

A legenda completa 43 anos nesta sexta-feira (10/2), ocupando a Presidência da República pela quinta vez — três delas sob comando de Lula. Também foi a que mais se deu bem nas eleições para os governos estaduais em 2022, junto com o União Brasil, vencendo em quatro estados. Além disso, a federação formada por PT, PCdoB e PV conquistou a segunda maior bancada na Câmara dos Deputados, atrás apenas do PL.

O momento é diferente ao observado há poucos anos. Os escândalos do Mensalão e da Lava Jato colocaram grandes quadros do partido sob a mira da Justiça e atiçaram um sentimento antipetista em parte da população e da classe política. Entre os alvos estava o próprio presidente Lula, que chegou a ficar 580 dias preso, mas teve suas condenações anuladas em 2019. Além disso, o impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016, reforçou o declínio da sigla.

O cenário trouxe desafios significativos para o PT. A vitória de Lula nas eleições de 2022, por exemplo, ocorreu por uma margem apertada ante o principal adversário, Jair Bolsonaro (PL). O petista terminou a disputa com 50,90% dos votos contra 49,10% do candidato do PL, uma diferença de pouco mais de 2 milhões de eleitores. O resultado também só foi possível graças a uma frente ampla que se formou em torno do petista para barrar a reeleição de Bolsonaro.

Apesar disso, candidatos apoiados pelo petista perderam a disputa nos maiores colégios eleitorais do país: São Paulo e Minas Gerais. Enquanto isso, o partido manteve a hegemonia entre os estados da região Nordeste. O panorama mostra uma dificuldade da sigla em furar a bolha.

Mesmo com as dificuldades pelo caminho, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse acreditar que o partido saiu das urnas mais fortalecido e amadurecido.

“Nesses 43 anos o PT chega mais forte e mais maduro. Com certeza isso dá condições de cumprir com melhor capacidade o seu papel, que é de mudar a história do Brasil, de ajudar nas conquistas do povo pobre, trabalhador”, disse Gleisi ao Metrópoles.

“Passar por tudo que o PT passou mostra a força, a resiliência e, principalmente, a relação do PT com a sua base social. Foi isso que deu sustentação para o partido enfrentar esses momentos difíceis e se reposicionar no cenário nacional”, acrescentou a petista.

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Partido comemora 43 anos em 2023
Nos últimos anos, enfrentou o antipetismo
Desafio agora é pensar na renovação nas lideranças
Militantes do PT tremulam bandeiras
Gleisi Hoffmann e Lula em coletiva de imprensa
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Apoiadores do presidente Lula

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Partido comemora 43 anos em 2023

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Nos últimos anos, enfrentou o antipetismo

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Desafio agora é pensar na renovação nas lideranças

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Militantes do PT tremulam bandeiras

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Gleisi Hoffmann e Lula em coletiva de imprensa

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Lula e Dilma

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Renovação

Para especialistas, o desafio mais latente, no entanto, é superar a dependência de Lula e engatar um líder capaz de manter o eleitorado engajado. “[Lula] É a figura importante, é o rosto do partido, e gente não vê a renovação. É um problema que o PSDB passou, com o Fernando Henrique [Cardoso], e a gente viu o que o partido virou. Então, o PT tem que criar alternativas. Eu não vejo, por exemplo, o [Fernando] Haddad ou o [Alexandre] Padilha ocupando esse espaço. São excelentes quadros, mas falta algo neles”, avalia o cientista político André César.

“O PT limita a ascensão de espaço para os aliados. Na distribuição partidária para os ministérios, por exemplo, o PT teve muita participação. E isso gerou uma ‘chiadeira’. Mas é da natureza da legenda. O PT é um partido hegemônico”, continua o especialista.

O sociólogo e autor do livro PT, uma História, Celso Rocha de Barros, concorda que atualmente a sigla é mais dependente de Lula do que foi nos primeiros mandatos. Ele também destaca que o perfil dos caciques mudou ao longo dos anos.

“O PT em 2002 tinha muito menos experiência de articulação política, uma imagem de combate à corrupção construída nas duas décadas anteriores, e muito mais quadros dirigentes que construíram sua trajetória fora do governo: nos movimentos sociais, em organizações de esquerda durante o combate à ditadura, etc”, explica o sociólogo.

“Em 2023, o PT sofreu fortes abalos em sua imagem após denúncias de corrupção, mas tem um patrimônio de bons programas sociais executados que lhe garantem um eleitorado grande, embora menos politizado do que o de 2002. Os quadros dirigentes do partido agora têm mais experiência de governo do que havia em 2003, mas trajetórias menos importantes em movimentos sociais.”

A própria presidente do PT, Gleisi Hoffmann, reconhece a dificuldade de se pensar a sucessão do atual presidente, mas garante que o “ciclo” dele ainda não terminou.

“O Lula é um líder singular na história política brasileira. É difícil se formar um líder assim. Qual outro partido político tem uma liderança como o Lula? Então, não é fácil pensar essa sucessão”, pontua. “Obviamente, o partido tem que se preparar, mas acho que Lula ainda tem muito a contribuir com a política brasileira.”

Futuro

No horizonte, o partido ainda deve lidar com o sentimento antipetista, que ainda é forte em algumas regiões do país — a exemplo do sul e centro-oeste. Uma amostra sobre o futuro do partido poderá ser visto nas próximas eleições municipais, em 2024. “Basicamente, depende da economia. Se a economia tiver melhorado, se a reforma tributária passar, se a nova âncora fiscal for consistente, o partido pode capitalizar”, pontua André César.

Para Rocha de Barros, as vitórias recentes do PT apontam para um saldo positivo: “[O PT] Conseguiu manter a liderança da esquerda brasileira em um país desigual e pobre, onde a defesa de programas de redistribuição de renda são bandeiras muito fortes. E preservou parte de sua base social fora do Estado, o que lhe permitiu sobreviver na oposição melhor que outros partidos”, analisa.

“De agora em diante, terá novos desafios, desde fazer um bom governo até 2026 até se adequar ao novo quadro partidário, que, depois da reforma de 2017, deve se tornar mais concentrado. É provável que o PT se torne o líder de uma federação de partidos de esquerda, o que exigirá negociações importantes.”

Comemorações

O PT preparou uma série de ações, entre os dias 12 e 14 de fevereiro, para comemorar o aniversário da sigla. Entre as atividades, serão feitas conferências, rodas de conversa, saraus e shows.

Na segunda-feira (13/2) ocorrerá um ato político com a presença do presidente Lula, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. O evento vai ser transmitido nas redes sociais.

Em nota divulgada em seu site sobre a data, o partido destacou a superação dos episódios do impeachment de Dilma e da prisão de Lula. Ressaltou também a vitória nas urnas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. “Iniciamos 2023 derrotando um golpe contra a democracia brasileira e nos consolidando como o principal instrumento para uma tão sonhada unidade nacional.”

“10 de fevereiro de 2023 não será uma data qualquer, assim queremos realizar uma comemoração especial. Vamos celebrar a vitória do povo brasileiro que hoje ocupa, mais uma vez, o Palácio do Planalto com Lula Presidente.”

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