Com incertezas sobre Guedes, Bolsa cai abaixo dos 100 mil pontos
Dúvidas sobre o campo fiscal pesaram no resultado da Bolsa de Valores de São Paulo, que operou em baixa ao longo da segunda-feira
atualizado
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O principal índice de medição de negócios na Bolsa de Valores de São Paulo fechou nesta segunda-feira em baixa de 1,73% em meio a um cenário de incerteza fiscal em Brasília. O índice fechou abaixo dos 100 mil pontos ( aos 99.595), uma régua simbólica para o mercado financeiro. O patamar acima dos 100 mil vinha sendo mantido desde 14 de julho.
Os negócios na bolsa começaram 2020 em alto e passar dos 100 mil pontos se tornou a regra no índice. Os mais otimistas apontavam que se poderia chegar este ano aos 200 mil pontos, até que veio a crise do coronavírus em março e levou o índice para menos dos 100 mil por meses, até uma recuperação do fôlego em junho.
Não foi uma segunda-feira de notícias especialmente negativas no mercado financeiro. O Boletim Focus do Banco Central, por exemplo, revisou para cima a previsão de queda no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para 2020 pela sétima vez seguida, mostrando que o pessimismo dos analistas sobre os efeitos da crise tem caído.
A previsão foi revisada de uma queda de 5,62% para uma de 5,52%.
O mercado também segue prevendo a manutenção da taxa básica de juros da economia, a Selic, estável na mínima história, a 2% ao ano.
A balança comercial registrou superávit de US$ 3,388 bilhões no acumulado de agosto até este domingo (16/8), informou o Ministério da Economia.
O que inquieta os investidores são os sinais do setor público. Segundo a Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado Federal, o governo já perdeu quase R$ 100 bilhões de receitas no primeiro semestre de 2020.
Em relatório divulgado nesta segunda (17/8), o IFI aponta ainda que as despesas cresceram 40,2% no ano, com a aprovação de R$ 511,3 bilhões em créditos extraordinários do orçamento de guerra contra o coronavírus.
Nesse cenário, já não há segurança sobre o compromisso do governo com medidas de ajuste fiscal, apesar das promessas do ministro da Economia, Paulo Guedes. A percepção no mercado é de que Guedes está isolado e terá de lutar muito para fazer valer seu ponto de vista.